Projeto Pedagógico do Curso

Encontramos, nas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Letras que o graduado em Letras, tanto em língua materna quanto em língua estrangeira clássica ou moderna, nas modalidades de bacharelado e licenciatura, deverá ser identificado por múltiplas competências e habilidades durante sua formação acadêmica convencional, teórica e prática, ou fora dela. Nesse sentido, visando à formação de profissionais que demandem o domínio da língua estudada e de suas culturas para atuar como professores, pesquisadores, críticos literários, tradutores, intérpretes, revisores de textos, roteiristas, secretários, assessores culturais, entre outras atividades, o curso de Letras deve contribuir para o desenvolvimento das seguintes habilidades: • domínio do uso da língua portuguesa ou de uma língua estrangeira, nas suas manifestações oral ou escrita, em termos de recepção e produção de textos; • reflexão analítica e crítica sobre a linguagem como fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico; • visão crítica das perspectivas teóricas adotadas nas investigações linguísticas e literárias, que fundamentam sua formação profissional; • exercício profissional atualizado, de acordo com a dinâmica do mercado de trabalho; • percepção de diferentes contextos interculturais. 

Para melhor compreendermos as possibilidades de atuação da instituição educacional de acordo com essas competências, recorremos a P. Perrenoud, para que a noção de competência designa “uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. Essa definição insiste em quatro aspectos: I. As competências não são, elas mesmas, saberes, savoir-faire ou atitudes, mas mobilizam, integram e orquestram tais recursos. II. Essa mobilização só é pertinente em situação, sendo cada situação singular, mesmo que se possa tratá-la em analogia a outras, já encontradas. III. O exercício da competência passa por operações mentais complexas, subentendidas por esquemas de pensamento […], que permitem determinar (mais ou menos consciente e rapidamente) e realizar (de modo mais ou menos eficaz) uma ação relativamente adaptada à situação. IV. As competências profissionais constroem-se em formação, mas também ao sabor da navegação diária de um professor, de uma situação de trabalho à outra. Descrever uma competência equivale, assim, na maioria das vezes, a evocar três elementos complementares: I. Os tipos de situações das quais dá um certo domínio; II. Os recursos que mobiliza, os conhecimentos teóricos ou metodológicos, as atitudes, o savoir-faire e as competências mais específicas, os esquemas motores, os esquemas de percepção, de avaliação, de antecipação e de decisão; III. A natureza dos esquemas de pensamento que permitem a solicitação, a mobilização e a orquestração dos recursos pertinentes em situação complexa e em tempo real. Assim entendidas, como formas de saber-saber, as competências não têm seus limites construídos rigidamente, ou a priori: admitem ser desmembradas em competências mais específicas e se operacionalizam como habilidades, formas de saber-fazer. É por meio de ações ligadas ao saber-fazer que se aperfeiçoam e organizam as competências, que se relacionam diferentes conjuntos de recursos cognitivos. A mobilidade das competências tem contraparte na mobilidade das habilidades: habilidades numa esfera do saber podem constituir competências em outra e vice-versa. Por isso, diz Perrenoud que “entre os recursos mobilizados por uma competência maior encontram-se, em geral, outras competências de alcance mais limitado”. Por sua vez, como o trabalho pedagógico centrado em competências e habilidades implica organizar as formas de saber em torno de situações concretas – mesmo que generalizantes –, as habilidades exigidas, ou desejáveis, estarão sempre condicionadas às práticas específicas. Podemos, em resumo, dizer, com Perrenoud, que “as competências representam mais um horizonte do que um conhecimento consolidado”. Enquanto os conhecimentos consolidados, os saberes, na visão tradicional, se organizam em campos disciplinares ligados a recortes teóricos, como desenvolvimento de competências, o referencial de competências se organiza segundo um recorte mais pragmático e remete a teorias e ações situadas; rompe a fronteira entre teoria e prática, mas de nenhuma delas prescinde; considera tanto a forma como conteúdo, mas lhes dilui os limites. Construindo-se nessas integrações, competências e habilidades não ocupam polos opostos: esquemas de pensamento, base das competências, não são diretamente acessíveis, é por meio do desenvolvimento de habilidades que a eles se chega; e é por meio do desenvolvimento de habilidades que as competências se organizam, significam e ressignificam.

Tendo presente que o currículo do curso deve incorporar a compreensão de que o currículo e o conhecimento devem ser vistos como construções e produtos de relações sociais particulares e históricas e, ainda, que deve ser orientado numa perspectiva crítica em que as atitudes de ação- reflexão-ação possibilitem ultrapassar o conhecimento de senso comum, três conceitos são escolhidos para servir não só de elo entre as diferentes áreas e os diferentes núcleos de conhecimento, mas também de fio condutor para a base metodológica do curso, conforme descritos a seguir. • HISTORICIDADE é vista como característica das ciências. Por esse conceito espera-se do licenciando perceba o desenvolvimento e a construção do conhecimento em um determinado contexto histórico/social/cultural e, por isso mesmo, sujeito às suas determinações. O desenvolvimento do conhecimento, por ser processual, não possui a limitação de início e fim, consubstanciando-se num continuum em que avanços e retrocessos se determinam e são determinados pelas condições históricoculturais em que as ciências são construídas. • CONSTRUÇÃO é outro conceito que perpassa todas as áreas e núcleos de conhecimento do curso, para que o licenciando reforce sua compreensão de que, se os conhecimentos são históricos e determinados, eles são resultados de um processo de construção que se estabelece no e do conjunto de relações homem/homem, homem/natureza e homem/cultura. Essas relações, por serem construídas em um contexto histórico e culturalmente determinado, jamais serão lineares e homogêneas. Com isso, o licenciando deve imbuir-se do firme propósito de transformar-se em um profissional que não só aplica conhecimentos, mas também que produz conhecimentos. • DIVERSIDADE é importante para que o licenciando compreenda como as diferentes abordagens determinam posicionamentos políticos em sua ação profissional. Considerada a natureza da educação a distância, tais objetivos são alcançados pelo oferecimento de disciplinas pela Plataforma Moodle, acompanhadas pelo professor, pelo tutor e pelo monitor. As disciplinas são divididas em tópicos por conteúdo, com duração semanal ou semestral. Além disso, são compostas por material multimídia, textos de referência, questionários, fórum de discussão, avaliações parciais e presenciais, sobretudo nos momentos de apresentação e encerramento dos cursos.

A avaliação do curso se dá, internamente, pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE), nomeado pela Direção do Instituto de Letras, cujo regulamento encontra-se anexado a este Projeto Político-Pedagógico. Externamente, dá-se nos termos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). A metodologia adotada nos módulos deverá acontecer no início do segundo mês e ao término do curso. Os resultados da avaliação externa são apreciados pelo NDE e constituem, também, objeto de apreciação pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) da UnB, para fins de avaliação institucional.

Baixar Arquivo
SIGAA | Secretaria de Tecnologia da Informação - STI - (61) 3107-0102 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - app39_Prod.sigaa33