Projeto Pedagógico do Curso

Chamamos a atenção para a necessidade de se definir um perfil do graduando que possa ser trabalhado desde o primeiro semestre e em cada etapa de sua formação. Contra complexos de inferioridade ou complexos científicos, nossos graduandos devem tomar consciência de uma linguagem artística que não precisa perder suas características ontológicas que a diferenciam, nem muito menos o rigor acadêmico – entendido aqui como fuga do lugar e senso comuns, refutação de verdades absolutas e curiosidade investigativa sobre a vida. Nossos graduandos deveriam iniciar sua formação com a atenção voltada para uma linguagem contundente e efetiva, que atua na subjetividade. Uma linguagem com interferências claras no corpo e sistemas psicofísicos do ser humano, (voz, respiração, memória, musculaturas, articulações, emoção, fluidos, hábitos posturais, eixo, expressão, mente, cérebro, criatividade, etc.). É fundamental a consciência que a mesma linguagem simultaneamente investiga relações humanas, relê leituras históricas e revisa processos sociais, em diferentes culturas e épocas. O nosso perfil pretendido é de diplomados com capacidade para inserção digna, eficiente e preparada nos setores profissionais. Artistas conscientes e pesquisadores de sua linguagem artística, seus diferentes aspectos técnico-criativos, seu alcance e potencial e sua fundamental importância para a criação, discussão e divulgação que possam contribuir para a transformação de nossa contemporaneidade e desenvolvimento da sociedade. Atores conscientes de tal alcance da linguagem que se inicia na investigação do nosso próprio corpo e propaga-se no espaço, tempo, luz, som, imagem, movimento e corpo coletivo. Intérpretes conscientes do enorme potencial interdisciplinar que a linguagem performática, teatral e cênica oferece para a promoção do debate, reflexão e solução de problemas individuais, coletivos e sociais. E que deve 15 ser manifesto com maestria ética e estética no local coletivo da sala de aula ou no contato com o público no espaço da performance testemunhada ou peça assistida. Pretendemos formar bacharéis que possam compreender sua prática artística como um desenvolvimento contínuo, composto, tanto por suas descobertas profissionais quanto pessoais, e buscar aprimoramento constante. Nesse sentido faz-se necessário a educação continuada pela questão do saber e pelo diálogo estabelecido entre profissionais com interesse em comum.Visamos formar atores que possam refletir sistematicamente sobre seu cotidiano a partir da experiência em cena, convertendo-o em objeto de estudo e pesquisa para fundamentar seu processo de redirecionamento da práxis artística. A reflexão contínua faz parte do universo do artista para que ele possa se inserir criticamente e criativamente na realidade dinâmica que propõe desafios permanentes. Partimos de um princípio de um perfil desejado para os bacharéiscomo reiterado pelo ex-professor João Antônio, do Departamento de Artes, ao dizer que: atores também compromissados com a sociedade que garantiu sua formação, com uma visão ampla da atividade cênica e sabedores que têm a obrigação de multiplicar os conhecimentos aqui gerados, além de serem todos Artistas, fazendo da Arte seu meio de vida (2004, 149). 2 Busca-se em nosso curso a ênfase à integração entre prática e teoria, permitindo que nossos alunos tenham, ao final, desenvolvido uma maior criticidade relativa aos seus fazeres. Lembrando que a produção artística pode ocupar um lugar de síntese, representação e reformulação de conteúdos socioculturais em nível social e individual, permitindo assim, a emancipação dos sujeitos envolvidos nos fenômenos artísticos, introduzimos na formação de nossos alunos o conceito de sujeito histórico capaz de se perceber como produtor de conhecimento e de mudanças estético-sociais e, consequentemente, de ter uma postura ética tanto em sua trajetória acadêmica como em sua vida profissional. Atores e atrizes que utilizem o ferramental artístico do seu ofício e profissão bem como o potencial interdisciplinar e contundente da linguagem teatral para investigar a própria linguagem, sua própria vida e a do espectador, da plateia, da 2 João Antônio de Lima Esteves, “Formação de atores em Brasília”. InFernando Pinheiro Villar e Eliezer Faleiros de Carvalho, Histórias do teatro brasiliense (Brasília: Artes Cênicas, IdA/UnB, 2004), pp. 147-9. 16 sociedade e do seu tempo; para interferir nesse mesmo contexto e lançar outras propostas que destoem do lugar comum, propostas artísticas que indiquem outros caminhos mais condizentes com uma civilização que preze os direitos e potenciais humanos de refletir e criar sobre sua existência e a do próximo ou distante outro, a possibilidade da mudança individual e a batalha pelo bem estar coletivo.

O graduando almejado também deve partir do entendimento inicial do processo de aprendizagem como um todo vivo, assim como a linguagem teatral. As relações artístico-pedagógicas que estruturam tanto o processo de aprendizado quanto a linguagem devem nortear os nossos alunos do bacharelando. Desse modo, que possam experimentá-las, refletir sobre as mesmas relações e aprimorar suas habilidades com a linguagem e a prática artística de forma cumulativa e contínua, fazendo com que estéticas e linguagens teatrais embasem a inserção dos fundamentos interpretativos.

Orientados em uma perspectiva crítica em que ação-reflexão-ação sejam atitudes que possibilitem ultrapassar o conhecimento de senso comum, três conceitos são escolhidos para servir não só de elo entre as diferentes áreas e os diferentes núcleos de conhecimento, mas também de fio condutor para a base metodológica do curso, a saber: Historicidade é vista como característica das ciências. Em relação a este conceito, espera-se do aluno perceber o desenvolvimento e a construção do conhecimento num determinado contexto histórico/social/cultural e, por isso mesmo, sujeito as suas determinações. Construção é outro conceito que perpassa todas as áreas e núcleos, para que o aluno reforce sua compreensão de que, se os conhecimentos são históricos e determinados, eles são resultado de um processo de construção que se estabelece no e do conjunto de relações homem/homem, homem/natureza e homem/cultura. Essas relações, por serem construídas em um contexto histórico e culturalmente determinado, jamais serão lineares e homogêneas ou estáticas, passando por reformulações dentro dos mesmos contextos mencionados. Diversidade é importante que o aluno compreenda como as diferentes abordagens determinam posicionamentos sociopolíticos na sua ação profissional. Nesta perspectiva, o currículo do curso de Bacharelado em Interpretação Teatral propõe temáticas comuns e amplas, que buscam promover uma maior conexão entre os eixos do curso e reforçar o entendimento da totalidade interdependente da linguagem cênica. Assim sendo, a cada período letivo todas as disciplinas referentes a um mesmo semestre do fluxo abordariam em seus conteúdos específicos, os seguintes temas comuns: 1º semestre – Linguagem e Técnica; 2º semestre – Técnica e Estética; 3º semestre - Estética e Diversidade; 4º semestre - Diversidade e Discurso; 5º semestre – Diversidade e Discurso; 20 6º semestre – Diversidade e Pesquisa; 7º semestre - Pesquisa e Performance Artística; 8º semestre - Performance Artística e Avaliação No currículo vigente optamos por realizá-lo em turmas fechadas que se iniciam no primeiro semestre e deseja-se que siga até o processo final, corroborando para uma formação adequada e uníssona ao grupo de discentes. Busca-se desde o primeiro semestre conduzir os alunos a constituírem um grupo solidário que possa ao final do curso realizar um trabalho coletivo que reflita a convivência e as experiências trocadas ao longo de toda a duração do curso. Ainda, essa proposta vem responder a uma questão bastante importante sobre a formação de nossos alunos. Nos últimos anos, percebemos a necessidade de canalizar uma avaliação que pudesse ser percebido a capacidade do aluno relacionar os conteúdos das diferentes disciplinas ao longo do curso. Assim, o currículo sofreu pequenas alterações para suprir esses objetivos, envolvendo a práxis aos conceitos discutidos durante a formação. Deseja-se que o discente possa trabalhar com conteúdos cada vez mais complexos de forma gradativa e a construção de uma visão ampla sobre o fazer teatral, construindo conexões entre o ato interpretativo os diversos elementos que envolvem o fazer teatral. Por fim, essa estrutura leva o corpo docente desse Departamento a refletir novas formas de avaliação para agregar aos fazeres metodológicos. Além da avaliação fazer parte do processo de ensino-aprendizagem nas diversas etapas da construção do conhecimento de forma contínua e integrada realizada nas disciplinas pelos professores responsáveis de acordo com sua especificidade, empenhamos também para que o corpo docente possa, semestralmente, desenvolver avaliações conjuntas em disciplinas do fluxograma vigentes naquele semestre letivo. A avaliação favorecerá uma visão integrada do desempenho do estudante nas diversas etapas e áreas do curso, facilitando a identificação de suas potencialidades e/ou necessidades específicas e lançando parâmetros para o redimensionamento de objetivos e metodologias, quando necessário

A avaliação da aprendizagem, bem como os critérios de aprovação de disciplinas e os requisitos para diplomação terá por objetivo verificar o desenvolvimento, pelo aluno, das competências previstas em cada disciplina e a capacidade de mobilizar conhecimentos e aplicá-los. Este curso utilizará o sistema regimental da UnB e Decreto Nº 5.622, de 19 de Dezembro de 2005. De acordo com as diretrizes circulares do MEC, o aluno será considerado aprovado nas disciplinas se, além de ter menção final para aprovação, tiver pelo menos 75% de freqüência. 3 Não será considerada como atividade complementar a participação em PEAC - Projetos de Extensão de Ação Contínua que possuem regulamentação específica para concessão de créditos. 4 Aqueles não previstos na matriz curricular dos cursos. 36 Para avaliação de desempenho e aprendizagem dos alunos e alunas do Departamento de Artes Cênicas os professores adotam um sistema flexível de apreciação abordando tanto a experiência reflexiva quanto a experiência vivencial da linguagem cênica, de forma a oferecer adequação necessária às características das disciplinas curriculares de caráter teórico-prático. De forma geral se aplica como exigência de aprovação a freqüência mínima igual à 75% de presença nas aulas e menção final mínima equivalente a MM. Segundo os parâmetros adotados pelo sistema acadêmico da Universidade de Brasília, as menções correspondem às seguintes pontuações finais obtidas por média das notas: SR ( Sem Rendimento) = 0 ou (reprovação por faltas), II (Insuficiente) = 0.1 a 2.9 pts, MI (Média Inferior) = 3 a 4.9 pts, MM (Média Mínima) = 5 a 6.9 pts, MS (Média Superior) = 7 a 8.9 pts, SS (Superior Superior) = 9 a 10 pts. A ponderação aplicada para o cálculo da menção final poderá variar conforme a natureza da disciplina, assim como poderão ser levadas em conta as auto avaliações de cada aluna(o); as avaliações das(dos) suas(seus) colegas; do monitor quando houver e do professor. Esse sistema de apreciação compreende a adoção total ou parcial das seguintes estratégias e critérios de avaliação: 1) Organização pessoal: a) pontualidade e assiduidade às aulas b) compromisso com a realização de estudos e exercícios dentro dos prazos estipulados 2) Participação : a) contribuição ao grupo e às aulas; b) engajamento nas discussões; c) agilidade e cooperação no processo de criação e montagens; 3) Desenvolvimento e Aprendizado : a) assimilação contínua e cumulativa dos conteúdo das aulas; b) aprimoramento de habilidades e melhoria do desempenho. 4), Estudos dirigidos, resenhas, ensaios, fichamentos e provas escritas: a) clareza, objetividade, capacidade de citar/ confrontar a bibliografia indicada relacionando conceitos estudados às experiências em sala de aula e/ou aos processos criativos observados e analisados. 5) Seminários: a) Conteúdos pesquisados e apresentação. 7) Monografias de conclusão de curso (TCC) e projetos de montagem: a) relevância do estudo/ projeto de concepção artística b) consistência dos conteúdos abordados e fundamentos conceituais c) clareza da proposta metodológica de pesquisa /criação a) coerência na reflexão crítica sobre os resultados 8) Encenações (TCC), trabalhos de montagem cênica e leituras dramáticas: a) Apresentação: Desempenho e atuação b) Performance e concepção: Dramaturgia, cenário, trilha sonora, figurino, iluminação. C) Processo criativo: Estratégias Metodológicas encontradas para converter a pesquisa intelectual, a experimentação e o treinamento em criação cênica.

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