O Brasil desempenha um papel significativo na produção global de citros, com a laranja ocupando a maior área de plantio, seguida pela tangerina. A tangerina é uma fruta muito apreciada tanto para consumo in natura quanto na produção de sucos, devido ao seu sabor intenso e aroma atraente. Notavelmente, a maior parte da produção de tangerina concentra-se em duas variedades, 'Ponkan' e 'Murcott'. Além disso, é importante destacar que a maioria das mudas é enxertada na cultivar de limão cravo (Citrus limonia (L.) Osb). Conscientes das vulnerabilidades inerentes à cultura da tangerina, este estudo teve como objetivo identificar combinações de alta compatibilidade entre diferentes variedades de copa (Dekopon, Imazu Ponkan, Murcott, Ponkan) e porta-enxertos (Flying Dragon, Citrumelo Swingle, Cravo, Cleópatra, Sunki e Gou Tou), visando uma produção mais sustentável. Para uma análise abrangente da morfologia das plantas, procedemos com a medição do diâmetro da copa, altura das plantas e produtividade. Além disso, para estimar o volume da copa, foi utilizado um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) e, empregado a técnica de fotogrametria, foi calculado o volume aproximado das plantas. Esses resultados nos fornecem informações sobre o comportamento do crescimento vegetativo de diferentes variedades de tangerina enxertadas sobre diferentes porta-enxertos. Esta abordagem visa otimizar a seleção de combinações que favoreçam um desenvolvimento saudável e produtivo das plantas, contribuindo assim para uma produção sustentável e redução dos impactos econômicos e ambientais. 

Os Sistemas Agroflorestais são uma alternativa sustentável para a produção de alimentos, bem como para a otimização da propriedade rural. Com a ideia de imitar o que a natureza faz, o arranjo espacial de um SAF deve ser feito de acordo com a necessidade do agricultor, mas sempre buscando a sucessão ecológica dentro do sistema. Garantir o equilíbrio por meio de práticas agrícolas sustentáveis, que busquem mimetizar os ciclos da natureza, é fundamental para o desenvolvimento da agricultura sintrópica. O objetivo deste trabalho é avaliar o sistema produtivo de milho (Zea mays) consorciado com capim e em monocultura, com foco no desempenho agronômico da cultura do milho e na entomofauna associada. O delineamento experimental foi constituído de blocos casualizados com três tratamentos, em sete repetições, sendo estes: Tratamento Milho +  Capim Mombaça, Tratamento Milho + Capim Brizantha, Tratamento Testemunha, milho solteiro. Os parâmetros avaliados foram biomassa dos capins, produção do milho entomofauna associada. Foram observadas a produtividade de 13,92 e 11,35 toneladas por hectare de capim Brizantha e Mombaça, respectivamente. Com relação aos parâmetros agronômicos, verificou-se efeito negativo dos capins na produção do milho em grão. Verificou-se que o milho consorciado com capins favoreceu a presença e abundância de inimigos naturais dentro do Agroecossistema, o que contribuiu para o equilíbrio ecológico das populações de insetos fitófagos.

O gênero Urochloa (capins braquiária) ocupa a maior porcentagem de áreas cultivadas destinadas à pastagem no Brasil. Urochloa ruziziensis é uma espécie diplóide e alógama, com ampla utilização em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. A Embrapa conduz um programa de melhoramento de braquiária ruziziensis, com foco no desenvolvimento de cultivares adaptadas aos sistemas de produção do país. Este trabalho tem por objetivo analisar a diversidade e estrutura genética de acessos do banco de germoplasma de U. ruziziensis, utilizando marcadores SNP incluídos em um arranjo Illumina Infinium. Aproximadamente 1.200 marcadores SNPs distribuídos nos 9 cromossomos de U. ruziziensis foram utilizados para genotipar 96 indivíduos de 11 acessos do banco de germoplasma da Embrapa e da cultivar Kennedy. A extração de DNA foi realizada a partir de tecido foliar jovem, seguindo protocolo CTAB com lavagem com sorbitol. Análises de diversidade nucleotídica, similaridade genética, extensão do desequilíbrio de ligação e agrupamento foram realizadas com os programas TASSEL 5, PLINK 1.9 e com os pacotes R ade4 e adegenet. Três marcadores não apresentaram nenhum resultado, o que representa um call rate de 99,7% para o total de 1.252 marcadores selecionados no arranjo. Após filtragem para um call rate de 95% (máximo de 5% de dados faltantes), 1.081 SNPs foram mantidos. O coeficiente de diversidade nucleotídica (𝜋) apresentou um valor de 0,40. A estimativa de diversidade genética de Watterson (𝜃𝑤) apresentou um valor de 0,20. O teste D de Tajima apresentou um valor de 3,69. A análise discriminante de componentes principais (DAPC) indicou uma estruturação dos acessos em 3 grupos. A estimativa média de desequilíbrio de ligação r2 foi de 0,02, com declínio para valores menores que 0,2 em cerca de 35 kpb. Este é o primeiro relato de estimativas de diversidade genética em escala genômica e extensão do desequilíbrio de ligação com bases em variantes simples em U. ruziziensis. Os marcadores selecionados podem ser utilizados para estudos genéticos futuros como mapeamento de QTLs, mapeamento de associação, e testes iniciais de calibração de modelos de seleção genômica.

O grão-de-bico é a segunda leguminosa mais consumida mundialmente – fato que demanda por sementes de alta qualidade. Nesse viés, a qualidade de uma semente pode ser comprometida por danos mecânicos que venham ocorrer no decorrer do processo produtivo, tendo em vista que podem prejudicar a qualidade física, fisiológica e sanitária das sementes, ao passo que o uso de cultivares com sementes menos sensíveis a danos mecânicos podem atenuar os efeitos desses danos. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivos: determinar a metodologia do teste rápido de tintura de iodo em sementes de grão-de-bico; avaliar a qualidade de sementes e as perdas em campo de sementes de grão-de-bico do tipo desi na colheita mecânica, etapa crítica do processo de produção de sementes; avaliar os efeitos do beneficiamento na qualidade física e fisiológica de sementes de grão-de-bico variedade Jamu 96; avaliar o efeito dos danos mecânicos causados através do teste do pêndulo na qualidade física e fisiológica de sementes de grão-de-bico, bem como identificar a resistência das sementes de cultivares aos danos mecânicos em distintos teores de água. A obtenção das sementes se deu nas Fazendas: AgroGarbanzo, Água Limpa (da Universidade de Brasília – UnB) e Sucupira (da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA). As análises se deram: no Laboratório de Tecnologia de Sementes da UnB. Para tanto, inicialmente foram testadas as concentrações 5, 10 e 15% nos tempos 2,5, 5, 10, 15 e 20 minutos de imersão das sementes na solução de tintura de iodo fraco. Em seguida foram avaliadas as qualidades físicas e fisiológicas de 10 lotes de sementes, além da aplicação do teste rápido de tintura de iodo na concentração de 10% nos tempos de 10 e 15 minutos. Em campos de produção de sementes de grão-de-bico do tipo Desi realizou-se sua colheita em dois anos com uma colhedora do tipo John Deere 9770 STS. Foram avaliadas as rotações 200, 300 e 400 rpm e as aberturas entre cilindro e côncavo 1, 2 e 3. Em seguida foram avaliadas as perdas em campo e qualidades física e fisiológica das sementes. Quanto a fragilidade das sementes aos danos mecânicos, foram avaliadas as qualidades físicas e fisiológicas das sementes das cultivares BRS Aleppo, BRS Cristalino e BRS Kalifa, com distintos teores de água (9, 11, 13 e 15%), nas regiões de impacto do pêndulo nas sementes (ponta, cotilédone e dorso). Diante do exposto, pode-se concluir que: a recomendação da realização do teste de iodo, na concentração de 10% (do produto comercial com concentração de iodo igual a 2%), durante 15 minutos, para a aferição do nível de danos em sementes de grão-de-bico. De fato, tem-se correlação entre a coloração das sementes mediante solução de tintura de iodo e a qualidade física e fisiológica das sementes de grão-de-bico. A rotação do cilindro rotor afeta significativamente a qualidade das sementes de grão-de-bico do tipo Desi, com rotações mais altas (400 RPM) resultando em danos mecânicos mais severos. A abertura entre o cilindro e côncavo desempenha um papel crítico na perda de sementes durante a colheita, com aberturas maiores levando a perdas mais substanciais. Sementes colhidas em 2021 demonstraram ser mais suscetíveis a danos mecânicos em comparação com as de 2020, destacando a importância do controle de danos durante a colheita. A análise de clorofila e carotenoides não revelou influência significativa da rotação do cilindro rotor, assim, essas variáveis não são afetadas por esse ajuste. A rotação de 300 RPM foi a que trouxe menos impactos na qualidade final das sementes de grão de bico tipo desi. A qualidade fisiológica do lote de sementes de grão-de-bico é melhorada principalmente na mesa densimétrica e máquina classificadora, ao separar as sementes por peso específico e por diâmetro. Há relação direta entre o peso específico e a qualidade fisiológica das sementes de grão-de-bico. Esse modelo de beneficiamento necessita de ajustes devido à alta ocorrência de sementes de outras espécies na máquina classificadora. Os danos mecânicos prejudicam a qualidade fisiológica de sementes de grão-de-bico. As sementes de grão-de-bico da cultivar BRS Kalifa é mais resistente e aquelas da cultivar BRS Aleppo é mais sensível aos danos mecânicos. O método do pêndulo é eficiente para identificar cultivar sensível aos danos mecânicos. Danos mecânicos no eixo embrionário é altamente prejudicial para qualidade das sementes de grão-de-bico. Sementes com menores teores de água (9%) são mais sensíveis a danos mecânicos por impactos. Sementes com teores de água de 13 e 15% são mais resistentes aos danos mecânicos.

No contexto de uma agricultura sustentável, o controle biológico tem ganhado cada vez mais adeptos. As diferentes formas de atuação dos microrganismos os favorece em comparação aos químicos além da segurança em que representam tanto para saúde humana quando para o meio ambiente. Os microrganismos com atividade de promoção de crescimento podem atuar de diversas maneiras, solubilizando nutrientes, controlando patógenos, produzindo hormônios vegetais, amenizando estresses bióticos e abióticos, dentre outras, isso resulta em melhor desenvolvimento da planta ou antecipa a ida de mudas a campo. O objetivo desse trabalho será selecionar, identificar e caracterizar estirpes com atividade de promoção de crescimento, oriundas do Banco de Germoplasma de Bacillus spp. da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia visando obter estirpes que agreguem características relacionadas ao desenvolvimento vegetal e possam ser usadas como inoculante biológico ou controle de fitopatógenos. Para isso, procederam-se ensaios in vitro de pareamento com fungos fitopatogênicos Sclerotinia sclerotiorum e Fusarium oxysporum, ensaios de solubilização de fosfato, produção e quantificação de ácido indolacético (AIA) e de crescimento em condições de estresse. Foram selecionadas 18 estirpes principalmente com base nos resultados de pareamento fúngico. Essas estirpes foram caracterizadas molecularmente por PCR em tempo real para a detecção de genes relacionados a lipopeptídeos (Bacillomycina D, Fengicina sintetase D, Bacilisina e Surfactina sintetase A) com características antifúngicas e 4 estirpes por cromatografia gasosa visando identificar os compostos orgânicos voláteis com potencial para inibir o desenvolvimento fúngico. Em 5 estirpes (50, 2784, 2785, 2788, 2791) foram detectados todos os genes que codificam os 4 lipopeptídeos citados anteriormente. Em 3 estirpes há a ocorrência de 3 lipopeptídeos (49, 206 e 2536). A Bacilomicina foi o composto que apresentou maior ocorrência de detecção durante esse estudo. Em laboratório de Tecnologia de Sementes da Universidade de Brasília, 10 estirpes foram utilizadas para tratar sementes de Soja, Grão-de-bico, Trigo e Algodão, visando avaliar o efeito da inoculação das bactérias na qualidade fisiológica de sementes das culturas citadas. Além disso, 3 estirpes que apresentaram desenvolvimento positivo em condições de estresse em placa, salinidade e temperatura, foram inoculadas em sementes de soja submetidas a diferentes concentrações de NaCl (p/v) e novamente verificado a qualidade fisiológica. Dentre as 3 estirpes testadas em condições de salinidade em sementes de soja, duas promoveram melhor desenvolvimento das plântulas de soja enquanto uma foi inferior ao tratamento controle nas condições testadas.

RESUMO

A utilização de tecnologias sustentáveis na agricultura é um desafio a ser vencido nas próximas décadas, e, mesmo que os avanços nos sistemas de produção agrícola tenham melhorado, por outro lado demandaram mais insumos como de água e fertilizantes. Assim, insumos alternativos como de origem do pó de rocha (PR) (remineralizador) e biochar de lodo de esgoto (BLE) foram pesquisados individualmente em várias regiões e para diversas espécies vegetais, entretanto, não existem estudos que abordem a interação ou sinergia entre os mesmos quanto aos efeitos nas respostas morfológica da cultura de girassol e nas propriedades químicas do solo. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito da combinação de diferentes doses de PR de origem micaxisto e BLE sobre aspectos morfológicos da cultivar de girassol ornamental sunflower sunbright e na composição química do solo em dois ciclos de cultivo consecutivos, com plantas cultivadas em vasos de plástico contendo 9 kg de Latossolo Vermelho Amarelo, visando analisar o efeito residual dos nutrientes. O cultivo foi conduzido na Fazenda da Água Limpa da Universidade de Brasília, sob viveiro coberto com sombrite com retenção de 50% da luminosidade solar, e, sob este, um filme plástico de 100 micros, no período 29 de junho a 10 de setembro, primeiro ciclo (C1) e de 13 de outubro a 16 de dezembro, segundo ciclo (C2) de 2022. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 5, com seis repetições, com semeadura direto no solo. No início do C1 aplicaram-se as doses de BLE de 0% (0,0 t ha^-1), 2% (32,30 t ha^-1),4% (64,60 t ha^-1), 6% (96,90 t ha^-1) e 8% (129,20 t ha^-1), v/v e doses de PR de 0, 1, 3, 5 e 7 t ha^-1. No C2 não foram repostos BLE e PR para permitir avaliar o efeito residual nas propriedades químicas do solo e respostas nos atributos morfológicos e de qualidade das flores de girassol. Foram avaliadas variáveis morfológicas do girassol: AP, NF, DC, LF, CF, DIC, DEC, NP,  FFC, FSC, FFPA) e seca da parte aérea (FSPA, MFR e MSR, AF, TCA e TCR e Qualidade das flores. No solo foram avaliados as seguintes propriedades químicas: pH, MO, V, P Mehlich, H+Al, CTC, Ca, Mg, K; e estimadas as razões (H+Al)/CTC, Ca/Mg, Mg/CTC, Ca/CTC e K/CTC, no início e final dos ciclos de cultivos C1 e C2. Conclui-se que: As doses 6 e 8% de BLE apresentaram os maiores valores dos dados morfológicos do girassol ornamental cultivar Sunflower Sunbright. As variações entre 0 e 8% de BLE, no C1 foram de 129,21, 587,55, 133,06, 584,64, 510,42, 261,87, 316,00 e 126,09% para as variáveis LF, AF, DIC, FFC, FSC, FFA, MFR e MSR, respetivamente e no C2 de 120,35, 259,41, 1198,70, 620,00, 187,50,280,00 333,33 e 135,71% para as variáveis AF, DEC, FFC, FSC, FFA, FSA, MFR e MSR, respetivamente. Enquanto, nas doses de PR, as variações mais importantes entre 0 e 7 t ha^-1 foram pelo efeito residual (C2), sendo de 28,28, 22,69, 28,17, 37,68, 50,51, 42,42, 39,85, 27,62, 48,86% para NF, AP, DEC, DIC, FFC, FSC, FFA, FSA e MFR, respetivamente. Os parâmetros que apresentaram interação entre BLE e PR foram na DC, DEC e FFC no C1 e AP, DC, LF, AF, DEC, FFC, FSC, FFA, FSA, MFR e MSR no C2. Considerando a ACP, o atributo mais influenciado pelo uso de BLE foi o NF no C1 e DC e MSR no C2; quando do uso de PR foram para a LF e AP, tanto no C1 e C2. As propriedades químicas do solo estiveram dentro das faixas recomendada pelas literaturas para a cultura do girassol. O uso de BLE elevou o pH, H⁺Al, na razão de (H+Al)/CTC, MO, V, P, Ca⁺/Mg, Ca, K, Mg, Ca/Mg, CTC, K/CTC no solo, e, diminui os teores na razão de Mg/CTC e Ca/CTC. Já para o uso do PR reduziram os valores de pH, H⁺Al, (H⁺Al)/CTC, P, K, enquanto houve aumento de MO, Ca, e nas razões de K/CTC e Ca/CTC. O BLE elevou a CTC do solo, liberou N, K e P para a solução do solo, promovendo maior absorção de nutrientes pela planta; já o PR diminuiu a acidez do solo. Independente das doses de BLE, a aplicação de PR elevou os valores de pH, P, Ca/Mg, H+Al e (H+Al)/CTC. A interação/sinergia entre as doses de BLE e PR favoreceu a dissolução dos minerais presentes no PR, mais notadamente nas doses de 5 e 7 t ha^-1. A ACP da composição química do solo, tanto usando BLE como de PR, no C1, apresentou mais efeito sobre a CTC, K, H⁺Al, nas razões de Ca/Mg, Ca/CTC, K/CTC, Mg e pH, enquanto que no C2 ocorre nas razões de K/CTC, H⁺Al e K. O BLE e PR são acondicionadores de solo, que devem ser avaliados por um período maior de tempo após misturado ao solo para analisar o efeito residual a longo prozo.

Para possibilitar os altos resultados e produtividades agrícolas no Brasil, os produtores rurais se tornaram dependentes de insumos como os defensivos químicos e fertilizantes minerais, para controlar pragas e doenças e para suprir as demandas nutricionais das plantas, respectivamente. No entanto, o atual cenário geopolítico fez com que os custos desses insumos subissem fortemente, a ponto de tornar a produção inviável economicamente. Além disso, a ocorrência de resistência de insetos e patógenos aos princípios ativos dos defensivos químicos causado pelo uso abusivo desses produtos (PARRA, 2014) criou uma demanda por alternativas mais sustentáveis, baratas e eficazes para o controle de pragas e doenças de plantas.

Em resposta a essa demanda, o mercado de defensivos biológicos cresceu e com ele, a necessidade de estudos acadêmicos que abordassem a questão da produção de alto padrão e em larga escala.

Os objetivos gerais dessa dissertação de mestrado é produzir defensivos biológicos de sete espécies de Bacillus para controle biológico de pragas e doenças agrícolas, descrevendo todo processo de produção industrial (larga escala), desde o isolamento de algumas dessas cepas de Bacillus a partir de amostras de solo da propriedade onde os produtos serão utilizados até o processo de controle de qualidade do produto finalizado. Como objetivo específico busco a validação da metodologia de produção industrial de biodefensivos on farm ao comparar os resultados de concentração de esporos obtidos pelas fermentações em reator de 1000 litros com os valores definidos pelas especificações de referência de cada isolado ou espécie de Bacillus.

O desenvolvimento da atividade agrícola sustentável, resulta em lucros para o agricultor, sociedade e o meio ambiente. O café é uma cultura de grande importância no contexto agricola brasileiro, e o Brasil é o maior produtor e exportador dessa commoditie que,além de gerar empregos diretos e indiretos,  contribui significativmanete para o crescimento do PIB nacional. O sistema de cultivo de café consorciado com braquiária no Cerrado tem se expandido pelos benefícios desta forrageira como planta de cobertura, que proporciona maior ciclagem de nutrientes e melhor conservação do solo. O objetivo deste trabalho foi quantificar o estoque de carbono, as frações da matéria orgânica do solo (MOS) enzimas do solo, além de avaliar os teores de macronutrientes e micronutrientes em duas cultivares de café (Coffea arabica L.), em área sob cultivo de café com e sem a presença de braquiária nas entrelinhas. O experimento está localizado no campo experimental da Embrapa Cerrados, sob Latossolo vermelho distrófico, de textura argilosa. A área experimental foi conduzida, inicialmente, com a Urochloa decumbens como planta de cobertura, e em seguida plantados os cafeeiros cvs. IPR-103 e IPR-99. O delineamento experimental utilizado foi de parcelas subdivididas com 3 repetições. As parcelas foram constituídas por 9 plantas, com espaçamento de 3,5m nas entrelinhas e 0,5m entre plantas. O experimento foi manejado com aplicação de estresse hídrico controlado por cerca de 60 dias (estação seca) a fim de induzir uma floração uniforme após retomada da irrigação. O manejo da irrigação foi feito através do monitoramento do conteúdo de água no solo. Os tratamentos consistiram em: PCCB (projeção da copa das plantas de café consorciado com braquiária), ECB (entrelinha do café consorciado com braquiária); PCSB (projeção da copa do café) ESB (entrelinha do café). A adubação nitrogenada foi parcelada em quatro aplicações, nos meses de setembro, dezembro, janeiro e março, com ureia, totalizando 400 kg ha^-1. Uma aplicação corretiva de 2 ton ha^-1 de calcário e gesso foram feitas após colheita em 2021. A amostragem de solo foi realizada nas profundidades de 0-10; 10-20; 20-30; 30-40; 40-60 e 60-80 cm, composta por 6 subamostras em cada parcela. Parte do solo  da camada de 0-10 cm foi separada para aavaliação da atividade enzimática. Não houve diferenças no estoque de carbono nos sistemas de manejo, com e sem a presença da braquiária nas entrelinhas. A presença da braquiária alterou a fração do carbono orgânico particulado (COP), nas profundidades 0-10 e 20-30 cm, entretanto não houve diferença entre as frações húmicas da MOS. A maior atividade enzimática foi no tratamento ECB (280,83 µg p-nitrofenol g^-1 solo da arilsulfatase e 180,33 µg p-nitrofenol g^-1 solo da β-glicosidase), seguida da ESB (212,66 µg p-nitrofenol g^-1 solo da arilsulfatase e 128,50 µg p-nitrofenol g^-1 solo da β-glicosidase. O pico de absorção dos nutrientes ocorreu aos 60 dias e os macronutrientes N, Ca, Mg e S esteve  na faixa crítica ideal, o P acima do nível crítico e o K abaixo dessa faixa crítica para o cafeeiro.  Não houve diferença na produtividade entre os tratamentos com e sem a presença da braquiária nas entrelinhas do cafeeiro.  

A pirólise tem sido empregada para reduzir os contaminantes e viabilizar o uso do lodo de esgoto (LE) na agricultura. O produto sólido da pirólise do LE, chamado biochar de LE (BLE), é rico em carbono e nutrientes. Contudo, o BLE apresenta baixa concentração de potássio (K) uma vez que esse nutriente é perdido na etapa final do tratamento de esgoto, tornando-se necessário a complementação de K via fertilização mineral ou pela aplicação de doses muito altas de BLE. O enriquecimento do BLE com fontes minerais de K pode solucionar o baixo fornecimento de K do BLE e dar origem a um fertilizante de liberação lenta de K. Estudos recentes demonstraram que o fertilizante à base de BLE liberou lentamente o K enriquecido quando aplicado em sílica pura. Ainda há dúvidas sobre o comportamento desses fertilizantes em diferentes tipos de solo com texturas contrastantes. Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a dinâmica de liberação de K de um fertilizante de biochar enriquecido com K (BLE-K) na forma de pellet e grânulo, em dois tipos de solos (argiloso e arenoso). Para isso, um experimento de incubação foi conduzido por 60 dias com delineamento inteiramente casualizado. Os seguintes tratamentos foram avaliados: 1) solo arenoso sem adição de fertilizante; 2) BLE-K granulado em solo arenoso; 3) BLE-K peletizado em solo arenoso; 4) fertilizante mineral KCl em solo arenoso; 5) solo argiloso sem adição de fertilizante; 6) BLE-K granulado em solo argiloso; 7) BLE-K peletizado em solo argiloso; 8) fertilizante mineral KCl em solo argiloso; 9) apenas sílica pura sem adição de fertilizante; 10) BLE-K granulado em sílica; 11) BLE-K peletizado em sílica; 12) fertilizante mineral KCl em sílica pura. Após o período de incubação, os teores de K disponíveis foram determinados e a dinâmica de liberação de K foi avaliada após o ajuste dos dados utilizando 4 modelos de regressão não-linear. Os BLE-Ks promoveram uma liberação mais lenta do K em comparação ao KCl mineral. A dinâmica da liberação de K foi afetada pela forma física do fertilizante e pela tecnologia de enriquecimento de maneira que o BLE-K na forma de pellet exibiu a liberação mais lenta de K. Ademais, a taxa de liberação foi mais rápida no solo argiloso, seguido pelo solo arenoso e por fim a silica. Os BLE-Ks reduziram a liberação de K durante todo o periodo do experimento, prolongando portanto, a disponibilidade desse nutriente para absorção pelas plantas e consequentemente aumentando a eficiência do fertilizante. Mais estudos precisam ser realizados para avaliar a lixiviação e retenção do K no perfil do solo desse fertilizante.

O início da pandemia de covid-19 no começo do ano de 2020 gerou uma série de instabilidades que até hoje impacta o mundo do ponto de vista econômico. Essa crise impôs a necessidade de implantação de políticas públicas destinadas às soluções no âmbito da saúde pública. As consequências disso, não se concentraram apenas na área da saúde, mas impactou vários âmbitos da sociedade, como o aumento do desemprego gerado pelos lockdowns no mundo e fechamento de empresas não preparadas para situações de crises. De um lado, a população viu sua renda diminuir ocasionando problemas sociais, por outro, os produtores tiveram problemas na cadeia de suprimentos com o aumento dos custos no geral. Essa série de instabilidades trouxeram ao mercado global o aumento do risco para o produtor e perda do poder de compra do consumidor. Nesse cenário, esse trabalho analisa o impacto da pandemia nos preços das principais commodities agrícolas brasileiras, sendo escolhidas para serem analisadas a Soja, o Café e o Milho. Essas culturas tem uma importância extrema para a economia e história brasileira. A análise se dá na seguinte forma: os dados de preços dessas commodities foram coletados entre os anos de 2015 e 2021, sendo que será comparada a volatilidade dos preços de 2015 a 2019 com a volatilidade de 2020 a 2021 (anos da pandemia); também será feita a previsão dos preços de 2020 a 2021 e comparado com os dados reais desse período, podendo-se concluir como a pandemia influenciou nessa volatilidade. Os modelos que a priori serão usados nessa análise serão os da família ARCH, por serem já bastante conhecidos como ferramentas poderosas para modelar a volatilidade condicional de séries financeiras. 

Os microverdes fazem parte de uma nova classe de hortaliças com finalidade de colheita jovem. Os substratos possuem papel fundamental na produtividade e qualidade dos microverdes, bem como na sustentabilidade do processo produtivo. Embora ainda pouco utilizada, a adubação dos microverdes pode significar um meio para aumentar a produtividade e incremento no conteúdo de compostos bioativos. Dois ensaios foram conduzidos. No primeiro, foram avaliados cinco substratos: papel de germinação (PG); fibra de coco (FC); mistura contendo 85%Bioplant Plus + 15%Zeofert 0410 (BPZF); Bioplant Plus (BP); Vivatto Slim Plus (VT). No segundo ensaio, os tratamentos consistiram em diferentes condutividades elétricas da solução nutritiva, onde um tratamento consistia em água de torneira, cuja condutividade elétrica determinou-se ser de 0,2 dS m-1 e pH 6,4 (SSN), o segundo consistia em solução nutritiva com CE de 0,6 dS m-1 e pH 5,5 (SN1), e o terceiro tratamento consistia em solução nutritiva com CE de 1,2 dS m-1 e pH 5,5. (SN2). Em ambos os ensaios se avaliou: massa fresca (MF), comprimento dos hipocótilos (CH), comprimento dos cotilédones (CC), largura dos cotilédones (LC), teor de ácido ascórbico (AA), e no segundo ensaio teor de nitratos (NO3-), teor de cálcio (Ca2+) e potássio (K+) também foram avaliados. Quando cultivados em BP e BPZF observou-se maior MF em quatro espécies, sendo que em beterraba VT obteve MF semelhante. Exceto PG, todos os demais substratos demonstraram potencial de produzir microverdes dentro dos padrões estabelecidos para CH. Apenas quando cultivados em PG repolho roxo e girassol possuíram menores dimensões cotiledonares. Houve efeito do fator substrato sob a variável AA apenas em beterraba:  quando cultivados em FC os teores foram superiores. No segundo experimento, em microverdes de repolho roxo MF foi superior em SN2 e inferior em SSN. Em girassol, maior MF foi encontrada em SN1 e menor em SSN. O CH de microverdes de repolho roxo foi maior em SN2, enquanto em ervilha foi maior em SN1. Em SSN, microverdes de repolho roxo obtiveram AA 21% superior a SN2. Em SN2 maior acúmulo de NO3- foi observado em todas as espécies, exceto ervilha. Em microverdes de repolho roxo maior Ca2+ foi encontrado em SN2. Menor teor de K+ foi observado em microverdes de girassol cultivados em SN2 e microverdes de acelga cultivados em SSN e SN2. Portanto, em alguns genótipos, distintos substratos e a adição de fertilizantes na solução nutritiva pode alterar características de microverdes cultivados em casa de vegetação. 

A cevada (Hordeumvulgare L.) é utilizada como fonte para a alimentação humana e animal, bem como na fabricação de bebidas e na composição de medicamentos.No Brasil a cevada é cultivada nos estados da Região Sul, e utilizada em sua quase totalidade para a malteação na produção de cervejas, dando-se preferência às cevadas tradicionais, com a pálea e a lema aderidas ao grão, para tal atividade. Já a cevada nua tem sido menos utilizada por demonstrar menor interesse à produção de malte que as cevadas tradicionais, apesar de ter maior potencial de extrato. Porém, o interesse pela cevada nua vem aumentando, devido às características alimentares deste tipo de material, como o alto teor de β-glucanas, além de bons níveis de proteína, lipídeos, vitaminas e minerais, auxiliando em várias funções metabólicas no organismo. Algumas pesquisas vêem sendo desenvolvidas pela Embrapa Cerrados para a seleção e o desenvolvimento de genótipos de cevada nua adaptados às condições do Cerrado Brasileiro, como forma de introduzir a cultura no portfólio de grãos produzidos na região. Assim, objetivou-se com este trabalho, a avaliação morfoagronômica de seis genótipos de cevada nua, selecionados pelo programa de melhoramento genético de cevada da Embrapa, avaliando-se as seguintes características: grau de acamamento da parcela (%), ciclo dos genótipos até o espigamento (dias), altura das plantas (cm), rendimento de grãos (kg ha-1) e peso de mil sementes (g). O experimento foi conduzido no Centro de Inovação em Genética Vegetal da Embrapa Cerrados, localizado no Riacho Fundo II-DF, a 15°54’53’’ de latitude Sul e 48°02’14’’ de longitude Oeste, em uma altitude de 1.250m, em sistema irrigado via pivô central em Latossolo Vermelho Distrófico, entre os meses de maio esetembro, nos anos de 2020 e 2021, utilizando-se o Delineamento Experimental de Blocos ao Acaso, com quatro repetições.Também foi realizada a avaliação da qualidade de sementes após a colheita, comparando-se um dos genótipos de cevada nua pré-selecionado do programa de melhoramento genético de cevada da Embrapa, a cinco cultivares de cevada, com pálea e lema aderidas ao grão, avaliando-se duas formas de colheita (mecânica e manual) e dois métodos de armazenamento (câmara-fria e armazém não-climatizado). Avaliaram-se o teste padrão de germinação (%), envelhecimento acelerado (%), condutividade elétrica (µS cm-1 g-1), teor de umidade (g) e emergência em campo (%). Os testes de germinação, envelhecimento acelerado e condutividade elétrica foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Sementes da Universidade de Brasília, e os de teor de umidade e de emergência em campo foram realizados no Centro de Inovação em Genética Vegetal da Embrapa Cerrados. Foi empregado o Delineamento Inteiramente Casualizado, com quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise estatística utilizando-se o programa R, comparados pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados indicaram a existência de variabilidade genética entre os acessos de cevada nua, e diferenças entre os resultados de um ano para o outro para todas as características avaliadas, com exceção do grau de acamamento.Além disso, os resultados identificaram que genótipos mais precoces obtiveram maiores valores de rendimento de grãos e maior altura de plantas. Na avaliação da qualidade de sementes constatou-se aumento da taxa de germinação, da emergência em campo, e da germinação pelo teste envelhecimento acelerado de todos os genótipos, ao longo do tempo, indicando a existência de dormência nas sementes de cevada. Os valores encontrados de condutividade elétrica mostraram aumento dos solutos decorrente da degradação das membranas dos tecidos na variação temporal, indicando diminuição do vigor das sementes. A colheita manual apresentou-se superior em relação à colheita mecanizada, não havendo diferença entre os tipos de armazenamento analisados, sendo que, independentemente do tipo de armazenamento empregado, as sementes produzidas em sistema irrigado no Cerrado apresentaram adequada qualidade fisiológica. 

As bactérias do gênero Bacillus sp. apresentam potencial inseticida e fungicida, por isso é constante a busca por novas toxinas produzidas por esses microrganismos para complementar a ação das que já existem no mercado. Existe uma grande biodiversidade de microorganismos presente na rizosfera das plantas que podem vir a apresentar potencial para uso no controle biológico. O objetivo deste trabalho é prospectar novas cepas do gênero Bacillus sp. provenientes da rizosfera e avaliar sua toxicidade no controle de pragas de impotância agrícola a fim de selecionar novas toxinas para uso no controle biológico. Para isso, foram coletadas raizes de variadas plantas de área urbana. O solo presente foi retirado por meio de diluição em solução salina. Em seguida, foi aplicado choque térmico (80°C/12 min e gelo/5min) e as amostras foram plaqueadas em meio embrapa sólido. Após 24h, as colônias isoladas foram inoculadas em meio líquido e observadas para monitorar possível contaminação. As estirpes que apresentaram pureza foram identificadas utilizando a técnica de RT-qPCR e avaliadas por meio de bioensaios seletivos. Dentre as 42 estirper isoladas até o momento 8 apresentaram controle altamente eficiente à pelo menos uma da pragas testadas. Diante disso, espera-se encontrar pelo menos uma estirpe tóxica dentre as estirpes isoladas que apresente letalidade aos insetos, pragas e fungos fitopatogênicos de importância agrícola abordados nesta pesquisa. A descorberta de novas estirpes tóxicas permitirá a formulação de novos produtos biológicos e o controle eficiente.

Herbicidas dessecantes podem promover a uniformidade de maturação, antecipar a colheita e proporcionar melhorias na qualidade física, fisiológica e sanitária das sementes. Objetivou-se, com este trabalho, avaliar o uso de herbicidas dessecantes na antecipação da colheita e na qualidade fisiológica de sementes de grão-de-bico. Os tratamentos foram constituídos da dessecação com os herbicidas nas respectivas doses: glufosinate ammonium (200, 400 e 500 g i.a. ha-1); diquat (200, 400 e 500 g i.a. ha-1); carfentrazone ethyl (15, 30 e 37,5 g i.a. ha-1) e saflufenacil (49, 98 e 122,5 g i.a. ha-1). O arranjo experimental foi em esquema fatorial 4 x 3 + 1 (testemunha como tratamento adicional, sem herbicida), em blocos casualizados, com quatro repetições. O saflufenacil, sob a dose de 49 g i.a. ha-1, foi o que apresentou a menor antecipação da colheita (4 dias) e baixo percentual de vigor (50,25%). O glufosinato, sob a dose de 400 g i.a. ha-1, foi o mais promissor na dessecação, por possibilitar maior germinação (83,75%) e vigor (78,25%), além de promover a antecipação da colheita em até 17 dias, enquanto o ciclo normal da cultura do grão-de-bico, observado na testemunha, foi de 154 dias.

No Brasil, a cultura do café tem grande importância econômica e social, no entanto, a produção tem sido afetada pelas condições climáticas, principalmente, devido à ocorrência de períodos cada vez mais prolongados de seca. Diante disso, o objetivo deste estudo é caracterizar genótipos de café arábica quanto à tolerância à seca e eficiência do uso da água. A área experimental na EMBRAPA Cerrados é dividida em sete experimentos. Cada experimento recebeu um regime hídrico com intensidade e duração diferente: IP 100 e IP 50 (irrigação plena com reposição de 100% e 50% da evapotranspiração, respectivamente); DH1 100 e DH1 50 (déficit hídrico com suspensão da irrigação de abril a setembro e reposição de 100% e 50% da evapotranspiração, respectivamente; DH2 100 e DH2 50 (déficit hídrico com suspensão da irrigação de junho a setembro e reposição de 100% e 50% da evapotranspiração, respectivamente e sequeiro (sem irrigação). Foram utilizados os genótipos Catuaí 62, E237 e Iapar 59. Dentro de cada experimento, utilizou-se blocos casualidados, com quatro repetições de cada genótipo e para utilização do regime hídrico como fonte de variação foi feita a análise conjunta de grupo de experimentos. Após o início dos tratamentos com estresse hídrico foram avaliadas variáveis fisiológicas (fotossíntese, condutância estomática, transpiração e conteúdo relativo de água - CRA), morfológicas (altura, diâmetro do caule, comprimento e número de nós dos ramos plagiotrópicos esquerdo e direito, número de nós nos ortotrópicos e comprimento da copa) e a produtividade. Foram feitas avaliações fisiológicas durante o estresse (agosto) e após o início das irrigações (setembro a outubro), onde foi avaliado fisiologicamente a recuperação das plantas. Foram avaliados também diferentes cenários de cultivo de café para a determinação da viabilidade econômica: cenário anterior aos eventos climáticos significativos e à pandemia (Cenário I), cenário com efeitos da pandemia e dos eventos climáticos (Cenário II), cenário com produtividade média nacional e produtividade média em áreas irrigadas (Cenário III) e cenário de café especiais (IV).  Os resultados mostraram que durante o estresse, as plantas sob o regime hídrico IP apresentaram maiores trocas gasosas e CRA, diferentemente do que ocorreu nos tratamentos DH e sequeiro; no entanto, após a irrigação, as plantas de café sob DH recuperaram seu potencial fotossintético. Plantas de sequeiro e DH 50 tiveram uma redução de mais de 50% no CRA em comparação com IPs. As variáveis de crescimento são maiores em déficit hídrico, com resultados inferiores apenas em sequeiro. A produtividade média do cafeeiro nos diferentes tratamentos variou de 14 para 120 sc ha^-1. O tratamento DH1 imposto nas plantas causou uma redução acentuada na produção dos grãos devido ao período prolongado sem irrigação. O DH2 100 resultou em florada única e uniforme com percentual de cereja superior a 80% e cenário econômico viável e atrativo. o Iapar 59 e o E237 são genótipos de alta e baixa produtividade, respectivamente. No cenário I, apenas o tratamento sequeiro não apresentou viabilidade econômica. No cenário II devido aos preços elevados a Taxa interna de retorno (TIR) apresentou valores superiores ao cenário I. Os resultados indicam que as respostas do cafeeiro ao déficit hídrico são baseadas nos mecanismos de prevenção a seca: fechamento estomático, redução da transpiração e absorção contínua de água. Os dados de produtividade mostraram que, para esses genótipos, a duração do estresse e a redução de 50% na disponibilidade hídrica limitaram a produtividade das plantas sob estresse hídrico. Deste modo, é importante uma análise para cada sistema antes de decidir-se por investir na cafeicultura. Mais importante ainda, sob condições de sequeiro, as plantas apresentaram menor potencial fisiológico, produtivo e viabilidade econômica, indicando a importância da irrigação para sustentabilidade do cultivo de Coffea arabica no Cerrado brasileiro.

O volume de informações sobre a tecnologia de produção no Cerrado exige, ainda, estudos em diversas áreas de conhecimento técnico-científico, principalmente, em relação ao melhoramento vegetal. Espécies anteriormente consideradas inaptas ou marginais têm se mostrado plenamente adaptadas à região.  O Cerrado possui áreas potenciais para o cultivo do café conilon, por ser mais tolerante a altas temperaturas, uma das limitações citadas pelos autores no zoneamento do cafeeiro arábica em parte do Cerrado. Dentre as diversas espécies introduzidas na região, o café vem apresentando um bom desempenho, principalmente sob sistema de cultivo irrigado via aspersão por pivot. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar aspectos morfoagronômicos como: produtividade, qualidade física e química de grãos de culturas já consolidadas no Espírito Santo e com potencial para cultivo na região do Cerrado. O trabalho está sendo conduzido na área experimental da Embrapa Cerrados, localizada em Planaltina – DF, com altitude de 1.030 m e as análises químicas serão realizadas no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos do mesmo centro de pesquisa. Foi objeto de estudo 3 variedades de canefora provenientes de coleção do INCAPER: Diamante (precoce), Jequitiba (intermediária) e Centenaria (tardia), de ciclos precoce, intermediário e tardio. Foram avaliados aspectos morfoagronômicos como: altura de planta, projeção da copa, número de nós produtivos, produtividade, perfil de ácidos carboxilicos, ácido clorogênico, cafeína, trigonelina e perfil de açúcares. Foram coletados dados nos anos de 2020 e 2021.

As toxinas Bt têm sido usadas como bioinseticidas no controle de insetos da ordem Lepidoptera, Coleoptera e Diptera, e algumas toxinas foram selecionadas para ácaros, nematóides e insetos sugadores (Hemípteras). Foi demonstrado a capacidade de Bacillus thuringiensis em promover crescimento de plantas de algodão, além de possuir efeito tóxico sobre Spodoptera frugiperda. A descoberta desta capacidade colonizadora do Bt, abriu perspectivas para novos estudos em plantas e uso sobre insetos mastigadores e sugadores. Sendo assim,  o objetivo deste estudo foi: (a) avaliar o crescimento das plantas de algodão em função do método de inoculação por Bt e avaliar o potencial germinativo de cultivares de algodão submetidas ao tratamento de sementes com a bactéria; (b) avaliar o desenvolvimento de S. frugiperda alimentadas na sua fase larval com plantas de algodoeiro endofiticamente colonizadas com Bt, e verificar o comportamento de oviposição; (c) testar a habilidade de Bemisia tabaci em adquirir Bt e testar a preferência de oviposição em plantas inoculadas e não inoculadas; (d) avaliar os efeitos da colonização do tomateiro por estirpes de Bt na capacidade promotora crescimento do vegetal e sua toxicidade sobre Helicoverpa armigera. Os ensaios realizados com plantas verificaram que o tratamento com Bt afetou positivamente o índice de velocidade de emergência e o desenvolvimento de plantas de algodoeiro com incremento com cerca de 30% no peso seco das raízes da cultivar IMA 1318 e 14% no peso de raízes da cultivar BRS 8H. Cerca de 40% dos genótipos testados foram afetados positivamente pelo uso de Bt no tratamento das sementes sendo que a matéria seca das plantas da cultivar IMA 6035 B2RF aumentou em torno de 30%. Quanto aos bioensaios com os insetos-praga foi observado que os tratamentos com Bt não influenciaram negativamente na duração e a viabilidade dos estágios imaturos de S. frugiperda e o tratamento com Bt produziu até 20% de pupas com deformidades. Após o período de 72 horas as plantas do tratamento testemunha apresentaram maior número de oviposições que plantas tratadas com a bactéria. No ensaio de translocação e aquisição de Bt por B. tabaci foi comprovada a colonização endofítica nas plantas de algodão com capacidade de serem adquiridos por adultos e ninfas B. tabaci durante a alimentação e plantas que foram tratadas com a estirpe S1806 apresentaram menor número de ovos de B. tabaci. O tomateiro bacterizado não apresentou diferenças para o crescimento das plantas. A colonização e a translocação do Bt nas plantas de tomate foram confirmadas pela visualização das suas estruturas por microscopia e pela recuperação do Bt das raízes, do caule e das folhas de plantas tratadas com a estirpe S1450. Foi verificado um percentual de 13,3% de mortalidade de larvas de H. armigera alimentadas na planta inoculada e 13% de pupas deformadas. Esses resultados mostram que o uso do Bt como colonizador e endofítico de plantas possuem potencial no controle biológico de insetos-pragas e como fito estimulador de plantas de algodoeiro.

A qualidade final das mudas de Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. (Tamboril) depende de fatores como manutenção adequada da umidade dos substratos e sua composição física e química, favorecidos com a adição de biochar e hidrogel. Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar o uso de biochar, hidrogel e diferentes lâminas de irrigação na formação de mudas de Tamboril cultivada em vasos. Foram desenvolvidos dois experimentos: no experimento 1 (E1), o objetivo foi avaliar os efeitos das doses de biochar de lodo de esgoto (BLE) de 0, 2, 4, 6 e 8% base volume e as doses de hidrogel (H) de 0, 1, 2, 3 e 4 g L^-1 no período de 27/06/2021 a 08/12/2021, enquanto no experimento 2 (E2) foram avaliadas as doses de hidrogel (H) de 0, 1, 2, 3 e 4 g L^-1 e as lâminas de irrigação (Li) de 1,0, 0,8, 0,6, 0,4 e 0,2 da Capacidade de Campo (CC), no período 25/07/2022 a 30/01/2023. Os cultivos foram realizados em um viveiro de mudas utilizando embalagens com volume útil de 2,5 L preenchidos com amostras de Latossolo Vermelho Amarelo (LVA) misturadas com ¼ de esterco bovino em base volume. Foram avaliados a altura da parte aérea (AP), diâmetro do coleto (DC), massa úmida (MuA) e seca (MsA) da parte aérea, massa úmida (MuR) e seca (MsR) das raízes, índice de qualidade de Dickson (IQD), área foliar (AF), número de folhas (NF), Razão entre altura e Diâmetro do Coleto (RAD), relação entre a massa seca da parte aérea e das raízes (MsA/MsR) e teores de sais no solo. No E1, concluiu-se quantos aos aspectos morfológicos: as maiores doses de biochar de lodo de esgoto (BLE) (6 e 8% base volume) e doses de hidrogel (H) de 3 e 4 g L ^-1 promoveram elevação significativa nos parâmetros morfológicos do Tamboril; os maiores valores de diâmetro do coleto – DC (10,4 mm), número de folhas – NF (19), massa seca da parte aérea – MsA (25,79 g), massa úmida da parte aérea MuA (55,45 g) e relação da massa seca da parte aérea e massa seca das raízes – MsA/MsR (3,00) foram obtidos na dose de 6% de BLE e 3 g L ^-1 de hidrogel (B6H3); a massa úmida da raiz (MuR), massa seca da raiz (MsR) e massa seca total (MsT) foram maiores na dose de BLE de 8% e 3 g L ^-1 de hidrogel (B8H3) com 67,14 g, 14,67 g e 35,61 g; o Índice de Qualidade de Dickson (IQD) foi influenciado pelas doses de hidrogel para 6 e 8% de BLE, sendo os maiores valores obtidos nas doses de 1, 3 e 4 g L^-1 de H com 2,86 em B6H1, 2,80 para B8H3 e 2,82 para B8H4; os maiores valores de área foliar (AF) foram obtidos com as maiores doses de biochar e hidrogel, na combinação de 6% de BLE, com 3 e 4 g L^-1 de hidrogel, com os valores de 2302,56 cm² e 2057,03 cm², respectivamente; a razão entre altura das plantas e diâmetro do coleto (RAD) respondeu significativamente a incorporação de BLE com maior valor quando do uso de 6% (12,3) e 8% (12,6) sem a presença de hidrogel. No E1, quanto a qualidade química do solo concluiu-se que: a acidez potencial (H + Al) aumentou significativamente com a combinação entre o BLE e o hidrogel incorporados ao substrato com o maior valor na maior dose de biochar no tratamento B8H1 (4,07 cmolc dm^-³) e o pH foi influenciado significativamente apenas pelas doses de BLE, tendo o seu maior valor no tratamento testemunha (B0H0) com 5,76 unidades e o menor valor (5,16) na maior dose, 8%; o P foi influenciado significativamente pelo BLE e triplicou na maior dose em relação à testemunha, sendo de 70 mg dm^-³ em 8% de BLE e 16,7 mg dm^-³ em 0% de BLE, ambos sem a presença de hidrogel; a Matéria Orgânica (MO) respondeu positivamente às baixas doses de hidrogel negativamente às doses de BLE, com o maior valor, 41,67 g kg^-1, na dose de 1 g L^-1 de hidrogel e sem a presença do BLE (B0H1); a Saturação de Bases (V%) foi maior quando não foram incorporados o BLE e o hidrogel no substrato, com o valor de 74,33% no tratamento B0H0, e houve diminuição significativa dos valores com a incorporação de maiores doses de BLE; o Ca foi influenciado positivamente pelas doses de BLE com o maior valor obtido no tratamento B2H4, 5,53 cmolc dm^-³, já os valores de Mg não foram alterados pela utilização do BLE ou hidrogel; o K foi influenciado significativamente tanto pelas doses de BLE quanto pelas doses de hidrogel, no entanto, o efeito foi positivo com maiores doses de hidrogel e negativo com maiores incorporações de BLE, com maior valor, 215,33 mg dm^-³, no tratamento B0H4; maiores doses de BLE e hidrogel promoveram maiores valores de CTC sendo que o maior valor foi obtido no tratamento B6H4 com 10,94 cmol_c dm^-³. No E2, concluiu-se quanto aos atributos morfológicos: as maiores lâminas de água, 0,8 CC e 1,00 CC, promoveram as mudanças mais significativas nos parâmetros morfológicos do Tamboril, o que foi observado com menor grau com o aumento das doses de hidrogel; a AP e o DC responderam significativamente às maiores lâminas de água, com maior valor de AP na combinação de 1,0 da CC e dose de hidrogel de 2 g L^-1 (85,7 cm) e o DC com 0,8 da CC na dose de 3 g L^-1 (7,88 mm); o maior valor de AF foi obtido com a maior lâmina de irrigação (1,00 CC) e com a dose intermediária de hidrogel (2 g L^-1), com 2382,3 cm², sendo este valor cerca de três vezes maior do que na lâmina de água de 0,2 CC, com 660,6 cm²; os maiores valores absolutos IQD foram obtidos com as maiores lâminas de água (0,8 CC e 1,00 CC), com 3,65 quando da aplicação de 0,80 CC associado a 2 g L^-1 de hidrogel e 3,56 com 1,00 da CC e dose de hidrogel de 3 g L^-1; a MuA, MuR, MsA, MsR e MsT aumentaram significativamente com aumento das lâminas de irrigação, especialmente em 0,8 e 1,00 da CC, com os maiores valores de 54,95 g, 72,86 g, 14,33 g, 16,74 g e 31,07g, respectivamente. No E2, concluiu-se quanto a qualidade química que: os componentes da acidez no solo (pH e H + Al) foram influenciados pelas lâminas de irrigação e doses de hidrogel, sendo que o pH apresentou maior valor com a lâmina de 0,8 da CC e H3, com 5,67, já a acidez potencial (H + Al) com a lâmina de 0,4 da CC e H2, com 3,43; os teores MO, P e V% foram significativamente maiores nas lâminas de irrigação de 100% (1,0 da CC) em relação a 20% (0,2 da CC) nas doses de hidrogel de 0, 1 e 2 g L^-1, com os valores de 39,00 g kg^-1, 61,67 mg dm^-3 e 73,67%; os valores de K aumentaram significativamente com maiores doses de hidrogel tendo o seu maior valor de 215,33 mg dm^-3 com 0,6 da CC e H3; o maior valor de Ca, 5,23 cmol_c dm^-³, foi obtido com 0,4 da CC em H3 e 0,8 da CC em H2, e o menor valor, 4,10 cmol_c dm^-³, com 1,00 da CC com H1; a CTC teve seu maior valor, 10,26 cmol_c dm^-³, com o tratamento 0,8 da CC e H0 e 0,8 da CC com H2; os teores de Ca e CTC reduziram da menor lâmina de irrigação (0,2 CC) para a maior a 100% da CC, em todas as doses de hidrogel, já o Mg não foi influenciado pelas lâminas de irrigação e doses de hidrogel.

Imagens baseadas em sensoriamento remoto tem se mostrado uma boa ferramenta para avaliar o estresse hídrico em plantas. O feijão é uma das culturas mais cultivadas no Brasil, considerando isso, o objetivo deste trabalho foi utilizar imagens térmicas da temperatura do dossel para melhorar a eficiência hídrica da cultura e monitorar o estresse hídrico, nas tensões de água no solo para o Latossolo Vermelho e o Latossolo Amarelo (10, -20, -25, -30 e -40 kPa) e o Neossolo Regolítico (-5, -10, -15, -20 e -25 kPa). O potencial matricial do solo (SMP) e o potencial hídrico foliar (LWP) foram medidos in situ, as imagens térmicas do dossel do feijoeiro foram capturadas, usando uma câmera térmica, para calcular o CWSI (Crop Water Stress Index). Avaliou-se a relação entre esses indicadores de estresse, para os estádios de crescimento do feijoeiro, por meio de equações de regressão. A equação para predição do SMP obtida no ambiente controlado foi validada em uma área de pivô central cultivado com feijão, utilizando um veículo aéreo não tripulado (VANT) acoplado com uma câmera térmica para avaliar o estresse hídrico. Adicionalmente, mapas de CWSI e potencial matricial do solo foram criados para avaliar a variabilidade espacial dos níveis de estresse e a disponibilidade de água nas plantas. Para o Latossolo Vermelho a correlação entre CWSI e SMP foi robusta (R²=0.8265) e significativa (P<0.032) para R7. Para o Latossolo Vermelho-Amarelo a correlação foi alta e significativa nos estágios R5 e R6 (R²=0.8566; p-valor < 0.05) R7 (R²=0.9795; p-valor < 0.05) e R8 (R²=0.9596; p-valor < 0.05). Para o Neossolo Regolítico foi elevada (R²=0.95) e significativo apenas nos estágios V4 e R8 (p-valor < 0.05). As relações entre CWSI e LWP foram altas para o Latossolo Vermelho (R²=0.87) e Neossolo (R²=0.92), enquanto que para o Latossolo Vermelho-Amarelo a correlação foi fraca, mas não significativa (p-valor >0.05) para todos os solos tipos neste estudo. Houve uma alta correlação do SMP em resposta ao CWSI usando regressão linear no estágio R8 (R²=0.96). Essa equação foi validada no estádio R8 para Neossolo Regolítico (R²=0.85, RMSE=3.08, MAE=2.34) e utilizada para desenvolver os mapas de CWSI e mapas de potencial matricial do solo, que mostraram a variabilidade dos níveis hídricos e de estresse nas plantas. Esses resultados evidenciam a potencial uso de imagens térmicas obtidas por VANTs para manejo de irrigação de precisão.

A produção de soja é afetada por doenças causadas por fungos. As doenças de final de ciclo [DFC – Septoria glycines (Mancha parda) e Cercospora spp. (Crestamento e mancha púrpura)] apresentam relevante importância econômica para a soja, pois se manifestam na planta no enchimento de grãos, comprometendo a produção. Múltiplas alternativas devem ser utilizadas para controlar as DFC, como controle químico, cultural e genético. O estudo foi realizado em Planaltina/DF, na safra 2020/21. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da palhada (Cynodon dactylon, Tifton 85), cultivares e aplicação de fungicidas sobre a severidade da mancha parda e cercosporiose em soja. As cultivares utilizadas foram BMX Desafio RR e 97R50 IPRO, os tratamentos com fungicidas consistiam em testemunha (sem aplicação), padrão {‘Fox XPro’: [Bixafem (125 g/L) + Protioconazol (175 g/L) + Trifloxistrobina (150 g/L)]; ‘Unizeb Gold’: Mancozebe (750 g/kg); ‘Ativium’: [Epoxiconazol (50 g/L) + Fluxapiroxade (50 g/L) + Piraclostrobina (81 g/L)]; ‘Difere’: [Oxicloreto de cobre (588 g/L) + Equivalente em cobre metálico (350 g/L)]; ‘Cypress’: [Difenoconazol (250 g/L) + Ciproconazol (150 g/L)]; ‘Previnil’: Clorotalonil (720,0 g/L);]} e V4 (Quatro folhas trifoliadas) {‘Tridium’: [Azoxistrobina (47 g/kg) + Mancozebe (597 g/kg) + Tebuconazol (56 g/kg)] + padrão}, e os níveis de palhada foram de 0, 2, 4 e 6 t/ha. Os programas de proteção com fungicidas proporcionaram produtividades superiores quando comparados com o tratamento sem proteção, além disso, foi possível observar que as aplicações antecipadas diminuíram a severidade das DFC e promoveram aumento de produtividade. A presença de palhada também reduziu as DFC, especialmente os maiores níveis (4 e 6 t/ha). As cultivares influenciaram o desempenho dos programas de controle de doenças, sobretudo a cv. Desafio, que se mostrou menos susceptível às DFC.

Este trabalho teve como objetivo avaliar sistema de produção de milho orgânico, sob manejo sintrópico, consorciado com capins africanos. O experimento foi realizado na Fazenda Água Limpa-UnB, entre setembro de 2021 e maio de 2022. O delineamento foi de blocos casualizados, com três tratamentos e sete repetições. Os tratamentos foram: Tratamento Mombaça (Tr-Mo), composto por milho + capim Mombaça (Megathyrsus maximus cv. Mombaça); o Tratamento Brizantha (Tr-Br), composto por milho + capim Marandú (Urochloa brizantha cv. Marandu); Tratamento Testemunha (Tr-Te), constituído apenas de milho, todos eles plantados entre linhas de árvores (eucalipto, mogno africano, citros e espécies nativas do cerrado).  O espaçamento entre as linhas de árvore foi de 8 m, onde foram plantadas 8 linhas de milho intercaladas com 9 linhas de capim, a 0,45 m umas das outras. Foram observados a produtividade e os aspectos agronômicos do milho, sob a influência do consórcio com os capins; a produções de massa fresca e verde dos capins; avaliação da altura total e DAP dos componentes arbóreos. Para os capins, o maior acúmulo de Massa Fresca e Massa Seca, ao longo dos três cortes, foi observado no TrMo (64,99 t/ha e 13,99 t/ha), não diferindo do TrBr (62,06 e 13,09 t/ha). Não houve diferença significativa entre os arranjos nos três cortes consecutivos na produção de Massa Fresca e Teor de Massa Seca, com exceção do Teor Massa Seca no TrMo no terceiro corte (19,93%), que foi observada superioridade significativa em comparação com o TrBr (19,10%). Em relação aos parâmetros agronômicos do milho (altura da planta, diâmetro do colmo e número de folhas) aos 59 DAS, foi observada inferioridade significativa no TrT, nas variáveis “Altura da planta” e “Diâmetro do colmo”. Aos 136 DAS não foi constada diferença significativa entre os arranjos para as variáveis: “Nº Folhas”,” Diâmetro do colmo” e “Nº de espiga/planta”. Foi observada influência positiva dos capins nas variáveis Altura da planta e Altura da Inserção de Espiga. Em relação aos parâmetros produtivos do milho, os arranjos consorciados com capins apresentaram valores superiores nas variáveis de Massa da Espiga, Massa de Grãos e Produtividade.  As maiores produtividades do milho foram observadas no TrMo (6,873 t/ha), seguido do TrBr (5,923 t/ha). Os parâmetros “Diâmetro da Espiga”,” Comprimento da espiga” e “Massa de Mil Grãos” não sofreram interferência dos tratamentos, não diferindo estatisticamente entre si.

O solo sendo um recurso natural não renovável, tem despertado fortes preocupações quanto a necessidade de que o uso e manejo sejam realizados de maneira sustentável. Nas últimas décadas, tem se tornado ainda mais notório essas inquietações em decorrência do aumento da exposição do termo qualidade do solo (QS). No presente, a maior dificuldade já não está mais associada a falta de estratégias de avaliação da QS, e sim, em determinar quais e como estes métodos devem ser empregados buscando atingir a máxima eficiência. E assim, permitir compreender e deliberar quais iniciativas de uso e manejo do solo garantem a sustentabilidade de suas funções. Por isso, a necessidade de avaliar métodos analíticos e visuais no estudo da qualidade estrutural do solo, tanto pelo seu desempenho individual, como também em associação. Sendo assim, este estudo avaliou o uso e a capacidade de exames visuais para avaliação da qualidade estrutural do solo em um Latossolo Amarelo sob diferentes sistemas de cultivo e diferentes manejos de sistemas agrícolas, a saber: pastagem, plantio direto, pomar de banana e uma área de cerrado nativo, considerada referência neste estudo. O estudo buscou semelhanças entre os exames visuais e as propriedades físicas e hidráulicas do solo (carbono orgânico do solo (COS), estabilidade de agregados (EA), resistência mecânica (RM), densidade do solo (DS), porosidade, capacidade de água disponível da planta (CAD), bem como como as relações estatísticas entre eles. Os exames visuais utilizados foram a avaliação visual da estrutura do solo (VESS), e o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES). Os métodos visuais e analíticos mostraram que a qualidade estrutural do solo foi desfavorável em todos os sistemas, com exceção do cerrado nativo. Observou-se correlação significativa entre as pontuações de avaliação visual e as propriedades físicas do solo, como DS, porosidade, COS e RM. Desta maneira, verificou-se que os exames visuais foram capazes de distinguir as diferentes qualidades estruturais do solo e, portanto, são métodos semiquantitativos potenciais para avaliação da qualidade estrutural de solos com manejos contrastantes.

O biochar de lodo esgoto (BLE) é um material que tem ganhado destaque por associar diferentes benefícios ao sistema agrícola, visto seu papel no incremento de nutrientes no solo, redução da disponibilidade de metais pesados, incremento em produção de biomassa e produtividade e, controle de diferentes fitopatógenos habitantes de solo. Além disso, diferentes biochars tem demonstrado certa capacidade em estimular o desenvolvimento de microrganismos benéficos. A possibilidade de controle de fitopatógenos habitantes de solo através do uso do BLE abre oportunidade para incorporação de mais uma ferramenta no manejo desses microrganismos em sistemas produtivos. Visto também, que o uso desse material em combinação com microrganismos benéficos, como o Trichoderma, tem potencializado o efeito de controle de fitopatógenos, como também, estimulado o maior desenvolvimento das plantas. Este trabalho objetivou avaliar a capacidade in vitro do BLE inibir o crescimento de diferentes fitopatógenos, como também, seu efeito em combinação com o T. afroharzianum para controle de Sclerotium rolfsii Sacc. em tomateiro, buscando compreender os diferentes mecanismos envolvidos. Neste trabalho foram realizados 4 experimentos. O primeiro experimento avaliou o efeito de diferentes doses de BLE (0 a 1% m/v) no controle in vitro de diferentes fitopatógenos. O segundo experimento observou o efeito do BLE + T. afroharzianum no controle in vitro do S. rolfsii. O terceiro experimento avaliou o efeito da combinação BLE + T. afroharzianum na produção de mudas de tomate, na ausência e presença do fitopatógeno S. rolfsii. O quarto experimento foi responsável pelas avaliações do BLE + T. afroharzianum no controle de S. rolfsii em tomateiro, objetivando compreender os possíveis mecânicos envolvidos nesse manejo. O terceiro e quarto experimento contaram com os seguintes tratamentos: 1) Controle: sem aplicação de BLE ou T. afroharzianum; 2) Aplicação de BLE exclusivo; 3) Aplicação de T. afroharzianum; 4) BLE + T. afroharzianum; 5) controle + inoculação do patógeno; 6) BLE + patógeno; 7) T. afroharzianum + patógeno; 8) BLE + T. afroharzianum + patógeno. Os resultados do primeiro experimento demonstraram que os biochars apresentam efeito inibitório ao crescimento micelial dos diferentes fungos avaliados, com doses específicas para cada microrganismo. No segundo experimento, foi possível observar que a combinação BLE + T. afroharzianum potencializa a inibição do crescimento micelial do S. rolfsii, resultado superior ao uso isolado de cada um. No terceiro experimento, a combinação BLE + T. afroharzianum foi responsável pelo maior desenvolvimento das mudas de tomate, garantindo maior produção de biomassa, tanto de parte aérea como raiz, na ausência ou presença do fitopatógeno. No quarto experimento, foi possível observar que a combinação BLE + T. afroharzianum afetou diferentes parâmetros da relação solo x planta x fitopatógeno, como por exemplo, melhoria da fertilidade do solo, em especial o fósforo (P), maior desenvolvimento e produção de biomassa pelas plantas de tomate, aumento da produção de metabólitos secundários pelas plantas e, maior sobrevivência de plantas inoculadas com o fitopatógeno. Esse experimento demonstrou que a utilização do BLE associado ao T. afroharzianum é uma ferramenta promissora para o manejo do tomateiro, podendo minimizar os danos causados pelo fitopatógeno S. rolfsii.

O grão-de-bico é uma cultura com exploração comercial relativamente nova no país e,
por isso, há poucas informações disponíveis sobre as suas principais pragas. Assim, o objetivo
do presente trabalho foi identificar as espécies de insetos Heliothinae no grão-de-bico no
Distrito Federal e entorno. Foram realizadas coletas de lagartas diretamente nas plantas e de
mariposas com armadilha luminosa. Foi constatada a presença de Helicoverpa armigera, H. zea,
Chloridea virescens e C. subflexa, com predominância de C. virescens. Nas armadilhas
luminosas, H. armigera foi a espécie predominante, resultado confirmado pela análise de PCR
em tempo real. Foi registrada pela primeira vez C. subflexa se alimentando em grão-de-bico no
Brasil.

O tratamento térmico do lodo de esgoto (LE), por pirólise, gera um produto sólido, rico em carbono, denominado biochar, com potencial para ser usado como fertilizante. A baixa concentração de potássio (K) no LE é responsável pelo baixo teor deste nutriente no biochar de lodo de esgoto (BLE), não sendo suficiente para o adequado fornecimento de K para diversas culturas. Neste contexto, o enriquecimento do BLE com fontes de K é uma importante alternativa para tornar este produto um fertilizante mais completo para as plantas e viabilizar sua utilização na agricultura. O desenvolvimento de novos fertilizantes exige uma completa avaliação que envolve caracterização das matérias primas e dos produtos obtidos, dinâmica de liberação de nutrientes e avaliação agronômica. Ainda são escassos os trabalhos de enriquecimento do BLE com fontes potássicas a partir de diferentes tecnologias como granulação e peletização. Sendo assim, este estudo teve como objetivo principal produzir, caracterizar e avaliar a dinâmica de liberação de K e o potencial agronômico de um fertilizante de BLE enriquecido com K utilizando distintas tecnologias de enriquecimento. Diferentes fertilizantes de SSB enriquecidos com fontes de K foram produzidos utilizando três tecnologias de enriquecimento: granulação, peletização e mistura física na forma de pó. O presente trabalho é composto por três capítulos. O primeiro estudo abrangeu a produção e a caracterização química, física, morfológica e mineralógica dos fertilizantes enriquecidos. No segundo estudo, os fertilizantes obtidos foram avaliados quanto à dinâmica de liberação e lixiviação de K em experimentos de incubação. Por fim, com as informações obtidas nos dois primeiros estudos, foi avaliado o desempenho agronômico dos fertilizantes enriquecidos na produção de rabanete em casa de vegetação. De forma geral, verificou-se que as características físico-químicas, morfológicas e mineralógicas dos fertilizantes de SSB enriquecidos com K dependem das características químicas e da quantidade das matérias primas utilizadas, além da tecnologia de enriquecimento empregada. O enriquecimento do SSB com K retarda a liberação de K em até 77% comparados ao fertilizante mineral KCl, funcionando, portanto, como um fertilizante de liberação lenta. A dinâmica de liberação de K foi afetada pela tecnologia de enriquecimento e pela forma física dos fertilizantes. Na forma de pellets, os novos fertilizantes apresentaram a mais lenta liberação de K. Quando enriquecido com K, o SSB apresenta potencial semelhante ou superior ao KCl mineral no desenvolvimento da cultura, fornecimento de nutrientes para planta e para o solo, além de contribuir para um maior valor do conteúdo relativo da clorofila (índice SPAD) na cultura do rabanete.