“Resumo: As Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) são um problema mundial e ocorrem após a ingestão de alimentos contaminados, sinalizando a falta de qualidade dos alimentos. A pandemia da COVID-19 causou vários desafios em todo o mundo, com implicações diretas na produção e manipulação de alimentos, estimulando e reforçando a adoção de boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos. O objetivo deste estudo foi analisar os dados sobre a notificação de DTAs no Brasil nos anos anteriores (2018 e 2019) e durante (2020 e 2021) a pandemia da COVID-19. Foram analisados dados secundários do Sistema Nacional de Agravos de Notificação, avaliando: locais de contaminação, critérios para confirmação do agente etiológico, taxa de incidência geral, letalidade e mortalidade. Houve 2.206 registros de DTA e a taxa de mortalidade foi de 0,5% em ambos os períodos. A taxa de incidência antes da pandemia foi de 6,48 e durante a pandemia foi de 3,92, enquanto o coeficiente de mortalidade foi de 0,033 antes e 0,019 durante a pandemia, ambos por 100.000 habitantes. Não houve diferença significativa no número de notificações de DTA nos períodos avaliados. Houve uma migração de locais, com um aumento significativo das notificações de DTA em hospitais e unidades de saúde e uma redução das notificações em eventos sociais. Houve um aumento significativo no tipo de critério utilizado para confirmar surtos, com aumento de exames clínicos laboratoriais e laudos clínicos para bromatológicos. O aumento das notificações em hospitais e unidades de saúde demonstra a necessidade de melhorar o conhecimento, as atitudes e as práticas de segurança alimentar dos manipuladores de alimentos e dos profissionais de saúde.”

“Introdução: A escola é um local no qual há a construção da cidadania e da autonomia, podendo afetar a saúde e estilo de vida de toda a comunidade escolar, principalmente dos estudantes. Visto que esses passam grande parte do dia no ambiente escolar, torna-se necessário conhecer o ambiente alimentar escolar de forma mais detalhada. Objetivo: Caracterizar a comercialização de alimentos no interior e entorno de escolas privadas do Distrito Federal. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico que teve como unidade de análise as escolas de ensino fundamental e médio particulares do Distrito Federal, com foco nas cantinas escolares e nos vendedores ambulantes situados no entorno das escolas. A coleta de dados ocorreu no período de fevereiro a maio de 2023, em 179 escolas particulares, por meio de questionários que abordaram variáveis que compõe o ambiente alimentar escolar. Os alimentos e bebidas foram avaliados por meio de indicadores de disponibilidade de alimentos e comparados com o que é preconizado pelos dispositivos legais do Distrito Federal e pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. A análise descritiva dos dados foi realizada utilizando o SPSS. Resultados: A maioria das cantinas eram terceirizadas (77,7%), contavam cum uma nutricionista (72,1%), ofertavam colação/merenda (99,4%), tinham como forma de publicidade o banner/cartaz do estabelecimento (98%) e o cardápio (88%), aceitavam o “pix” e em espécie (96% cada) como forma de pagamento e não recebiam materiais de incentivo provenientes de fornecedores (99,4%). Quanto aos vendedores ambulantes, grande parte tinha o comércio informal como principal fonte de renda (87,9%), estavam localizados em frente ao portão de acesso à escola (72,4%), trabalhavam no turno da tarde (89,4%), não vendiam os seus produtos em outro local e/ou horário (75,9%) e não sofreram interferências da direção escolar (98,3%). As bebidas e os alimentos mais frequentes nas cantinas foram água mineral (90,5%), suco natural de fruta (82,7%), suco 100% natural de caixinha (62%), o bolo preparação culinária (67,6%), o salgado assado com recheio ultraprocessado (66,5%) e o pão de queijo (65,4%). Já os itens mais ofertados pelos vendedores ambulantes foram a água mineral (44,8%), o refrigerante comum (34,5%), o suco natural de fruta (6,9%), as guloseimas (29,3%), o açaí com cobertura e picolé/sorvete (17,2% cada) As cantinas apresentaram uma maior quantidade de alimentos in natura e minimamente processados e preparações com esses itens e, o comércio informal, maior quantitativo de alimentos processados e ultraprocessados e preparações à base desses alimentos. Tanto as cantinas quanto os vendedores ambulantes estavam em inconformidade em relação aos dispositivos legais distritais. Conclusão: É necessária uma maior conscientização sobre os dispositivos legais distritais e os benefícios de uma alimentação saudável a longo prazo. O governo do Distrito Federal deve estar mais presente e responsável por ações de divulgação, implementação e fiscalização. O Fórum Permanente sobre Alimentação Saudável nas Escolas é um importante ator nesse processo, podendo fornecer suporte técnico e atuar em atividades com toda a comunidade escolar, propagando a Lei e o Decreto. Tornar o ambiente alimentar escolar mais saudável é uma responsabilidade de todos os envolvidos.”

"Durante a pandemia da Covid-19 diversas mudanças comportamentais foram impostas a toda população. Com isso, a ocorrência de transtornos nos comportamentos emocionais e alimentares, tomaram-se mais evidentes, assim como a adoção de formas para seu controle como as práticas meditativas. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento alimentar e emocional, como indicador de saúde mental, e práticas meditativas, na fase final das medidas restritivas da pandemia da Covid-19. Foi realizado um estudo observacional, transversal, com 789 indivíduos adultos residentes no Brasil, que responderam questionário online, no período de setembro de 2021 a março de 2022. O questionário autoaplicável abordou questões acerca dos efeitos de dados sociodemográficos, antropométricos, isolamento social, implicações da infecção por Covid-19, avaliação da imagem corporal, comportamento alimentar, qualidade do sono, consumo alimentar, nível de ansiedade e práticas meditativas. As ferramentas The three factor eating questionnaire - R21, Escala de ansiedade de Beck, Pittsburgh Sleep Quality Index e questionário de alimentos saudáveis e não saudáveis do Vigitel, foram avaliados de acordo com as instruções dos autores. A análise dos dados foi realizada por meio do Statistical Package for the Social Science (SPSS). Foi realizada análise descritiva para as variáveis categóricas sociodemográficas. Foram realizadas análises de variância (ANCOVA) com post-hoc de Sidak, considerando como co-variáveis idade e sexo e Teste de Mann Whitney para as variáveis contínuas e Teste de Qui-quadrado para variáveis categóricas. Para as análises foi considerado o intervalo de confiança de 95% e valor de significância estatística de p < 0,05. O trabalho gerou dois artigos: o primeiro artigo, intitulado "Impact of Final Phase Social Isolation and the COVID-19 Pandemic on Eating Behavior, Sleep Quality, and Anxiety Level" publicado no periódico Nutrients, em 2023, avaliou os efeitos da Covid-19 sobre o comportamento alimentar e aspectos relacionados a saúde mental na fase final das medidas restritivas. Os resultados mostraram que os indivíduos infectados pelo coronavírus apresentaram maior peso e nível de ansiedade, com pior qualidade de sono, potencializados pela presença da obesidade e pelo consumo de ultraprocessados. Já o segundo artigo, "Meditation practices and their relationship with eating behavior, weight changes, and mental health in adults from different regions of Brazil: a crosssectional study" publicado no periódico Nutrition em 2023, avaliou o efeito de diferentes práticas meditativas sobre o comportamento alimentar e peso corporal em adultos de diferentes regiões do Brasil. Sugere-se que a inclusão da prática meditativa como parte do manejo do excesso de peso pode ser capaz de atuar sobre a redução de comportamentos alimentares disfuncionais e sobre as emoções negativas que prejudicam esse processo, contribuindo para a perda de peso, especialmente em longo prazo. Além disso, encontra-se em fase de conclusão a revisão sistemática com meta-análise, entitulada "Sex-related differences in eating behaviors during COVID-19 pandemic: A systematic review" registrada no PROSPERO sob número CRD42023429718. A revisão sistemática partiu da hipótese de que as respostas alimentares relacionadas aos aspectos emocionais e comportamento alimentar durante a pandemia variaram entre os sexos. A estratégia de busca adotada para realização da revisão sistemática resultou em 2387 artigos, e a seleção final em um número de 85 estudos. As ferramentas utilizadas nos trabalhos, analisam aspectos como comer emocional, comer descontrolado e restrição cognitiva e os achados iniciais destacam uma tendência que sugere uma maior disfunção no comportamento alimentar das mulheres, particularmente associada ao comer emocional. O estudo irá identificar a real diferença no comportamento alimentar entre os sexos, o que pode direcionar ações para a equidade em saúde, que podem contribuir para melhora do comportamento alimentar."

Garantir um ambiente propício à Segurança de Alimentos permeia todos os elos da cadeia alimentar, e uma abordagem dirigida aos jovens pode potencialmente mitigar as Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Porém, antes que as ações de intervenção sejam realizadas, o público-alvo deve ser diagnosticado. Os objetivos deste trabalho foram realizar a validação de construto do instrumento desenvolvido por Batista et al. (2021), testar a hipótese de que ambos os métodos de sua aplicação (presencial e online) são válidos; e compreender e avaliar os fatores relacionados à Segurança de Alimentos na perspectiva de crianças e adolescentes de escolas públicas das Regiões Administrativas do Distrito Federal e Sorocaba -SP. Participaram do estudo crianças e adolescentes de nove a 17 anos. Primeiramente, foi utilizado um protocolo rigoroso para combinar os modelos online e presencial para validação do construto, que resultou em cinco formas de aplicação. Posteriormente, aplicou-se o instrumento validado para compreender e avaliar fatores relacionados à Segurança de Alimentos do público-alvo. No estudo realizado no Distrito Federal, também foi aplicada a lista de verificação de Boas Práticas para Unidades de Alimentação e Nutrição Escolar para compreender a percepção de risco dos estudantes desta localidade. Na etapa de validação de construto, a amostra foi composta por 439 estudantes de 10 a 14 anos de escolas públicas e privadas do Distrito Federal. Nas etapas seguintes, participaram do estudo 1.420 estudantes de 9 a 17 anos, matriculados em 25 escolas públicas do Distrito Federal; e 1.477 estudantes de 10 a 16 anos de sete escolas públicas de Sorocaba. Os resultados relativos à validação de construto (confiabilidade e validade) indicaram que o questionário de conhecimento apresentou coeficientes de estabilidade e validade discriminante adequados, e o questionário de práticas autorreferidas obteve coeficientes de estabilidade e consistência interna aceitáveis. De maneira geral, identificou-se que uma proporção mais significativa de estudantes atribuiu baixo risco de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar aos alimentos produzidos e distribuídos nas escolas. Também foram identificados baixa percepção de letalidade, viés otimista, conhecimento mediano, práticas de risco e lacuna entre conhecimento e práticas seguras de manipulação/consumo de alimentos. Ademais, no Distrito Federal foram identificadas correlações entre vulnerabilidade social e percepção de risco (positiva) e práticas autorreferidas (negativa). Em Sorocaba, correlação positiva entre o percentual de pessoas pretas/pardas e percepção de risco e correlação negativa com a renda per capita e viés otimista. Os resultados apontam para a urgência de considerar esses indivíduos para garantir a Segurança de Alimentos,considerando que já atuam no preparo de alimentos no ambiente doméstico e que serão os futuros manipuladores em qualquer etapa da cadeia de abastecimento. Ademais, estão em uma fase cognitiva propícia para a formação de hábitos de higiene dos alimentos. As ações a serem desenvolvidas devem considerar a maior vulnerabilidade social que esta população está exposta, as questões estruturais inerentes e como esses indivíduos podem agir frente a sua realidade e com ferramentas acessíveis. A não consideração dos aspectos sociais, econômicos e culturais da população na formulação de ações e políticas, pode levar ao seu fracasso.  

“Introdução: A anemia é uma das deficiências nutricionais mais comuns durante a gestação e um dos principais contribuintes para a morbidade e mortalidade materna e fetal, e o a dieta inadequada pode levar ao menor consumo de alimentos in natura fontes de ferro e ácido fólico em gestantes. Ainda não há dados atuais sumarizados que permitam estimar a prevalência de anemia na gestação em âmbito nacional, e também não há dados atuais sobre o consumo dietético de ferro e ácido fólico em gestante do DF considerados como nutrientes marcadores de anemia nas gestantes. Objetivo: Estimar a prevalência de anemia em gestantes brasileiras por meio de revisão sistemática de literatura e metanálise, e avaliar o consumo de ferro e ácido fólico e fatores associados em gestantes no DF. Métodos: A revisão sistemática foi realizada conforme recomendações do PRISMA. Para o estudo original transversal foi analisado o consumo de ferro e acido fólico e seus fatores associados a partir de modelos de regressão linear simples e múltiplos. Resultados: A prevalência de anemia relatada nos artigos variou de 5 a 52,3%, e a prevalência de anemia em gestantes brasileiras foi de 24% (IC 95%: 20-27; I2 = 94,88%). No estudo transversal, a análise do R24h apresentou média de consumo de ferro de 5,27 mg (95% CI 5,08; 5,46) e 191,99 mcg de ácido fólico (95% CI 181,23; 202,75). Os fatores que permaneceram no modelo multivariado final e foram independentemente associados com o consumo de ferro foram a escolaridade e o consumo de ultraprocessados. Os fatores que permaneceram no modelo multivariado final e foram independentemente associados com o consumo de ácido fólico foram escolaridade, idade gestacional, planejamento da gravidez e consumo de alimentos ultraprocessados. De acordo com a avaliação do beta padronizado, o fator que mais influenciou o consumo de ferro foi a escolaridade e de ácido fólico foi o consumo de ultraprocessados. ”

“Introdução: Os Food Service são protagonistas na promoção de uma alimentação saudável e o cardápio uma ferramenta que proporciona o acesso a uma oferta de alimentos adequados. Embora haja um amplo reconhecimento da importância da nutrição, da dieta alimentar e do planejamento de cardápio para a prevenção de DCNT e outras comorbidades, os instrumentos existentes de análise do cardápio carecem, em sua maioria, de um processo de validação. Objetivo: Validar (conteúdo e critério) o AVACARD - Índice de Avaliação de Cardápio, para mensurar a validade, confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento. Metodologia: O AVACARD foi desenvolvido a partir de revisão de literatura, com cinco dimensões, que contempla as leis da alimentação proposta por Pedro Escudero, complementada por uma dimensão de Sustentabilidade/Cultura Alimentar. Foram realizadas as etapas de validação de conteúdo, da consistência interna, confiabilidade e de critério. A Técnica Delphi foi usada para validação de conteúdo, utilizando uma escala do tipo Likert de cinco pontos que verificou a pertinência e compreensão dos itens. O instrumento foi aplicado em 32 cardápios praticados em Food Service do Distrito Federal/Brasil, por dois avaliadores independentes e comparados aos resultados obtidos pelo avaliador expert, para verificar a confiabilidade, consistência interna e validação de critério. A consistência interna foi analisada pelo Alfa de Cronbach e a confiabilidade teste-reteste entre avaliadores, utilizou o Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC). A validação do critério foi realizada a partir da correlação (Person) entre avaliação dos cardápios e definições teóricas das cinco dimensões, que compõem o instrumento, realizada por um expert. Resultados: O instrumento final conta com (AVACARD) com 59 itens e cinco dimensões (Quantidade, Qualidade, Harmonia, Adequação e Sustentabilidade/Cultura Alimentar). Para todas as dimensões, na validação de conteúdo, os itens obtiveram IVC > 0.80 tanto para pertinência quanto para semântica. Para as demais etapas do processo de validação o AVACARD demonstrou apresentar boa reprodutibilidade - confiabilidade (ICC > 0.90) e excelente consistência interna (α = 0.89), a validação de critério apresenta forte correlação (r = 0.98). Conclusão: As análises ofereceram fortes evidências da qualidade do AVACARD na avaliação de cardápios, contribuindo assim para qualidade no planejamento de cardápios em Food Service e para oferta de uma alimentação mais saudável e sustentável.”

A implementação em larga escala de estratégias intersetoriais de prevenção da obesidade infantil e cuidado das crianças com obesidade tem sido um desafio no Brasil. Métodos da Ciência da Implementação, como o Net-Map, podem identificar os principais atores-chave e líderes de opinião (LOs) para avançar na implementação e promover a sustentabilidade. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo analisar as relações de poder entre atores-chave e LOs que influenciam a ampliação das estratégias brasileiras para a obesidade infantil nos níveis federal e estadual/municipal (municipal). Um estudo de método misto convergente, aplicando o método Net-Map, coletou dados por meio de oficinas virtuais com partes interessadas nos níveis federal e local. O Net-Map combinou mapeamento de atores-chave, mapeamento de poder e identificação de LOs em quatro domínios de poder (comando, financiamento, apoio ao desenvolvimento de capacidade técnica e disseminação de informações). As medidas de coesão e centralidade da rede foram calculadas. Uma análise temática foi realizada para entender as relações de poder de acordo com nove elementos para uma implementação em larga escala bem-sucedida (advocacy, legislação e política, vontade política, financiamento e recurso, treinamento, entrega de programa, comunicação, pesquisa e cooperação técnica, e coordenação, metas e monitoramento). Um total de 121 atores-chave federais e 63 atores-chave locais foram identificados nas redes, dos quais 62 e 28 foram identificados como LOs, respectivamente. O comando foi a maior rede e teve mais LOs, contrastando com a rede de financiamento. Todas as redes apresentaram baixas medidas de coesão, refletindo barreiras no funcionamento dos elementos analisados. O poder executivo emergiu como o principal grupo nas redes, e os atores-chave dos setores da saúde parecem ser os principais LOs para escalar a agenda, especialmente no nível local. Nosso estudo identificou a presença de LOs dentro dos nove elementos para uma expansão bem-sucedida; no entanto, falta coordenação intersetorial entre as redes. Mecanismos de governança responsivos e oportunos para promover a coesão multissetorial podem superar interesses conflitantes e convergir para um financiamento sustentável para melhorar a ampliação das estratégias de obesidade infantil no Brasil.

“_A divisão de responsabilidades na alimentação (sDOR) é um modelo que se baseia na divisão de tarefas entre cuidadores e crianças. Ele postula que os cuidadores fornecem estrutura e suporte sem limitar o poder de escolha ou a autonomia da criança para comer, e que os hábitos alimentares dos cuidadores servem de exemplo para que as crianças tenham uma alimentação saudável. A alimentação saudável é parte crucial do crescimento e desenvolvimento de crianças em seus primeiros anos de vida. É importante que os responsáveis pela alimentação adquiram conhecimento sobre alimentação adequada e que haja suporte para a autonomia da criança em relação à alimentação. Neste sentido, verifica-se a importância da competência alimentar dos responsáveis nos hábitos alimentares da criança, um conceito atitudinal e comportamental que ressalta a importância da alimentação também como uma fonte de prazer. Portanto, o objetivo geral deste trabalho foi acessar dados sobre adesão a divisão de responsabilidades na alimentação e a competência alimentar de cuidadores de crianças brasileiras. Diante da inexistência de um instrumento traduzido e validado para o Brasil, que seja capaz de medir exclusivamente a adesão dos pais à divisão de responsabilidades na alimentação, o presente estudo realizou a tradução e análise psicométrica do sDOR.2-6y™ para o português brasileiro. A tradução e retrotradução seguiram o protocolo exigido pelo NEEDs Center, sendo a versão aprovada denominada “sDOR.2-6y™ – Português-Brasil” (sDOR.2-6y-BR). Ela foi submetida a uma rodada de teste-reteste para verificar a reprodutibilidade por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC). Um estudo piloto avaliou a consistência interna do instrumento. A análise de reprodutibilidade (n=23) mostrou ICC total de 0,945. Com os dados do piloto (n=384), a avaliação da consistência interna revelou um Alpha de Cronbach global de 0,301. A segunda etapa (de abrangência nacional) do estudo avaliou competência alimentar (através do ecSI2.0™BR) de cuidadores (n = 549) de crianças brasileiras (idade entre 24 e 72 meses) e sua adesão ao sDOR (através do sDOR.2-6y-BR). Os escores do foram descritos em termos de média, desvio padrão (DP), mediana e intervalo interquartílico. O teste t de Student e a Análise de Variância (ANOVA) seguidos pelos testes post hoc de Tukey foram usados para comparar os escores de sDOR.2-6y-BR e ecSI2.0™BR com variáveis de interesse. A associação entre os escores sDOR.2-6y-BR com os escores ecSI2.0™BR foi verificada pelo coeficiente de correlação de Pearson. A maioria dos participantes era do sexo feminino (n = 88,7%), 37,8 ±5,1 anos, com alta escolaridade (70,31%) e alta renda mensal (mais de 15 salários mínimos - SM) (31,69%). As crianças a cargo dos sujeitos eram maioritariamente meninas (53,19%), com idade média de 3,6±1,3 anos. O sDOR.2-6y-BR apresentou boa responsividade (efeitos piso e teto = 0%). Alfa de Cronbach = 0,268. Em relação ao sDOR.2-6y-BR, não houve diferença estatística nos escores entre sexo do cuidador, idade, escolaridade, número de pessoas que moram na casa, sexo ou idade da criança. Os cuidadores que relataram (n = 100) que seus filhos tinham algum diagnóstico médico (por exemplo, alergia alimentar, autismo, síndrome de down) tiveram escores de adesão sDOR mais baixos do que os cuidadores que indicaram que seus filhos não tinham diagnóstico médico (p = 0,031). Com relação ao ecSI2.0™BR não houve diferença estatística nas pontuações entre sexo do cuidador, idade, ocupação e sexo e idade da criança. Cuidadores com renda superior a 10 SM, residentes em domicílios com mais de três pessoas e com nível de escolaridade superior apresentaram maior escore de CA. Os cuidadores considerados comedores competentes pelos escores do ecSI2.0™BR diferiram apenas quanto à escolaridade, que foi mais frequente entre os participantes graduados. De maneira geral, o sDOR.2-6y-BR teve associação positiva com o ecSI2.0™BR em todos os domínios e no total, com correlação significativa. A tradução do sDOR.2-6y™ para o português do Brasil é a primeira e única ferramenta disponível para a população brasileira capaz de avaliar exclusivamente a adesão a divisão de responsabilidades na alimentação, e sua aplicação apresentou bons resultados, onde os cuidadores comedores competentes aderiram mais aos princípios do sDOR. Sua aplicação pode revelar dados importantes a serem utilizados por profissionais de saúde e autoridades envolvidas no desenvolvimento de políticas públicas relacionadas à alimentação infantil e comportamento alimentar.

“O OBJETIVO DESTE ESTUDO FOI DESENVOLVER UMA BEBIDA DE SUCO DE ABACAXI (ANANAS COMOSUS (L.) MERR) E EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO SUPLEMENTADA COM LACTOBACILLUS PARACASEI LBC-81. ALÉM DISSO, AVALIAR A FUNÇÃO DO EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO EM ACENTUAR A VIABILIDADE DE L. PARACASEI LBC-81 DURANTE O ARMAZENAMENTO REFRIGERADO E APÓS EXPOSIÇÃO A CONDIÇÕES GASTROINTESTINAIS SIMULADAS IN VITRO. FORAM DESENVOLVIDAS AS SEGUINTES FORMULAÇÕES: F1: SUCO DE ABACAXI (100%); F2: SUCO DE ABACAXI (90%) + EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO (10%); E F3: SUCO DE ABACAXI (80%) + EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO (20%). ESTAS FORMULAÇÕES FORAM SUPLEMENTADAS COM CONCENTRADO DE CÉLULAS DE L. PARACASEI. AS BEBIDAS FORAM AVALIADAS QUANTO À COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E AVALIADAS ANTES E NO DECORRER DE 28 DIAS DE ARMAZENAMENTO A 4 ºC COM RELAÇÃO ÀS VARIÁVEIS QUÍMICAS (PH, ACIDEZ TITULÁVEL E SÓLIDOS SOLÚVEIS) E MICROBIOLÓGICAS (VIABILIDADE DE L. PARACASEI E BOLORES E LEVEDURAS). A ELABORAÇÃO DAS BEBIDAS COM EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO AUMENTOU SIGNIFICATIVAMENTE (P < 0,05) O TEOR DE PROTEÍNAS. A VIABILIDADE DE L. PARACASEI FOI SIGNIFICATIVAMENTE (P < 0,05) MAIOR NA FORMULAÇÃO 3 (F3) DA BEBIDA, QUE CONTINHA MAIOR PERCENTUAL DE EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO. TODAS AS BEBIDAS APRESENTARAM DECRÉSCIMO DE PH E SÓLIDOS SOLÚVEIS NO DECORRER DE 28 DIAS DE ARMAZENAMENTO. EM TODAS AS BEBIDAS, TAMBÉM SE OBSERVOU AUMENTO DA ACIDEZ TITULÁVEL DURANTE 28 DIAS DE ARMAZENAMENTO. AS BEBIDAS ELABORADAS COM EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO APRESENTARAM MAIOR VIABILIDADE APÓS EXPOSIÇÃO SEQUENCIAL AOS SUCOS GÁSTRICO E INTESTINAL. PORTANTO, O EXTRATO DE GRÃO-DE-BICO É CAPAZ DE ACENTUAR A VIABILIDADE DE L. PARACASEI EM SUCO DE ABACAXI E, TAMBÉM, A VIABILIDADE APÓS EXPOSIÇÃO SEQUENCIAL AOS SUCOS GÁSTRICO E INTESTINAL.”

“O café atualmente é uma das bebidas mais vendidas e consumidas no mundo, estando o Brasil entre os países líderes de produção, exportação e consumo. Além disso, a região do Cerrado brasileiro tem ganhado reconhecimento no setor cafeeiro devido à sua alta produtividade e às excelentes condições edafoclimáticas para o cultivo do café, apesar da baixa fertilidade natural do solo. Diante da necessidade de implementar técnicas agrícolas mais avançadas para aprimorar o manejo das plantações de café no Cerrado, o objetivo desta pesquisa foi caracterizar grãos de café da espécie Coffea arabica produzidos nessa região submetidos a três fontes de adubação potássica, nas safras de 2021 e 2022. No total, foram analisados 15 tratamentos provenientes de cinco cultivares (Aranãs, Arara, Catiguá, IPR 103 e Topázio), que receberam três fontes de potássio (sulfato de potássio, cloreto de potássio e nitrato de potássio). Os grãos foram colhidos, processados e depois analisados. No aspecto físico, foram realizadas medições de granulometria e cor dos grãos, enquanto nas análises químicas foram avaliados os teores de ácido cafeoilquínico, cafeína, trigonelina, ácido cítrico, sacarose, sólidos solúveis e os níveis dos íons potássio, cloreto, nitrato e sulfato. Além disso, a avaliação sensorial abrangeu a caracterização do perfil descritivo dos grãos de café por meio do teste da metodologia SCA (Specialty Coffee Association) para classificação na safra de 2021, e utilizouse o Perfil Descritivo Otimizado (PDO) juntamente com um teste de aceitação realizado com 116 consumidores regulares de café na safra de 2022. Os resultados obtidos foram analisados, comparados e divididos entre as safras e as diferentes etapas do processo do café (grãos crus, torrados e bebida). Para as análises estatísticas, foram empregados os testes ANOVA, Teste de Tukey (p<0,05), Correlação de Pearson e Análise dos Componentes Principais (ACP). Observou-se um aumento significativo em todos os parâmetros químicos entre as safras, com exceção da cafeína, sacarose, sólidos solúveis e sulfato. Houve diferenças significativas no tamanho dos grãos crus, nos teores de ácido cítrico, sacarose, nitrato e sulfato, considerando os tratamentos nas duas safras. Não foram constatadas diferenças significativas no tamanho, composição química, composição iônica ou sensorial entre os grãos crus quando se compararam as fontes de potássio isoladamente nas duas safras. Portanto, as variações observadas nos tratamentos, de forma geral, considerando as duas safras, parecem ser decorrentes das diferenças entre as cultivares e as safras. Em relação aos grãos torrados e à bebida, observou-se uma diminuição significativa em todos os compostos químicos quando comparados aos grãos crus, exceto pelos sólidos solúveis. Quanto aos tratamentos, não foram encontradas diferenças significativas na cor, porém houve diferenças significativas em todos os compostos químicos avaliados, exceto cafeína e sacarose, tanto nos grãos torrados quanto na bebida, na safra de 2022. Quanto às fontes de potássio isoladamente, não foram observadas diferenças significativas na cor dos grãos crus, na composição química dos grãos torrados e da bebida, nem na aceitação dos grãos na safra de 2022. Novamente, as diferenças encontradas parecem estar relacionadas às variações entre as cultivares. Apesar do cloreto de potássio estar associado a grãos de menor qualidade em estudos anteriores, neste trabalho, embora tenha ocorrido um aumento significativo nos teores desse composto entre as safras, não foi encontrado nenhum efeito prejudicial nos grãos crus, torrados ou na bebida associado a essa fonte. Conclui-se que as fontes de potássio de forma isolada não afetaram as características físicas, químicas ou sensoriais dos grãos de café crus, torrados ou bebida e as principais variações se deram por conta das variedades de cultivares e de safras. Por conta do custo monetário, a fonte KCl parece ser a mais vantajosa, porém estudos futuros são necessários para avaliar os efeitos dessas fontes a longo prazo e obter conclusões mais precisas.”

“O conceito de sustentabilidade é dividido em três dimensões: social, econômica e ambiental. Dentro do setor de alimentação, foi publicado o conceito de dieta sustentável com baixo impacto ambiental, que contribui para a segurança alimentar e nutricional e à vida saudável para as gerações presentes e futuras. O segmento escolar se destaca no cenário brasileiro por atingir diretamente cerca de 46 milhões de alunos e, indiretamente, as suas famílias e os colaboradores. O elevado volume de alimentos para atender a essa demanda pode gerar um desperdício de grande impacto, caso não haja um planejamento adequado de todas as etapas. Nesse contexto, o presente estudo tem como finalidade avaliar a Eco-ineficiência (Ely) das escolas públicas do DF. Trata-se de um estudo do tipo transversal exploratório quali-quantitativo, no qual foram avaliadas variáveis relacionados ao desperdício de alimentos no processo de produção das refeições.

“_Introdução: Carnes, laticínios e ovos e seus derivados são amplamente utilizados na alimentação da população mundial, com consumo mundial estimado em 35kg/ per capita para carnes, entre 30 e 50kg/per capita de leite e 161 ovos por ano. Por outro lado, cresce de forma próspera uma parcela da população adepta a uma alimentação isenta de alimentos de origem animal (padrão alimentar vegano) e cresce também o mercado direcionado para esta população. Contudo, em relação ao aspecto nutricional, estima-se haver diferença entre produtos veganos e seus respectivos equivalentes animais, principalmente associada ao conteúdo de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, evidenciando uma problemática acerca do consumo destes produtos. Até então, não há estudo realizado no Brasil acerca da composição nutricional e ingredientes empregados nos produtos veganos comercializados no Brasil comparados aos seus substitutos equivalentes. Objetivo: Analisar a composição nutricional e os principais ingredientes dos análogos veganos de carnes, laticínios e ovos comercializados no Brasil. Material e Métodos: Foi realizado um estudo conduzido em duas etapas: (i) revisão integrativa com busca sistemática acerca da qualidade nutricional de substitutos veganos de carne e (ii) estudo experimental que visou mapear e determinar a composição nutricional de análogos veganos de carne bovina, suína e caprina, aves, pescados, bebidas vegetais, iogurtes, queijos, maionese e ovos. A revisão sistemática foi feita baseada nos protocolos recomendados pelo PRISMA e foram consultadas cinco bases dados: Pubmed, EMBASE, Scopus, Science Direct e Web of Science. O google scholar e o google patents também foram consultados, tal como a literatura cinzenta. Foram incluídos apenas os artigos consistindo em trabalhos experimentais cujo objetivo foi quantificar e analisar a composição nutricional e ingredientes de substitutos veganos de carne. O estudo experimental foi realizado em três etapas: (i) mapeamento de amostras dos produtos veganos análogos a carnes, laticínios e ovos comercializados no Brasil; (ii) coleta e classificação de dados; (iii) análise estatística dos resultados. Resultados: Na revisão integrativa, foram incluídos 11 estudos na íntegra. Os resultados demonstraram valores reduzidos de energia e maiores quantidades de carboidratos e fibras dietéticas. Os valores de proteína variaram de acordo com as categorias analisadas, sendo que os substitutos de carne bovina apresentaram os maiores valores. Dentro das amostras analisadas, as componentes da categoria “Peças” apresentaram os maiores valores proteicos, enquanto os menores valores foram encontrados na categoria “Frutos do Mar’’. Diferentemente da carne, seus substitutos apresentaram maior proporção de carboidratos em relação às proteínas, com exceção dos substitutos de galinha. Os substitutos de carne apresentaram valores gorduras totais e saturadas similares às suas versões de origem animal. Maiores concentrações foram encontradas na categoria “Variados”, e menores em “Pedaços”. Ingredientes como soja, ervilha e trigo foram as principais fontes proteicas empregadas nesses substitutos, e óleos vegetais como fontes de gordura. Metilcelulose, gomas e flavorizantes foram os aditivos alimentares mais empregados. De forma geral, os substitutos de carne apresentaram altas concentrações de sódio, colaborando com o consumo excessivo e destacando a necessidade da elaboração de versões com teores reduzidos ou isentos de sódio. Os valores de ferro, zinco e vitamina B12 não foram quantificados para a maioria das amostras, demonstrando uma limitação do estudo. No estudo experimental foram incluídas 125 amostras. De forma geral, de forma similar ao encontrado pela revisão, verificou-se que os principais ingredientes utilizados foram soja, glúten e proteína de ervilha. Os substitutos de carne apresentaram valores similares de energia (kcal) e proteína. Poucas diferenças em relação ao teor de sódio dos substitutos veganos foram encontradas, contudo, essas ainda contribuiriam de forma relevante dentro de refeições completas. Além disso, os substitutos veganos de carne apresentaram maior concentração de carboidratos e fibras dietéticas, com mínimas diferenças em relação aos teores de gordura total e saturada. No que diz respeito aos substitutos de laticínios e ovos, 152 amostras foram analisadas no total. Em todas as categorias não foram encontradas diferenças em relação aos teores de gorduras total e saturada, contudo, valores superiores de carboidratos e fibras dietéticas foram encontrados nos análogos veganos de todas as amostras. As versões veganas de bebidas vegetais e queijos apresentaram menos proteína em comparação aos seus equivalentes de origem animal. Castanhas de caju, arroz, coco e soja foram os principais ingredientes empregados nas versões veganas de laticínios, enquanto emulsões de óleo e amido com acréscimo de proteínas vegetais foram predominantes nos substitutos de ovos. Conclusão: Ao fim da pesquisa, confirmou-se parcialmente as hipóteses primária e secundária. A partir da revisão realizada, verificou-se que a nível mundial, os substitutos de carne são compostos de combinações de leguminosas e cereais. Ademais, aditivos alimentares da classe dos flavorizantes e aromatizantes, tal como agentes de textura, com destaque para hidrocoloides e gomas são os mais utilizados. Do ponto de vista nutricional, estes substitutos apresentaram maiores concentrações de carboidratos e fibras dietéticas, inclusive quando analisados de forma proporcional aos outros nutrientes presentes. Quanto aos valores proteicos, verificou-se que estes variavam de acordo com a categoria de produto analisado. Nos estudos onde foram realizadas comparações com seus equivalentes de origem animal, não foram encontradas diferenças significativas em relação aos teores proteicos. Ainda, também não foram encontradas diferenças no que diz respeito aos teores de gorduras totais e saturadas, quando analisados de forma comparativa os substitutos de carne com seus equivalentes de origem animal. Ademais, os substitutos de carne apresentaram altas concentrações de sódio. No contexto do estudo experimental, verificou-se que de forma comparativa os substitutos de carne comercializados no Brasil apresentaram valores nutricionais e ingredientes similares aos encontrados na revisão integrativa. As versões veganas de laticínios necessitam do emprego de melhores combinações de ingredientes afim de melhoria do perfil proteico.

“ O objetivo deste trabalho foi avaliar o conhecimento do consumidor sobre processamento de alimentos e aceitação dos consumidores sobre alimentos processados. Para isso, uma ferramenta psicométrica foi elaborada e validado entre o público brasileiro (n=200). Para avaliar a concordância entre os juízes e a equivalência do instrumento, o Coeficiente de Kendall (W), AC2 de Gwet e o Kappa de Fleiss serão calculados. Para a qualidade psicométrica do instrumento, os pressupostos e evidências de foram avaliadas por meio da análise fatorial exploratória (AFE). A confiabilidade do instrumento foi avaliada com base na consistência interna, obtida através do coeficiente Alpha de Cronbach. O instrumento foi posteriormente aplicado em um estudo cross-cultural no Brasil e Portugal e foi validado por meio do processo de back-translation e método Delphi Experts (n=22) Alfa de Cronbach e Ômega de McDonalds foram calculados. Uma revisão de literatura para compreender os principais fatores que afetam a percepção dos consumidores sobre a qualidade da carne e produtos cárneos foi elaborada. O instrumento desenvolvido apresentou fortes evidências de validade. Foi encontrada forte concordância entre os juízes (AC2 de Gwet = 0,96 [clareza] e 0,81 [pertinência]), com o Kappa de Fleiss equivalente a 0,78, indicando uma concordância quase perfeita. O instrumento totalizou 37 itens aprovados (W>0,8). A análise fatorial exploratória encontrou seis fatores, denominados: conhecimento, percepção de saudabilidade, preferência por produtos naturais, percepção dos processos caseiros, confiança e aceitação. O Índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) encontrado foi de 0,90. O teste de esfericidade de Bartlett foi estatisticamente significante (p<0.001). O instrumento final totalizou 34 itens. O Alfa de Cronbach foi de 0,92, indicando excelente confiabilidade. Após a aplicação, todos os itens apresentaram W>0,8. O Alfa de Cronbach (0,82 – Brasil; 0,93 Portugal) e Ômega de McDonalds (0,72 – Brasil; 0,93 - Portugal) indicaram boa confiabilidade do instrumento. O estudo cross-cultural mostrou que os consumidores portugueses entendem o processamento de forma mais abrangente e aceitam mais alimentos processados do que os brasileiros, influenciados pela confiança nos órgãos reguladores e percepção de saudabilidade. Os consumidores brasileiros percebem o processamento de alimento atrelado às operações industriais e apresentam menor aceitação aos alimentos processados, influenciados pela preferência por produtos naturais e processos caseiros. Estas divergências culturais dão respaldo para embasar estratégias em cada país a fim de minimizar a assimetria de informação e promover uma alimentação mais consciente. A revisão de literatura sobre carnes e produtos cárneos mostraram que os fatores que afetam a qualidade nutricional, riscos químicos e biológicos, bem-estar animal, crenças e fraude podem afetar a percepção dos consumidores. Os consumidores percebem positivamente os atributos sensoriais e reconhecem o valor nutricional da carne, mesmo que ainda mantenham-se preocupados com a gordura. O bem-estar animal e o impacto ambiental tornaram-se importantes impulsionadores do consumo percepção. A presença de aditivos químicos é uma grande preocupação. Informações recebidas pelos consumidores por meio de mídia influencia fortemente a percepção e o comportamento. A estigmatização negativa da carne e dos produtos derivados de seus processamentos geram crenças muitas vezes não baseadas cientificamente que moldam a percepção e aceitação do consumidor. ”

Introdução: A cafeína é a substância psicoativa mais consumida no mundo. No Brasil, o café é a principal fonte de cafeína da dieta, sendo o alimento mais ingerido pela população. A cafeína possui caráter estimulante do sistema nervoso central, sendo capaz de contribuir para a redução da fadiga, o aumento do estado de vigília, a melhora da atenção e o aprimoramento do desempenho físico. Por outro lado, o consumo de grandes quantidades (> 400 mg/ dia) pode afetar negativamente o sono, o humor, o desempenho e a saúde em geral. O teor de cafeína nos alimentos pode variar a depender da fonte, das condições ambientais de cultivo e dos métodos de preparo. Certamente, a falta de uma tabela nacional informando o teor de cafeína em alimentos, bebidas, suplementos alimentares e medicamentos vendidos no Brasil e a não obrigatoriedade da divulgação do teor de cafeína nos rótulos dos produtos alimentícios, somadas à ausência de uma ferramenta validada capaz de estimar o consumo de cafeína no país, dificultam a estimativa do consumo de cafeína pela população brasileira. Objetivo: O presente trabalho objetivou construir uma tabela brasileira de teor de cafeína em alimentos, bebidas, suplementos alimentares e medicamentos, além de desenvolver um questionário de consumo de cafeína para a população brasileira. Métodos: Trata-se de um estudo de desenvolvimento metodológico que contou com ampla revisão de literatura para obtenção dos teores de cafeína em alimentos, bebidas, receitas, suplementos e medicamentos usualmente consumidos no Brasil e consequente sistematização dos dados com valores padronizados. Subsequentemente, elaborou-se um questionário virtual de autorrelato para quantificar o consumo médio semanal de cafeína pela população brasileira, identificando as fontes de obtenção da substância. O estudo de validação de conteúdo e avaliação do questionário foi realizado por meio da técnica de juízes especialistas (Método Delphi), em três rodadas de avaliação. Resultados: A Tabela Brasileira de Teor de Caféína (TBTC) apresenta 57 itens com seus respectivos teores médios de cafeína, divididos em 11 categorias: (i) cafés, (ii) chás e infusões, (iii) cacau em pó, (iv) chocolates, (v) bebidas à base de cacau, (vii) sobremesas, (vii) refrigerantes, (viii) energéticos, (ix) guaraná em pó, (x) suplementos alimentares e (xi) medicamentos. O Questionário Brasileiro de Consumo de Cafeína (QCCBR), por sua vez, conta com 46 questões, subdivididas em sete categorias: (i) cafés/ bebidas à base de café; (ii) chás e infusões; (iii) cacau e derivados; (iv) bebidas energéticas/ energéticos; (v) refrigerantes; (vi) suplementos alimentares e (vii) medicamentos. Conclusão: Os instrumentos desenvolvidos surgem como ferramentas de grande relevância e ampla aplicabilidade em contextos clínicos e pesquisas acadêmicas, além de possibilitar à população maior compreensão acerca das quantidades de cafeína presentes em alimentos, bebidas, suplementos alimentares e medicamentos, permitindo avaliar a segurança dos padrões de consumo de cafeína adotados pelos brasileiros

Introdução: A obesidade sarcopênica (OS) é definida como a coexistência da redução na massa e função muscular (sarcopenia), com o excesso de adiposidade (obesidade), contudo existe uma falta de critérios diagnósticos universalmente reconhecidos para a sua definição. A European Society for Clinical Nutrition and Metabolism e a European Association for the Study of Obesity (ESPEN/EASO) publicaram o primeiro consenso específico para definição de OS em 2022. Tal consenso ainda não foi aplicado na população após a cirurgia bariátrica (CB), a qual encontra-se em alto risco para desenvolvimento ou agravamento de OS ao longo do período pós-operatório. 

Ademais, postula-se que o exercício físico desempenhe um importante papel na prevenção e tratamento da OS após a CB. Objetivo: Estudar sobre a OS em indivíduos que realizaram CB, o método diagnóstico e efeito do exercício físico sobre a força muscular. Métodos: 1) Revisão sistemática com metanálise abordando o efeito do exercício físico sobre a força muscular avaliada por diferentes métodos diagnósticos após a CB. 2) Estudo transversal analítico para identificação da OS por diferentes critérios diagnósticos em indivíduos com dois anos ou mais de CB. Para análise da composição corporal foram aplicadas a bioimpedância elétrica multifrequencial (BIA) e a absorciometria de raios-x de dupla energia (DXA); já para função física, força de preensão manual (FPM), teste de sentar e levantar (TSL), timed-up and go e caminhada de seis minutos. Resultados: 1) Quinze estudos foram incluídos (n=638), nenhum apresentou baixo risco de viés e as cinco metanálises realizadas apresentaram baixo nível de certeza. O exercício físico aprimorou a força muscular avaliada pelos testes de repetição máxima em membros superiores e inferiores (0,71, 95%CI 0,41–1,01, I2=0%; 1,37, 95%CI 0,84–1,91, I2=46,14, respectivamente), TSL (0,60, 95%CI 0,20–1,01, I2=68,89%) e dinamômetro (0,46, 95%CI 0,06–0,87, I2=31,03%), porém não pelo FPM (0,11, 95%CI -0,42–0,63, I2=73,27%). 2) Foram avaliados 186 participantes (90,9% sexo feminino, mediana de 43,9 anos e 6,8 anos de pós-operatório), dos quais 60,2% (BIA) e 83,3% (DXA) apresentavam excesso de massa gorda. A prevalência de OS pelo consenso ESPEN/EASO variou de 7,9% (IC 95% 3,9-12,5; BIA) a 23,0% (IC 95% 17,1-30,3; DXA). A concordância entre o consenso ESPEN/EASO e outros critérios diagnósticos foi classificada como nenhuma a leve, já a concordância entre a BIA e o DXA dentro do consenso ESPEN/EASO foi moderada. Conclusão: O exercício físico, especialmente com um componente de treinamento resistido, pode aprimorar a força muscular após a CB, o que é intimamente relacionado à OS. Foi identificada uma prevalência alta e variável de OS após dois anos de CB, dependendo da técnica de composição corporal utilizada; a prevalência foi superior quando avaliada pelo DXA. A concordância entre os critérios diagnósticos para OS foi baixa.

“A expectativa de efeitos da cafeína pode ser registrada em questionários validados para observar padrões favoráveis, ou não, ao uso de fontes cafeína. Os polimorfismos genéticos podem interferir no modo como os indivíduos metabolizam a cafeína (gene CYP1A2, alelos AA rápidos metabolizadores) e a sua ação nos receptores de adenosina (ADORA2A, alelos TT maior sensibilidade). O objetivo da pesquisa é analisar a capacidade do CaffEQ-BR, versão completa e breve, de distinguir o perfil genético dos participantes em relação aos polimorfismos dos genes CYP1A2 e ADORA2A. O estudo foi composto por seis etapas: (i) processo de tradução do instrumento; (ii) avaliação de conteúdo e validação semântica por meio de painel de especialistas (n = 20); (iii) análise de reprodutibilidade e consistência interna com amostra de conveniência (n = 50); (iv) validação externa por meio da análise fatorial confirmatória com amostra composta por 4.202 participantes de todas as Unidades da Federação; (v) desenvolvimento e validação da versão curta do instrumento (B-CaffEQ-BR); (vi) aplicação do CaffEQ-BR (versão completa e curta) a uma amostra (n = 71) de indivíduos com determinação prévia para os polimorfismos dos genes CYP1A2 e ADORA2A. O questionário se mostrou adequado quanto à confiabilidade, clareza e compreensão. A consistência interna adequada e a validação foram confirmadas pelo alfa de Cronbach (α) de 0,948, e foi observado um coeficiente de correlação intraclasse de 0,976. Os sete fatores apresentaram um bom ajuste para a raiz do erro quadrático médio de aproximação – RMSEA = 0,0332 (IC 95%: 0,0290–0,0375). Após a validação externa, o CaffEQ-BR passou por modelagem estatística com vistas a reduzir o número de itens, com 3 itens por fator, mantendo os 7 fatores (CaffEQ-BR versão curta com 21 itens) com reprodutibilidade interobservador e a consistência interna tão satisfatória quanto o CaffEQ-BR (α de Cronbach ≥ 0,729) e reprodutibilidade global (ICC ≥ 0,915) para todo o questionário e seus sete fatores. As versões completa e curta foram aplicados em indivíduos (n = 71) com determinação prévia para os polimorfismos dos genes CYP1A2 e ADORA2A. A frequência observada dos alelos AA para o gene CYP1A2 foi de 47,9% (n=34) e portadores do alelo C (AC e CC) foi de 52,1% (n=42). Para o gene ADORA2A foi observado 22,7% (n=15) como portadores do alelo TT e 77,3% (n=34) portadores C (TC e CC). Com exceção ao fator “ansiedade/efeitos físicos negativos”, os demais escores do CaffEQBR (completo e breve), obtiveram ICC > 0,75. Indivíduos que pontuaram > 4 na escala Likert (“um pouco provável”) no fator ansiedade/efeitos negativos no B-CaffEQ-BR apresentaram capacidade discriminatória para o alelo TT para ADORA2A (p = 0,01) de acordo com a curva ROC, mas com representatividade muito baixa (n = 2). Concluindo, o CaffEQ-BR não foi capaz de distinguir os genótipos para CYP1A2 e ADORA2A em atletas brasileiros. Sugere-se que pesquisas futuras utilizem amostras mais amplas, com grupo controle composto por indivíduos com consumo baixo ou irregular consumo de cafeína, calibrando o questionário com maior foco em aspectos da ansiedade e efeitos negativos na busca em discriminar o genótipo TT para ADORA2A.”

“Introdução: No Brasil, a cirurgia bariátrica (CB) é realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1999, embora a maior parte dos pacientes recorra às clínicas privadas especializadas. O nível socioeconômico dos usuários é o principal fator de escolha para o tipo de assistência e pode estar relacionado aos resultados da CB. Ainda não há um consenso sobre a melhor forma de avaliar a resposta ao tratamento cirúrgico em longo prazo e apesar da perda de peso e sua manutenção serem relevantes, o controle das comorbidades, a adequação do percentual de gordura corporal, a melhora na qualidade de vida e a ausência da obesidade sarcopênica podem ser, também, critérios de avaliação. Esta tese é apresentada em dois artigos com objetivos e metodologia distintos. Objetivo: 1) Revisar, sistematicamente, a associação entre o nível socioeconômico e a perda de peso em indivíduos submetidos à CB; 2) Comparar marcadores de resposta terapêutica tardia, além da perda de peso, em pacientes submetidos ao bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR) nos serviços público e privado de saúde. Métodos: 1) Revisão sistemática com metanálise com 53 estudos observacionais. Foram coletados dados referentes ao nível socioeconômico e de perda de peso em adultos após, pelo menos, 12 meses de CB; 2) Estudo transversal e analítico comparando a resposta terapêutica tardia ao BGYR quanto à perda de peso, presença de excesso de gordura corporal, presença de obesidade sarcopênica, presença de comorbidades (exames bioquímicos, pressão arterial aferida, uso de medicações), hábitos de vida (uso de suplementos, nível de atividade física; e qualidade da dieta) e qualidade de vida (questionário EQ-5D-3L validado para a população brasileira). Resultados: 1) Indivíduos de raça branca apresentaram um maior percentual de perda do excesso de peso quando comparados aos de raça negra (95% de intervalo de confiança (IC)= 3.25-10.99, índice de heterogeneidade[I2] = 44.87% e 95% IC= 8.08-13.59, I2 = 0%, respectivamente; p < 0.01) após 12 e 24 meses de CB. 2) Foram incluídos 123 indivíduos no estudo (79, acompanhados no serviço público – SUS e 44, no serviço privado de saúde – PRI). O grupo SUS apresentou médias maiores de idade (p=0.013), tempo de cirurgia (p<0.005) e Índice de Massa Corporal (IMC) pré operatório (p<0.001) e médias menores dos parâmetros relacionados ao nível socioeconômico (p<0.001) quando comparados ao PRI. Com relação aos desfechos relacionados à CB em longo prazo, após os ajustes, o grupo PRI apresentou maior risco de desenvolver problemas com o álcool (OR: 3.23; 95%IC: 1.03;10.10; p=0.044) e menor chance de serem ativos e muito ativos (OR: 0.23; 95%IC: 0.87;0.63; p=0.004) quando comparados ao SUS. Entre as demais variáveis, não houve diferença entre os tipos de serviço (p>0.05). Conclusão: 1) Apenas o critério raça/etnia esteve associado à perda de peso após a CB. 2) Não houve diferença entre os grupos SUS e PRI quanto à perda de peso, porém, o PRI apresentou maior risco de desenvolver alcoolismo e foi menos ativo.”

“Introdução: A Epidermólise bolhosa (EB) é uma doença rara, caracterizada por diferentes níveis de fragilidade da pele e das membranas mucosas. Devido a mutações em diversas proteínas estruturais, pequenos traumas mecânicos são suficientes para desencadear o surgimento de bolhas e úlceras dolorosas pelo corpo, demonstrando a necessidade de maior investigação de estratégias suplementares, não medicamentosas para a cicatrização de feridas. Além disso, a doença possui importante influência na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), devido às suas diversas manifestações clínicas. Objetivos: Revisar, sistematicamente, o efeito do uso de probióticos orais/enterais sobre a cicatrização de feridas. Descrever a QVRS, aspectos clínicos e estado nutricional de pessoas com EB no Brasil. Métodos: A revisão sistemática (RS) atendeu ao checklist “Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analyses” (PRISMA) e foi registrada no “International Prospective Register of Systematic Reviews” (PROSPERO). Para avaliação da QVRS foram incluídas pessoas com EB, residentes no Brasil, de ambos os sexos, independentemente do tipo clínico de EB e de sua condição física. A plataforma Survey Monkey foi utilizada para a aplicação de dois questionários: (1) “Quality of Life Evaluation in Epidermolysis Bullosa – Brazilian Portuguese” (QoLEB-BP) para os indivíduos ≥ 17 anos e (2) “Children’s Dermatology Life Quality Index (CDLQI)” para os < 17 anos. A gravidade clínica da doença foi avaliada em dois períodos (T1 e T2), presencialmente, em pacientes de um serviço de referência em EB, por meio do questionário “The Birmingham EB Severity Score (BEBS)”. O perfil sociodemográfico, nutricional e clínico foi obtido por meio de questionário elaborado para este fim, com aplicação online. Resultados: A RS incluiu sete estudos, envolvendo 348 indivíduos, sendo que quatro estudos relataram resultados positivos para melhora da cicatrização após terapia probiótica, e nenhum dos estudos relatou efeitos adversos. Quanto à QVRS, a amostra avaliada (n = 129) foi composta, majoritariamente, pelo sexo feminino (57%), com mediana de idade de 15 anos, pelo tipo EB simples (EBS), seguido pelo EB distrófica (EBD). Os dois grupos etários avaliados apresentaram impacto moderado na QVRS. Pelo CDLQI, a média da pontuação foi 11,01 (DP = 7,31) e pelo QoLEB-BP, a mediana e o intervalo interquartil da pontuação foi de 13 pontos (intervalo interquartil: 8-19). Por meio das associações entre QVRS e fatores interferentes, no subgrupo ≥ 17 anos, a escolaridade apresentou influência positiva na QVRS, sendo a renda familiar um fator que promoveu QVRS em ambos os subgrupos. No subgrupo ≥ 17 anos, o impacto grave na QVRS esteve diretamente associado ao estado nutricional de baixo peso. Quanto à gravidade clínica, a amostra (n = 10) também foi composta, em sua maioria, pelo sexo feminino (90%), com média de idade: 11,81 (DP = 11,57 anos). A maior parte da amostra apresentou o subtipo EBD recessiva (EBDR), com apenas um participante apresentando o tipo EBS. No T1, a média da pontuação total do BEBS foi 22,02 (DP = 14,34) e no período T2, a média da pontuação total foi maior: 23,28 (DP = 17,35). O item "área de lesões" foi o que mais contribuiu para a gravidade clínica, enquanto os itens "laringe" e "câncer de pele" foram os que menos contribuíram. Conclusão: Quanto ao uso de probióticos para a cicatrização de feridas e controle da dor, os poucos e heterogêneos estudos disponíveis não permitem gerar forte evidência sobre estes aspectos. Os resultados positivos ou neutros observados sugerem um campo promissor para futuras pesquisas clínicas com controle adequado de cepas probióticas, tipo de feridas e população-alvo. Foi possível descrever a QVRS, aspectos clínicos e estado nutricional de pessoas com EB no Brasil, assim como avaliar a gravidade em subamostra local. A avaliação da QVRS mostrou o tipo EBD como o mais gravemente afetado, com associação direta de grave impacto na QVRS com pior estado nutricional e associação inversa com renda familiar e escolaridade. Os indivíduos com o subtipo EBDR apresentaram maior gravidade clínica. Portanto, recomenda-se a condução de estudos que possam verificar a associação da QVRS com a gravidade clínica em diferentes períodos, para melhor entendimento dos fatores que devem sofrer intervenção, visando reduzir a gravidade clínica e melhorar a QVRS dessa população.”