“Objetivo: Avaliar as propriedades de cinética de difusão da água: sorção (SO), solubilidade (SL) e coeficiente de difusão (CD); estabilidade de cor; e microdureza de diferentes materiais poliméricos utilizados para coroas provisórias convencionais e impressas. Materiais e Métodos: Foram utilizadas as resinas impressas (Prizma Bioprov, Makertech Labs), resina acrílica autopolimerizável (Dencôr, Classico) e resina bisacrílica (Protemp 4, 3M ESPE). Para o teste de SO, SL e CD, os espécimes em formato de disco (15 mm x 1 mm) foram divididos (n=5), nos grupos: resina para impressão (RI), resina acrílica autopolimerizável (RA) e resina bisacrílica (RB). O teste foi realizado de acordo com a ISO 4049:2009. O valor do CD em água (%) foi realizado com o cálculo da soma da sorção e solubilidade. Para o teste de estabilidade de cor, os espécimes de cada material, em formato de disco (15x1mm), foram imersos em água destilada (n=30), vinho tinto (n=30) e café (n=30), por um período de 7, 14 e 21 dias e, em seguida, avaliadas com o espectrofotômetro Easyshade® (VITA). Para o teste de microdureza Vickers, foram utilizadas 5 espécimes de cada grupo (RI, RA e RB), avaliadas em um microdurômetro em três endentações em locais distintos; posteriormente, os valores obtidos foram combinados para se obter a média. Os dados obtidos foram submetidos à análise de Variância (ANOVA-1 critério) para os testes de microdureza superficial, sorção, solubilidade e coeficiente de difusão e ANOVA (2 critérios) com medidas repetidas, para o teste de estabilidade de cor, para cada tipo de resina, e post-hoc de Tukey (p<0,05). Resultados: Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas para os testes de microdureza (p=0,106) e de solubilidade (p=0,932), em relação aos tipos de resina. Tanto para a sorção como para o coeficiente de difusão, houve diferença estatística (p<0,001) entre os materiais analisados. Quanto à estabilidade de cor, houve diferenças estatísticas (p>0,001) na interação dos tipos de imersão com o tempo nas RA, RB e RI, além de diferença estatística significativa quanto ao tipo de resina e o tempo de imersão (p<0,002). A RA, apresentou diferença de cor nas imersões em vinho e café, nos períodos de 14 e 21 dias quando comparadas a 7 dias. A RB apresentou alteração de cor com diferenças estatísticas quando imersa em vinho, nos primeiros 7 dias e houve um aumento estatisticamente significativo nos valores, ao longo dos períodos de imersão em café. Para a RI os maiores valores de alteração de cor ocorreram nos períodos de 14 e 21 dias. Conclusão: Os três materiais poliméricos testados apresentam microdureza e solubilidade semelhantes. A resina para impressão mostrou maior alteração de cor ao longo do tempo de imersão no vinho tinto e no café e maior sorção e coeficiente de difusão, em relação às resinas acrílica autopolimerizável e bisacrílica. A cinética de difusão da água pode variar dependendo da composição da resina utilizada, o que pode ser relevante para sua durabilidade e desempenho clínico a longo prazo.” impressão tridimensional, resina acrílica, cor, teste de materiais, espectrofotometria, testes de dureza.

O hipoclorito de sódio é a substância química auxiliar mais comum usada no tratamento endodôntico e afeta a resistência adesiva resinosa a dentina. Alterar esse efeito é possível por meio de agentes antioxidantes como o Ácido Ascórbico e o Tiossulfato de Sódio. Este estudo avaliou após 90 dias a força adesiva do cimento resinoso autoadesivo na cimentação do pino de fibra de vidro após irrigação da dentina radicular com tiossulfato de sódio e ácido ascórbico. O total de 92 raízes de incisivos bovinos foram divididos em 4 grupos com diferentes protocolos de irrigação. G1: irrigação com soro fisiológico; G2: irrigação com NaOCl 5%; G3: irrigação com NaOCl 5% e ácido ascórbico 10%; G4: irrigação com NaOCl 5% e tiossulfato de sódio 5%. Após cimentação do pino de fibra de vidro, o teste pull out foi realizado. Os dados obtidos foram submetidos a análise estatística ANOVA e teste de comparação Post Hoc com nível de significância 0.05. A análise estatística dos dados revelou que não há diferença significante entre os grupos (p>0.05). Após 90 dias, o uso das soluções de ácido ascórbico ou tiossulfato de sódio e do hipoclorito de sódio previamente a cimentação do pino de fibra de vidro demonstrou não afetar a resistência adesiva.

Na tentativa retardar o processo carioso por meio de um material restaurador bioativo, a busca pela adição de substâncias que promovam ação antibacteriana vem se tornando cada vez mais frequente. O ácido anacárdico (LDT) é um polifenol oriundo de um extrato natural da casca da castanha de caju que tem efeito promissor no controle antimicrobiano e na biomodificação da dentina. O objetivo deste estudo é avaliar as propriedades mecânicas de um cimento de ionômero de vidro (CIV) experimental com adição de ácido anacárdico (LDT). Quatro grupos foram formados com diferentes concentrações de LDT grupo 0% (controle), grupo 0.5%, grupo 1% e grupo 2% e serão feitos os seguintes testes mecânicos: sorção e solubilidade em meio aquoso, tempo de presa e rugosidade de superfície. A adição do LDT nas diferentes concentrações não alterou as propriedades mecânicas dos cimentos de ionômero de vidro experimentais.

“O reparo e regeneração óssea são processos complexos e contínuos ao longo da vida. No entanto, existem condições clínicas adquiridas em que o processo de reparo ósseo é comprometido. A morfologia e a constituição óssea são alteradas após uso de medicamentos (antirreabsortivos e antiangiogênicos) ou de radiação ionizante, essenciais para tratamento de algumas patologias como o câncer. Terapias coadjuvantes (Oxigenação hiperbárica e Ozônio) que favoreçam o restabelecimento da normalidade da morfologia e função tecidual e reduzam possíveis prejuízos ao processo natural do reparo ósseo são interessantes em diversas situações clínicas. Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito da Oxigenação hiperbárica e do Ozônio no reparo ósseo após uso de ácido zoledrônico em ratos.”

As placas oclusais são recomendadas para o controle das Disfunções Temporomandibulares e manejo do bruxismo e, devido à sua exposição às forças oclusais intensas, podem sofrer desgastes e/ou fraturas em sua estrutura, gerando necessidade de reparo. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi avaliar e comparar a interface adesiva de três materiais de reparo em resina de impressão para placa oclusal, após diferentes tratamentos de superfícies. A interface adesiva foi avaliada pelo teste de cisalhamento realizado em máquina de ensaio universal, com célula de carga de 5 KN, em uma velocidade da cruzeta de 0,5 mm /min. Foram confeccionados 100 discos (18x3mm) de resina para impressão de placas oclusais com reparos (RODs) em três resinas (n=267) [Grupo R: R1:flow; R2:bisacrílica; e R3:autopolimerizável], submetidos a diferentes tipos de tratamento de superfície [Grupo TS: TS1:lixas d'água (CONTROLE); TS2: lixa + álcool; TS3: lixas + silano; TS4: lixas + jateamento de óxido de alumínio e TS5: lixas + jateamento de óxido de alumínio + silano]. Os blocos foram armazenados em água destilada por 24 horas a 37°C, previamente ao teste. O conjunto de dados de resistência de união (MPa) foi submetido à análise de Variância (ANOVA) de dois fatores (tratamento de superfície e material de reparo) seguido do teste de Tukey, com nível de significância de 5%. Os fatores tratamento de superfície, material de reparo e a interação entre os fatores principais apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p<0.001). No grupo controle não foi encontrada diferença estatística significante entre os diversos materiais de reparo avaliados. Entretanto, quando considerados os tratamentos de superfície com lixa + álcool, bem como com lixa + jateamento, a resina flow (p<0,001) destacou-se como a escolha superior para fins de reparo. Além disso, nos grupos lixa + silano e lixa + jateamento + silano, observaram-se resultados mais favoráveis, especialmente quando se optou por utilizar a resina bisacrílica ou a resina flow como materiais de reparo (p <0,001). Observouse uma melhoria na resistência de união ao teste de cisalhamento nos reparos realizados com resina bisacrílica e flow, especialmente quando submetidos aos tratamentos de superfície mecânico (jateamento com óxido de alumínio) e químico (silanização) associados. Dentro das limitações deste estudo in vitro, sugere-se que este protocolo seja o mais recomendado.

“ O sucesso do tratamento endodôntico é dependente de múltiplos fatores que visam a eliminação da microbiota cultivável nos canais radiculares, e o uso de soluções irrigadoras é imprescindível, visto as complexidades anatômicas e a forma de organização dos microrganismos em biofilmes. O objetivo da presente dissertação de mestrado foi avaliar a eficácia antimicrobiana da associação dos óleos essenciais Tea Tree (Melaleuca alternifolia) e Petitgrain (Citrus aurantium) como solução irrigadora do canal radicular. Foi conduzida uma busca nas principais bases de dados, a fim de encontrar estudos que relatassem a eficácia antimicrobiana dos óleos essenciais citados, assim como verificar o que se sabe sobre os microrganismos colonizadores do canal do radicular, além do mais, avaliar criticamente os irrigantes utilizados atualmente durante a terapia endodôntica, idealizando por fim, uma ampla revisão de literatura. Ademais, um estudo in vitro foi realizado, comparando a ação antimicrobiana da associação dos óleos essenciais Tea Tree (Melaleuca alternifolia) e Petitgrain (citrus aurantium) com hipoclorito de sódio 2,5% e solução de digluconato de clorexidina 2% como soluções irrigadoras em biofilme multiespécie. Foi avaliada a viabilidade dos microrganismos através dos experimentos de MTT e Live/Dead com posterior visualização em microscopia confocal e de varredura. A busca por novas soluções irrigadoras é essencial no campo da endodontia, uma vez que não há ainda no meio clínico nenhum irrigante do canal radicular que proporcione conjuntamente características ideais, tais como um bom espectro antimicrobiano associado a biocompatibilidade aceitável com os tecidos periapicais.”

“ O sucesso dos tratamentos endodônticos tem mostrado uma tendência de estagnação ao longo do tempo, com pouca variação nos resultados, tanto em casos não cirúrgicos quanto cirúrgicos. Desafios complexos, como a anatomia intrincada dos canais radiculares e obstruções dentro dos canais, contribuem para insucessos persistentes devido à dificuldade de acesso aos conteúdos necróticos e à contaminação microbiana. O tratamento endodôntico convencional demanda tempo e habilidade do profissional, além de causar maior stress ao paciente, desgaste das estruturas dentárias e menor precisão em comparação com as técnicas guiadas. Essas limitações impactam negativamente a resistência dentária e podem comprometer o prognóstico de longo prazo do dente, bem como as taxas futuras de sucesso dos tratamentos endodônticos. Tecnologias avançadas têm demonstrado resultados satisfatórios em tratamentos complexos, como as técnicas guiadas por computador. O objetivo desta tese de doutorado é explorar a endodontia guiada em quatro capítulos distintos. O primeiro capítulo realiza uma revisão de escopo da literatura, intitulada "O Estado da Arte da Endodontia Guiada", que aborda os avanços recentes em técnicas guiadas na endodontia e suas implicações tecnológicas, incluindo o papel da inteligência artificial e da robótica no tratamento endodôntico. São analisadas técnicas emergentes, fornecendo uma visão ampla do cenário atual, suas aplicações clínicas e os benefícios potenciais. O segundo capítulo apresenta um estudo de caso inovador, "Tratamento endodôntico guiado em região de acesso bucal restrito", descrevendo o tratamento de um molar mandibular com calcificação distrófica nos canais radiculares mesiais. Estratégias CAD-CAM e a criação de guias endodônticas permitiram uma abordagem mais segura e rápida. Os capítulos 3 e 4 discutem as conclusões da tese e sua relevância clínica na superação de desafios em tratamentos complexos, apresentando também a Press Release. Ao reunir esses capítulos, esta tese oferece uma análise abrangente do estado atual da endodontia guiada e seu potencial para promover avanços na prática clínica, contribuindo para aprimorar o entendimento dessa área que está em seus primeiros estágios de desenvolvimento.

“ As complicações bucais decorrentes das alterações metabólicas do Diabetes Mellitus são bem documentadas na literatura. Entre elas a hipossalivação tem se mostrado como um fator agravante e limitante para o reestabelecimento do equilíbrio em saúde dos indivíduos com a doença. Nesse contexto, o diagnóstico e definição de um tratamento adequado e previsível devem ser conduzidos pelos profissionais dentistas envolvidos nos cuidados dessa população, levando em consideração as limitações fisiológica, medicamentosas e de aceitação do tratamento pelos indivíduos portadores de Diabetes Mellitos. A estimulação física do fluxo salivar com o laser de baixa intensidade e com a estimulação transcutânea neural elétrica (TENS) êm se mostrado como uma excelente alternativa de tratamento, pois apresentam poucos efeitos colaterias e contra-indicações limitadas, boa aceitação da terapia, baixo custo e fácil replicação da técnica. Todavia, ainda não existem ensaios clínicos com qualidade para definição de protocolos clínicos validados. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi realizar uma análise detalhada de todo processo de formação salivar, suas funções e métodos de estimulação, com destaque para o estímulo físico por suas vantagens já descritas.

"coronavírus, popularmente conhecido como COVID-19, instaurou uma crise global desafiadora nos sistemas de saúde. A maioria dos casos são assintomáticos ou desencadeiam sintomas leves, como uma leve gripe, mas respostas mais severas podem ser desenvolvidas, como uma pneumonia fulminante. Durante a pandemia de COVID-19, as severas complicações de saúde provocadas pelo SARS-CoV-2, acarretaram no aumento do tempo de internação do paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de um aumento no tipo e na quantidade de manifestacões orais já encontradas em ambiente hospitalar. Muitos sintomas orais relacionados com a COVID-19 já foram descritos na literatura porém, há uma escassez quanto aos sinais orais desencadeados por essa infecção. O objetivo dessa Revisão Sistemática é avaliar a prevalência de lesões de cavidade oral em pacientes adultos diagnosticados com COVID-19 hospitalizados na enfermaria ou na UTI. Metodologia: Foi realizada uma busca nas bases PUBMED/Medline, Embase, LILACS, Web of Science, Scopus, Livivo, Google Scholar, Open Grey e Proquest, além de uma busca manual da lista de referência dos estudos incluídos. Para a pesquisa dos estudos foi utilizada uma combinação de descritores e termos livres para “coronavirus”, “manifestações orais” e “pacientes hospitalizados”. Para seleção e administração das referências foram utilizados os aplicativos EndNoteBasic® e Rayyan. Foram selecionados estudos publicados entre 2020 e 2022 (período correspondente à pandemia), que incluíam obrigatoriamente pacientes adultos, maiores de 18 anos, com diagnóstico de COVID-19, internados em enfermaria ou em UTI, que apresentassem lesões orais. A qualidade metodológica foi analisada por meio das ferramentas do manual do Instituto Joana Briggs (JBI). Os dados extraídos foram organizados em tabelas, sendo realizada uma rigorosa síntese narrativa. Resultados: Foram encontrados no total 3.952 estudos, restando 79 para a leitura completa, e foram incluídos 24 estudos, sendo: seis relatos de casos, quatro séries de casos, três estudos de coorte, dez estudos transversais e um caso controle, desenvolvidos em dez países, sendo um único estudo sem relato do país de realização. Na maioria dos estudos o tipo de teste utilizado para o diagnóstico da COVID-19 foi relatado, assim como o tipo de ventilação utilizada pelo paciente durante a internação. Todos os 24 estudos relataram a localização e os tipos das lesões, assim a prevalência decrescente dos tipos de lesões são candidose (11,42%), seguida de lesões ulceradas inespecíficas (9,5%), sangramento oral inespecífico (4,30%) e lesões virais (2,70%). Já a localização das lesões está descrita como lábios, língua, palato e gengiva. Conclusão: Pacientes internados em ambiente hospitalar desenvolvem lesões em cavidade oral, assim como pacientes diagnosticados com COVID-19, sendo a lesão fúngica a mais prevalente tanto em pacientes hospitalares quanto em pacientes diagnosticados com COVID-19. No entanto, um alto nível de heterogeneidade dos estudos e das metodologias aplicadas, assim como a falta de padronização do local e dos tipos das lesões, limitou a comparação dos resultados e dos desfechos. Assim, existe a necessidade de estudos mais padronizados, que portanto, permitam a análise comparativa.”

"Introdução: A Odontologia Brasileira é reconhecidamente a maior do mundo, em quantidade de profissionais. Para alcançar esse patamar, foi realizada a abertura de cursos de odontologia para a concepção de novos odontólogos, alcançando cerca de 20% da parcela mundial. Conjuntamente, a Educação Permanente em Saúde foi desenvolvida com o intuito de qualificar o profissional de saúde do SUS, nesse contexto a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) surge como promotora de cursos de educação à distância para a qualificação de profissionais do SUS. Objetivos: O objetivo desse trabalho é estudar a tendência de aumento da quantidade de profissionais de odontologia ocasionado pelo aumento do número de cursos oferecidos para essa profissão (1980 a 2019), e do aumento de registros na UNA-SUS por parte de Cirurgiões-Dentistas (2010 a 2019), e traçar um cenário preditivo dessas variáveis para o ano de 2025 à nível nacional e regional. Metodologia: Foi realizado um estudo de Séries Temporais (ST) com dados do CFO, do e-MEC e do Painel de Monitoramento da Universidade Aberta do SUS. A previsão para os próximos anos foi realizada utilizando o modelo GAM para predição de registros no CFO e novos cursos de odontologia, e o método Holt-Winters para predição de registros na UNA-SUS. O modelo de Regressão Linear Simples foi utilizado para investigar tendências, dada a relação da quantidade de registros com o número de cursos de odontologia, e do número de registros no CFO dada a quantidade de ingressos na UNA-SUS, com uso do p-valor para teste de hipóteses. As análises foram realizadas em 6 cenários, sendo o primeiro em nível nacional e outros 5 por região. Resultados: Em 1980 haviam 66 cursos de odontologia no
Brasil. De 1980 a 2019 houve a abertura de 427 cursos de odontologia, com maior aumento na região sudeste e nordeste, com 31.14%% (n=133) e 29.03% (n=124). Estima-se, para 2025, que na região sudeste haverá 18.318 (IC95% 15.509-21.126) novos CDs, seguido da região nordeste com 8.179 (IC95%, 7.374-8.984). No Brasil, de 2013 a 2019, cada curso de odontologia foi responsável pela formação de 165 CDs (p<0.001, R2 96%) anualmente, com maior incidência na região sudeste com 252 CDs (p<0.001, R2 88%). Em todas as regiões as H0 foram rejeitadas. Nesse período de 2010-2019 houve 59.790 ingressos, por CDs, em busca de qualificação profissional no sistema UNA-SUS. Estima-se que haverá 22.649 (IC95% 3.621-41.677) novos cadastros de CDs na UNA-SUS em 2025. Foi verificado que há relação entre a quantidade de registros no CFO e a quantidade de ingressos na UNA-SUS (p<0.001, R2 93%). Conclusão: A partir do ano 2000, a maior parte das ST saem do estado de tendência lateral, ou seja, sem crescimento real para crescimento em tendência de alta, ao passo que a partir de 2015 atingem comportamento de alta com ausência de resistência ou indícios de lateralidade. Nenhuma das séries temporais observadas apresenta tendência de estabilização ou queda para os próximos anos, de modo que a tendência de alta elevada foi vista para todos os cenários."

"O objetivo deste estudo transversal observacional analítico foi investigar os determinantes da higiene bucal de escolares de 6 a 9 anos de idade em duas áreas socioeconomicamente vulneráveis do Distrito Federal. Como linha de base de uma pesquisa de implementação de intervenções a longo prazo para melhoria da qualidade de vida das crianças. Dois questionários foram aplicados aos pais, um questionário referente aos hábitos, saúde mental e física, e impacto da saúde nas tarefas domésticas rotineiras e outro questionário em relação a informações demográficas e condições socioeconômicas da família. Para avaliar o peso corporal foram utilizadas as medidas antropométricas. Os dados foram coletados e analisados através da estatística descritiva (a partir de tabelas de frequências univariadas e multivariadas), teste qui-quadrado e modelo de regressão de Poisson. Todas as análises foram realizadas considerando o nível de significância de 5%. Das 474 crianças respondentes aos questionários, 36,1% tinham 8 anos, 53,8% em meninos, 85,2% tinham renda per capita menor que um salário mínimo, 53,4% das mães tinham Ensino Médio Completo e 78,3% das crianças tinham baixo peso. 79,7% das crianças escovavam os dentes duas vezes ou mais por dia e 78,1% das crianças apresentaram biofilme visível. A renda per capita (p=0,031) e o biofilme visível (p=0,008) tiveram diferença estatística quando associadas à frequência de escovação. Os outros determinantes não mostraram diferença estatística, apesar da análise univariada e multivariada mostrar que crianças mais velhas, meninos, mães com menos ensino e crianças abaixo do peso têm a tendência de escovar os dentes com menor frequência. Conclui-se que para essa amostra da população o determinante renda per capita influência na frequência da escovação e que a frequência da escovação influência no biofilme visível.”

“Os objetivos do presente estudo foram: 1) realizar uma revisão sistemática (RS) para avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) dos cirurgiões-dentistas sobre a Odontologia de Mínima Intervenção (OMI); 2) elaborar um questionário a partir de estudos prévios, mensurar suas propriedades psicométricas e avaliar os conhecimentos, habilidades, atitudes e barreiras dos cirurgiões-dentistas (CDs) do Distrito Federal (DF), sobre a OMI. 1) Foram incluídos estudos transversais que analisaram os resultados de CAP sobre os princípios de OMI. As pesquisas foram realizadas em janeiro de 2022. Dois revisores independentes selecionaram os estudos incluídos. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada por meio do Checklist de Avaliação Crítica do Instituto Joanna Briggs para Estudos de Prevalência. Metanálise de proporção foi realizada. O teste Q de Cochran foi usado para avaliar a heterogeneidade e estatística I2. Dos 2.079 estudos identificados, doze foram incluídos. A proporção combinada de conhecimento sobre OMI foi de 75,66% e de atitudes e prática foi de 47,95%. Os achados sugerem que o conhecimento dos dentistas sobre tópicos da OMI é aceitável, e as atitudes e as práticas precisam de melhorias. Os estudos carecem de uniformidade nos métodos e ainda há necessidade de mais estudos para elucidar o CAP dos cirurgiões-dentistas. 2) O questionário elaborado passou pela análise de uma equipe de brasileiros experts no tema. Foram realizados dois grupos focais e um pré-teste para averiguar a redação, sequência das perguntas e entendimento das questões. O Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC) foi calculado. Os ajustes necessários foram realizados. Após aplicado, foi realizado Análise Fatorial Exploratória para avaliar a estrutura fatorial do questionário. Utilizou-se Análise Paralela com permutação aleatória dos dados. Um CVC maior que 0,80 foi obtido em todos os itens do questionário. A análise paralela sugeriu que os itens do questionário se dividem em quatro fatores. As cargas fatoriais dos itens foram adequadas em seus respectivos fatores. O questionário foi enviado pelas mídias sociais aos CDs. Os dados foram consolidados em planilha Excel®, e apresentados com estatística descritiva. Foi realizada Regressão Logística. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Uma amostra de 404 participantes foi obtida. A maioria dos respondentes, 74% (n=299), era do sexo feminino e um tempo de experiência médio de 12 anos. O melhor escore foi obtido na prática acerca da orientação sobre a escovação dentária diária com pasta fluoretada em que 95,6% (n=386) relataram realizá-la; o pior na questão sobre o conhecimento acerca de restaurações minimamente invasivas, com 38,6% (n=156). Em relação as barreiras para se atualizar, os seguintes itens foram apontados com “alguma dificuldade”: “tempo e organização para atualizar o conhecimento” (n=143; 35,4%), "valorização dos pacientes em remunerar procedimentos de mínima intervenção (MI)” (n=109; 26,9%) e “remuneração adequada dos procedimentos de MI” com (n=116; 28,7%). Este estudo mostrou uma proporção geral de conhecimentos, habilidades e atitudes dos profissionais adequada. Conclui-se que os CDs do DF possuem competências adequadas em OMI e alguma barreiras ainda precisam ser enfrentadas para melhorar a atualização e prática da Odontologia de Mínima Intervenção.”

“Dentre os problemas relacionados ao sono e estilo de vida, podemos citar o bruxismo e o distúrbio do refluxo gastroesofágico, que apresentam associações e podem ocorrer em conjunto em um mesmo indivíduo. O ácido gástrico tem um pH extremamente baixo e um alto potencial de dano corrosivo. Quando em contato com a cavidade oral, pode afetar os dentes e os materiais odontológicos, como as resinas para confecção de placas oclusais, que são uma forma de tratamento reversível, atraumático e conservador das disfunções temporomandibulares, além de protegerem a dentição em episódios de bruxismo do sono. Esses dispositivos podem ser confeccionados de diversos materiais, tanto pelo fluxo analógico quanto pelo digital. O conhecimento de como as resinas para confecção das placas oclusais se comportam quando submetidas à pH extremamente ácido, como o proveniente do ácido clorídrico, ainda é escasso e pode auxiliar o cirurgião-dentista na seleção destes materiais em pacientes com diagnóstico de distúrbio do refluxo gastroesofágico associado a outras patologias que necessitam de abordagem com placa oclusal. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito erosivo do ácido clorídrico na superfície de materiais resinosos utilizados para confecção de placas oclusais. Os materiais avaliados foram divididos em 6 grupos: resina autopolimerizável, resina termopolimerizável por energia de micro-ondas, resina termopolimerizável por banho de água quente, resina para impressão SmartDent, resina para impressão Makertech e resina fresada. Todas as amostras foram avaliadas em três tempos: T0 - após a confecção; T1 – após 45 horas de desafio erosivo (HCL pH=2); T2 – após 91 horas de desafio erosivo (HCL pH=2). Os grupos foram avaliados quanto a rugosidade superficial, microdureza Vickers, resistência flexural e módulo de elasticidade. Os dados obtidos foram submetidos ao teste ANOVA de medidas repetidas de dois fatores para rugosidade superficial e microdureza e ANOVA de dois fatores para resistência flexural e módulo de elasticidade, seguidos do Teste Tukey com nível de significância de 5%. Para microdureza superficial, apenas o grupo termopolimerizável por água quente apresentou aumento dos valores iniciais após o desafio erosivo, demonstrando maiores valores quando comparado aos outros grupos. Para rugosidade superficial, apenas o grupo impresso Makertech apresentou aumento. O grupo fresado não demonstrou diferenças e os demais materiais testados diminuíram sua rugosidade superficial. Para resistência flexural, os grupos de resina termopolimerizável por energia de microondas e resina fresada diminuíram seus valores. Os demais grupos não demonstraram diferença estatística ao final da imersão em HCL. Para o módulo de elasticidade, as resinas: autopolimerizável, termopolimerizável por energia de micro-ondas e fresada diminuíram seus valores, enquanto as resinas termopolimerizável por banho de água quente e de impressão, não demonstraram diferença estatística ao final do desafio erosivo. Foi observada uma divergência entre os resultados obtidos nos diversos testes e com os diversos grupos testados. Concluímos que dentre os materiais analógicos, a resina acrílica termopolimerizável por água quente se sobressai quando submetida a desafio erosivo. Já entre os materiais digitais, o grupo fresado demonstrou propriedades mecânicas mais interessantes.”

Esta revisão sistemática teve como objetivo avaliar a eficácia do tratamento com toxina botulínica do tipo A (BTX-A) para correção ou atenuação de assimetrias faciais decorrentes de paralisia facial. O protocolo deste estudo foi registrado no PROSPERO (CRD42022335626). O desenvolvimento seguiu as diretrizes para revisões sistemáticas (PRISMA 2020). Sete bases de dados eletrônicas e literatura cinzenta foram consultadas, além das listas de referências dos artigos incluídos. Os critérios de inclusão foram estudos do tipo ensaios clínicos randomizados, estudos não randomizados de intervenção, e série de casos com no mínimo 10 pacientes, nos quais os impactos do uso da toxina botulínica para o tratamento de assimetria facial em decorrência de paralisia facial foram comparados com outras terapias que não a toxina botulínica ou nenhuma terapia. Após a remoção de artigos duplicados, restaram 1340 artigos, que foram lidos em duas fases, resultando em 18 artigos incluídos nesta revisão. Seis dos artigos selecionados eram estudos do tipo antes e depois[11,13,15,17,22,27] , três estudos eram coortes prospectivas[14,19,24] , três estudos eram do tipo coorte retrospectiva[10,16,25] , cinco foram ensaios clínicos randomizados[12,18,20,21,26] e um estudo do tipo série de casos[2] .A avaliação da qualidade metodológica dos artigos foi realizada por meio dos Instrumentos de Avaliação Crítica do Instituto Joanna Briggs. Em todos os estudos, houve melhora nos sintomas de paralisia facial após o uso do BTX-A, porém a maioria dos estudos possuía amostras pequenas, o que limita a generalização dos resultados para uma população maior. Além disso, houve variações na dosagem, no tipo de BTX-A utilizado e no número de injeções e dose por ponto, o que dificultou a comparação entre os estudos e a realização de meta-análise. Com base nos estudos incluídos nesta revisão sistemática, pode-se afirmar que o uso da toxina botulínica do tipo A pode ser efetivo para atenuar ou corrigir a assimetria facial causada por paralisia facial.

"A utilização de pinos de fibra de vidro pode ser indicada diante de grandes perdas de estrutura dentária, em dentes tratados endodonticamente. A adesão do pino ao conduto radicular pode ser alterada diante da solução irrigante prévia a cimentação desses retentores, e a utilização de agentes oxidantes prévia a essa etapa tem apresentado bons resultados referentes a esse processo. O presente estudo teve como objetivo avaliar a resistência de união de pinos de fibra de vidro, através do teste pull-out, após a utilização do Tiossulfato de Sódio e do Ácido Ascórbico para reverter a desproteinização da dentina. 92 dentes bovinos unirradiculares tratados endodonticamente foram utilizados para esse estudo, divididos em quatro grupos com diferentes protocolos de irrigação, e após a realização da cimentação dos pinos de fibra de vidro e a realização do teste de resistência pull-out. Os dados obtidos foram submetidos a análise estatística, utilizando o teste de Kruskal-Wallis com nível de significância de 0.05, apresentando diferença estatística significante entre os quatro grupos testados, com uma maior resistência adesiva média no grupo irrigado com Ácido Ascórbico a 10% após a desproteinização com NaOCL a 5%. A utilização de agentes antioxidantes prévia a cimentação de pinos de fibra de vidro pode contribuir para a reversão da desproteinização da dentina, e consequentemente melhorar a resistência adesiva".

"Resinas bisacrílicas e resinas obtidas por impressão 3D com a indicação clínica para restaurações provisórias são comercializadas. Objetivo: avaliar as propriedades mecânicas de resinas para indicação provisória ou “semipermanente” produzidas por manufatura aditiva e compará-las a materiais já estabelecidos para esse fim na rotina clínica como resinas bisacrílicas e resinas compostas. Materiais e métodos: avaliou-se a resistência flexural (σ) e a microdureza de duas resinas impressas (BP, BioProv e BC, BioCrown, Makertech), duas resinas bisacrílicas (LT, LuxaTemp e LC, LuxaCrown, DMG) e uma resina composta convencional (Z100, Filtek Z100, 3M). Para o teste de σ foram produzidas 40 barras (25x2x2mm, ISO 4049, n=8) em moldes de metal ou em impressora 3D (Mars3, Elegoo) com pós-processamento conforme fabricante. Após armazenamento 24h (37°C), a σ (três pontos) foi testada em máquina de ensaios universal. Para o teste de microdureza (Vickers, HV) foram produzidos 50 discos (Ø6mmx2mm, n=10) com as mesmas resinas, submetidos a polimento até lixa #2000 e levados ao microdurômetro após 7 dias (37°C). Para ambos os testes, a análise estatística foi realizada por ANOVA (one-way) e post hoc de Tukey, com 𝘢= 5%. A σ (MPa±DP) de Z100 (131,1±7,7) e BC (128,7±16,7) foi significativamente superior às demais resinas; LC (97,9±10,2) teve σ maior que LT (78,5 ± 11,9) e BP (76,3 ± 7,2). Os valores de microdureza (VHN±DP) demonstraram que a resina Z100 (110±8,9) foi superior às demais resinas; BC (26,7 ± 2,84) apresentou maior dureza que BP (19,7±3,31), LC (19,5±2,27) e LT(20,6±2,09). Conclusão: A σ de uma resina impressa já se assemelhaa de uma resina composta restauradora convencional. A HV de resinas bisacrílicas e impressas, apesar de notáveis progressos, continua mais baixa. Estudos são necessários para entender os reflexos dessas propriedades na realidade clínica."

"Este estudo avaliou duas propriedades mecânicas nos diferentes terços de dois tipos de pino de fibra de vidro (PFV). Para o estudo foram utilizados 50 dentes bovinos extraídos, os quais foram divididos entre os testes: microdureza Vickers (n=5) e resistência de união (n=20). Os grupos foram denominados de Comercial (pino Exacto – Angelus, Londrina – PR, BR) e Experimental (pino de fibra de vidro e quartzo patenteado) para os dois tipos de teste. A avaliação estatística de normalidade foi feita por meio do teste de Shapiro Wilk, seguido de Anova two-way para comparação das variáveis, com o nível de significância de 0,05. O resultado obtido apontou que houve diferença estatisticamente significativa da resistência de união entre os mesmos terços dos diferentes PFV. Ao comparar a resistência de união no terço apical, o grupo comercial obteve um valor médio de 4,07 MPa, enquanto o grupo experimental apresentou média de 8,02 MPa. Diferentemente da microdureza Vickers que não apresentou este mesmo comportamento. Dessa forma, os maiores valores de resistência de união nos terços mais distantes da coroa foram obtidos nos espécimes em que se utilizou o pino de fibra de vidro e quartzo."

Anualmente, mais de meio milhão de pacientes no mundo são diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço e, desses casos, aproximadamente 75% são tratados com radioterapia, essa radiação frequente afeta os tecidos glandulares da região levando ao surgimento da xerostomia. Essa deficiência de saliva pode provocar várias alterações como dor, suscetibilidade a ulcerações, disfagia, disfonia, dentre outras, o que afeta a qualidade de vida desses pacientes, com impactos negativos tanto emocionalmente quanto mentalmente. A ozonioterapia vem se mostrando muito eficaz em diversas áreas da medicina, em especial devido a sua característica antioxidante que atua na diminuição do processo oxidativo, bem como no aumento da vascularização e sistema imunológico. O objetivo desse estudo foi avaliar a qualidade de vida dos pacientes com xerostomia após radioterapia de cabeça e pescoço antes e após o tratamento com gás ozonizado. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e teve o início de sua execução após sua aprovação. Foram avaliados 8 pacientes e aplicado o questionário Related Quality of Life Scale (XeQoLS), desses 6 do sexo masculino e 2 do sexo feminino, a média dos scores antes do tratamento foi de cerca de 66,75 e após o tratamento com ozônio foi de 32,25, todos os pacientes alegaram melhora da salivação após o tratamento. Pode-se concluir que o gás ozonizado foi efetivo na melhora da salivação dos pacientes estudados, melhorando a qualidade de vida dos mesmos.

“A osteoporose é uma doença esquelética relacionada à perda da resistência óssea que predispõe a fraturas por trauma mínimo. As fraturas relacionadas à doença diminuem a qualidade de vida dos indivíduos afetados, aumentam o número de internações hospitalares e podem levar ao aumento da mortalidade, principalmente em idosos que, juntamente com as mulheres na pós-menopausa, representam o grupo de maior risco para a doença. Além disso, as fraturas por osteoporose são geralmente assintomáticas e, por isso, a doença é considerada como silenciosa. São necessários, portanto, métodos de rastreamento de pessoas com risco aumentado de fraturas, o que poderia diminuir o impacto sócio-econômico da doença. Visto que a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) é um exame muito utilizado na população idosa, principalmente para planejamento de implantes e, que alterações mandibulares já foram relatadas em pacientes com osteoporose, tornase necessário verificar este exame como instrumento auxiliar no diagnóstico da doença. Ferramentas de Inteligência Artificial baseados em recursos radiômicos vem sendo aplicadas no diagnóstico de patologias por oferecerem bom desempenho na detecção de alterações teciduais. Entretanto, essa ferramenta ainda não foi validada para detecção de osteoporose em análise quantitativa óssea da mandíbula por TCFC. Este estudo teve como objetivo determinar a assinatura radiômica de um padrão patológico em TCFC de mulheres na pós menopausa com osteoporose. Foram retrospectivamente selecionadas, segundo critérios, 100 mulheres após o período de menopausa, que apresentavam TCFC e exame de densitometria por dupla emissão de fótons (DXA), com e sem diagnóstico de osteoporose. Após determinado região de interesse na TCFC, selecionou-se manualmente 5 sítios de segmentação por exame: dois de osso cortical da mandíbula, dois de osso trabeculado da mandíbula e um de osso trabeculado do axis. Das segmentações, as dados quantitativos foram extraídos e compilados em plataformas de programação, objetivando construção de códigos computacionais e a seleção de recursos radiômicos mais relevantes. 49 pacientes tiveram diagnóstico de osteoporose segundo o exame de DXA, e 51 sem osteoporose. Foram extraídos 535 recursos radiômicos por paciente, distribuídos em sete classes: forma, primeira ordem, GLCM, GLDM, GLRLM, GLSZM e NGTDM. A radiômica é um recurso sofisticado de análise de imagens, mostrando características únicas que acabam se tornando variáveis para a construção de modelos diagnósticos, prognósticos e/ou preditivos. Seu fluxo de trabalho inclui várias etapas, incluindo a aquisição de imagens, segmentação e extração de recursos, e a reprodutibilidade. A validação de modelos radiômicos preditvos requerem reprodutibilidade e generalização dos recursos radiômicos. Estratégias deverão ser aplicadas para construção de modelos e processamentos dos dados de alta dimensionalidade que a radiômica exige, bem como padronização dos processos de análise.”

Atualmente, as disfunções temporomandibulares e bruxismo são queixas comuns a uma grande parte da população. Dentre os tratamentos que são realizados, podemos destacar as placas oclusais. Os materiais utilizados atualmente para a produção das placas, como as resinas acrílicas ou resinas impressas em 3D, possuem propriedades mecânicas adequadas para controle do bruxismo, porém, com o uso diário, podem surgir trincas ou pequenas fraturas, gerando necessidade de reparos nas placas 3D. O objetivo deste trabalho foi avaliar a força de adesão através do teste mecânico de cisalhamento de 4 tipos de materiais reparadores de placas oclusais produzidas em impressoras 3D: Resina Flow, Resina acrílica Autopolimerizável, Resina Bisacílica e Resina para impressão 3D de placas oclusais. Foram produzidos 33 discos em Resina para impressão 3D de placas oclusais com 18mm de diâmetro e 3 mm de espessura. Após polimento, regularização da superfície e posicionamento dos materiais restauradores nos corpos de prova, as amostras foram divididas em 2 grupos, sendo o primeiro armazenado em água destilada durante 24 horas e o segundo submetido a termociclagem em 10.000 ciclos. Em seguida, foi realizado o teste de cisalhamento usando uma célula de carga em formato de cunha, com força de 5 KN e velocidade da cruzeta de 0,5 mm / min. A força de cisalhamento foi registrada até a falha e convertida em tensão de cisalhamento (MPa). Foi realizada ANOVA de duas vias (tipo de material de reparo e tempo), sendo todos seguidos do teste de Tukey, com nível de significância de 5%. Após os testes, no grupo 1, a resina bisacrílica apresentou os melhores valores de força de adesão (P<0.05), porém esse resultado não se manteve após a termociclagem. No grupo 2, todos os materiais reparadores, com exceção da resina bisacrílica, mantiveram os valores das forças de adesão aproximados aos do grupo 1 (P<0.05). A resina acrílica autopolimerizável apresentou bons resultados no grupo 1, melhorando seus valores após a termociclagem (grupo 2). A partir dos resultados, pode-se concluir que, dentre os materiais avaliados, a resina autopolimerizável foi o material que apresentou melhores resultados de força de adesão e deve ser considerado como material de escolha para o reparo de placas oclusais produzidas em resina para impressão 3D de placas oclusais.

"Introdução: Na arcada inferior, o uso de contenção fixa é frequente, embora sua presença aumente o acúmulo de biofilme e tártaro podendo trazer prejuízos ao periodonto. Objetivo: O objetivo dessa pesquisa foi avaliar, in vitro, o acúmulo de Streptococcus mutans (S. mutans) em 3 desenhos de contenção fixa. Método: A partir de um único modelo da arcada dentária inferior, foram reproduzidos 9 modelos em resina acrílica termoativada e divididos em grupos: contenção reta (CR), contenção com alça vertical (CAV), contenção com alça horizontal (CAH) além de modelo normalizador em cada grupo. O acúmulo de S. mutans foi avaliado por meio do ensaio MTT (brometo de 3-4,5-dimetiltiazol-2-il-2,5-difeniltetrazólio) e então mensurada com leitor automatizado. O experimento foi repetido independentemente até atingir o n de 16 / grupo. Resultado: O grupo CAH apresentou menor acúmulo de biofilme, estatisticamente significante, em relação aos demais grupos (p<0.05). A distância entre a superfície dentária e a contenção mostrou forte correlação negativa com o acúmulo de biofilme (rs=-0,79, p=0,00037). Conclusão: A CAH apresentou acúmulo de S. mutans significativamente menor que os demais desenhos avaliados devido a distância entre a contenção e a superfície dentária. Essa pesquisa fornece dados relevantes para futuro estudo clínico randomizado.”

“Introdução: A obesidade e a cárie dentária são duas das condições mais comuns que afetam crianças globalmente e ambas têm implicações significativas no bem-estar e na saúde futura destas. Embora muito já se tenha pesquisado sobre a relação entre elas, os resultados até o momento permanecem ambíguos. Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar a relação entre obesidade e cárie em crianças brasileiras de 6 a 9 anos e crianças e adolescentes americanos de 2 a 5 anos e 8 a 19 anos. Métodos: O estudo foi dividido em três partes: análise de dados (cárie dentária, índice de massa corporal (IMC), escore z de IMC (ZBMI) e relação cintura-quadril (RCQ)) do projeto Estrutural Affordable Health Initiative (AHI) em escolares de 6 a 9 anos residentes em uma comunidade altamente carente do Distrito Federal, Brasil; análise dos dados (cárie dentária, IMC, ZBMI) de crianças de 2 a 5 anos da National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) 2011–2018 dos Estados Unidos; e análise dos dados (cárie dentária, índice de massa gorda (IMG) e percentual de gordura (%G)) de crianças e adolescentes de 8 a 19 anos também do NHANES 2011-2018. As associações foram testadas em modelos de regressão ajustados aos fatores de confusão. Resultados: Quanto aos dados do AHI, 62% das crianças tiveram experiência de cárie de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e 34% apresentaram peso corporal não saudável de acordo com a referência International Obesity Task Force (IOTF). A análise ROC (Receiver Operating Characteristic) mostrou que o IMC (AUC 0,492, IC 95%: 0,439 a 0,545) e a RCQ (AUC 0,514, IC 95%: 0,461 a 0,567) foram preditores fracos de cárie dentária. Em relação aos dados NHANES de crianças de 2 a 5 anos, em modelos brutos, a obesidade foi associada a valores mais elevados de cárie dentária não tratada ao se aplicar os padrões da IOTF (RR: 2,43, IC 95%: 1,11, 5,29), mas não os da OMS e do Centers for Disease Control and Prevention (CDC); a obesidade foi associada à experiência de cárie mais elevada ao usar os padrões da OMS (1,57, 95% CI: 1,11–2,22), CDC (1,70, 95% CI: 1,17–2,46) e IOTF (2,43, 95% CI: 1,73–3,42); a obesidade foi associada à prevalência de cárie ao longo da vida ao usar os padrões da OMS (1,55, 95% CI: 1,05– 2,29), CDC (1,73, 95% CI: 1,14–2,62) e IOTF (2,45, 95% CI: 1,61–3,71), mas não com prevalência de cárie não tratada. Essas associações foram totalmente atenuadas após o controle de fatores demográficos, nível socioeconômico (NSE) familiar e ingestão de açúcares adicionados. Em crianças e adolescentes de 8 a 19 anos, o IMG foi associado ao valor do CPOD (Rate Ratio: 1,03, IC 95%: 1,01-1,05) e à prevalência de cárie ao longo da vida (Odds Ratio: 1,06, IC 95%: 1,03-1,08), mas as associações foram atenuadas após o ajuste para fatores de confusão. Nem o escore do %G nem a presença de excesso de adiposidade, definido de acordo com os padrões de referência do %G ou do IMG, foram associados à cárie dentária. Conclusões: Concluiu-se que a relação entre obesidade e cárie em crianças e adolescentes variou de acordo com as medidas de adiposidade adotadas, bem como na definição de obesidade e cárie dentária. Além disso, as associações foram atenuadas após ajuste para nível socioeconômico familiar e ingestão de açúcares adicionados.”

"Introdução: O manejo de lesões de cárie cavitadas não acessíveis aos instrumentos de higienização e com sinais de atividade tem como indicação a remoção seletiva de tecido cariado. Esta técnica tem diferentes condutas clínicas, a depender da profundidade da lesão. O manejo de lesões profundas usualmente está associado a insegurança terapêutica por parte do profissional e a complicações pulpares imediatas ou a longo prazo. Objetivo: devido à necessidade de evidências científicas que favoreçam segurança terapêutica na intervenção de lesões profundas, o objetivo primário desta tese foi comparar, a partir de dados de um e dois anos de acompanhamento, remoção seletiva de tecido cariado por meio de critério objetivo versus subjetivo em lesões profundas. Método: Esta tese tem como base um estudo clínico randomizado controlado simples-cego de base comunitária. A amostra foi composta por molares decíduos vitais e assintomáticos com lesões de cárie profundas de alunos de seis escolas públicas do Paranoá – Distrito Federal. A amostra foi randomizada em (1) protocolo objetivo (O) – remoção seletiva com brocas de polímero e (2) protocolo subjetivo (S) – remoção seletiva com curetas. O tratamento foi realizado em unidade móvel odontológica por dois dentistas previamente treinados e, a avaliação, por dois examinadores calibrados. Resultados: 115 crianças foram tratadas (177 restaurações, 91S, 85O). Modelos lineares generalizados (GLM) e análise de regressão de Cox multinível foram aplicados. Após dois anos, de 136 restaurações (71S, 65O), 50S e 48O apresentaram sucesso (critério ART 0/1, sem complicações pulpares, sem necessidade de reintervenção e/ou extração) e 70S e 65O sobreviveram (dente retido com ou sem a necessidade de novos retratamentos, ou esfoliado). Houve 9 casos de complicações pulpares (7S, 2O). As análises não mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos ao se considerar tempo de tratamento, satisfação imediata do paciente e taxa de sucesso e sobrevida. Risco de falha não foi associado estatisticamente ao tipo de protocolo, à idade, ao gênero ou à arcada dentária. Maior risco de falha restauradora foi estatisticamente associado a restaurações envolvendo múltiplas superfícies. Conclusão: Ambos os protocolos avaliados podem ser considerados para o manejo de lesões de cárie profundas."

"A dor permeia a clínica odontológica, seja em decorrência de problemas bucais como a cárie dentária e suas complicações, ou relacionada à realização de procedimentos. Sua avaliação é um desafio para cirurgiões-dentistas (CDs) que atendem pacientes com dificuldade de comunicação (PDCs), o que pode comprometer seu tratamento. O objetivo desse estudo foi construir e validar um instrumento para avaliar a percepção de CDs sobre a dor em PDCs. Trata-se de estudo metodológico quantitativo para construção e validação de instrumento aplicado a 50 CDs. O instrumento inicial foi construído com 29 itens divididos em quatro domínios. A validade de conteúdo, de construto e a verificação da consistência interna foram confirmadas. A validação de conteúdo foi realizada por juízes através do Content Validity Index. A validação de constructo e consistência interna do instrumento foram realizadas por meio da análise fatorial exploratória e análise fatorial confirmatória, utilizando-se os testes estatísticos de α de Cronbach, Kaiser-Meyer-Olkin e Esfericidade de Bartlett. O instrumento final apresentou 21 itens, divididos em 3 domínios, sendo o α de Cronbach substancial para um deles e moderado para os demais. A variância total foi acima de 46,03% e pelo menos três itens retidos em cada fator, cargas fatoriais acima de 0,3, comunalidades maiores que 0,2 e autovalores > 1. Considerando as limitações do estudo, o instrumento apresentou viabilidade de aplicação e potencial de avaliação da percepção e manejo da dor em PDCs."

Um importante parâmetro para o sucesso clínico dos implantes dentários é a formação de um contato direto entre a superfície do implante e o osso circundante. Um determinante chave na construção dessa interface durante a osseointegração é a influência da composição da superfície do implante. Os implantes com tratamentos de superfície, como jateamento de areia, macropartículas e ataque ácido, foram extensivamente estudados tanto in vitro quanto in vivo. O presente trabalho tem como objetivo avaliar, por meio de microscopia óptica de ângulo de contato oca25® (DataPhysics Intruments GmbH, Filderstadt, Germany), a molhabilidade dos discos de titânio com superfície tratada e superfície lisa submetidos ao contato com o ozônio. As amostras foi composta por 30 discos de titânio, sendo 15 de superfície lisa (Implacil, São Paulo, Brasil) e 15 de superfície tratada Maestro® (Implacil, São Paulo, Brasil). De cada grupo 14 discos foram submetidos ao contato com o ozônio por tempos de exposição diferentes. A molhabilidade de cada disco foi avaliada por meio do ângulo de contato da água com as respectivas superfícies. Os discos foram submetidos a exposição com o ozônio em períodos de 08, 10, 12 e 24 horas. Os resultados mostraram um aumento significativo na molhabilidade de todos os discos de titânio que entraram em contato com o ozônio, principalmente os de superfície tratada. O período de exposição ao ozônio na presente pesquisa pareceu exercer maior influencia na superfície lisa, onde a diferença entre 08 e 24 horas se mostrou mais estatisticamente significante. Com base nos resultados obtidos, é pertinente concluir que o contato com o ozônio exerceu forte influencia no potencial de molhabilidade dos disco de titânio tanto nas superfícies lisas ou tratadas. 

“Introdução: O surgimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2) resultou em uma crise global de saúde pública (pandemia de COVID-19), levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declará-lo uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Nesse contexto de pandemia, tornou-se fundamental garantir atendimento aos pacientes com câncer, apesar do lockdown e das restrições. Assim, a Telemedicina se mostrou como uma ferramenta valiosa na avaliação e monitoramento do paciente, assim como no diagnóstico de condições gerais ou específicas. A assistência não presencial, mediada por tecnologia, foi uma das alternativas encontradas e se configurou numa abordagem possível. Mas, em que pese seus potenciais benefícios, quais foram suas limitações? O que poderia ter sido feito diferente? E no campo da odontologia: como se deu a assistência mediada por tecnologia? Objetivos: Avaliar o papel da teleodontologia em pacientes com câncer bucal durante a pandemia de COVID-19 por meio de revisão integrativa da literatura; avaliar a viabilidade da telessaúde no monitoramento de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, por meio de revisão sistemática sobre tecnologia remota, adesão do usuário, satisfação do usuário e qualidade de vida e avaliar o uso de ferramentas de inteligência artificial na detecção do câncer comparado aos métodos tradicionais de diagnóstico por imagem por meio de um panorama das revisões sistemáticas. Metodologia: Foram realizadas três revisões de literatura, sendo uma revisão integrativa, uma revisão sistemática de intervenção e uma revisão sistemática de diagnóstico para responder a perguntas sobre os benefícios, vantagens e desafios da teleodontologia durante a pandemia de COVID-19; os graus de adesão dos usuários, satisfação do usuário e qualidade de vida na adoção da telessaúde para monitoramento da tratamento de pacientes com câncer de cabeça e pescoço; e quão precisos são os aplicativos de inteligência artificial para detecção de câncer em pacientes adultos. A estratégia PICO (População, Intervenção, Comparação e Desfecho) e PIRD (Participante, Teste Índice, Teste de Referência e Diagnóstico de interesse) foi utilizada para definir os critérios de inclusão e exclusão nas revisões realizadas. Uma pesquisa ampla foi realizada em bases de dados como PubMed, Cochrane Central Register of Controlled Studies (Cochrane), SciVerse Scopus (Scopus), Web of Science, Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), Excerpta Medical Database (Embase), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Business Source Complete (EBSCOhost) e na literatura cinzenta através do PROQUEST, Google Scholar e JSTOR. Os descritores do Medical Subject Headings (MeSH) foram empregados para desenvolver a estratégia de pesquisa. A busca eletrônica foi padronizada para identificar os artigos relevantes por meio da combinações de todos os descritores. Foi utilizado o software gerenciador de referências online Rayyan QCRI (https://rayyan.qcri.org/welcome) para remoção de duplicatas, além da remoção manual. Os principais desfechos primários considerados foram os benefícios do uso da TO para pacientes em tratamento de câncer de boca e cabeça e pescoço durante a pandemia de COVID-19; modelo de aplicativo já utilizados em TM/Telesaúde; número de pacientes que aderem ao uso, qualidade de vida e satisfação do paciente no uso do aplicativo de TM/Telesaúde e detecção de cancer e diagnóstico por meio de inteligência artificial. A verificação da qualidade metodológica em estudos individuais foi avaliada pela Lista de Verificação de Avaliação Crítica do Joanna Briggs Institute (Instituto Joanna Briggs, 2014). Esta metodologia foi aplicada nas revisões sistemáticas.

Resultados: No primeiro estudo, apresentado no capítulo 2, observou-se que 78% dos pacientes atualmente preferem a teleodontologia; 92% dos pacientes recomendariam o uso da videoconsulta a outros pacientes. A continuidade do atendimento odontológico, a redução de visitas de pacientes ao hospital, a redução do risco de infecção pelo coronavírus e a limitação de consultas presenciais para proteger os profissionais de saúde são benefícios que reforçam o uso da teleodontologia pelas instituições de saúde. No segundo estudo, disposto no capítulo 3, embora tenha havido heterogeneidade quanto à tecnologia utilizada, os estudos incluídos mostraram que o monitoramento remoto e/ou autogerenciamento dos sintomas por meio de aplicativos móveis foi viável para a maioria dos pacientes, com graus satisfatórios de aceitabilidade, satisfação, usabilidade e adesão. No terceiro artigo, apresentado no capítulo 4, foi demonstrado que várias abordagens de Inteligência Artificial são promissoras em termos de especificidade, sensibilidade e precisão diagnóstica na detecção e diagnóstico de tumores malignos. Conclusão: A partir dos artigos realizados, concluiu-se que a Assistência Mediada por Tecnologia, durante a pandemia do COVID 19, nos campos médicos ou odontológicos, como ferramenta para monitoramento remoto de pacientes com câncer de boca e câncer de cabeça e pescoço, foi bem aceita pelos pacientes, e contribuiu para continuidade do atendimento odontológico, para redução das visitas dos pacientes ao hospital, redução do risco de infecção pelo coronavírus e a limitação do atendimento presencial para proteger profissionais de saúde. Todavia, observou-se a necessidade de uma interface mais amigável, de uma avaliação adequada da experiência do usuário para uma concreta aplicabilidade dessas ferramentas para monitoramento de pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Nesse contexto, a detecção e diagnóstico de tumores malignos com o auxílio de IA parecem ser viáveis e precisas com o uso de diferentes tecnologias, algoritmos de aprendizado profundo e de máquina e análise radiômica. As revisões realizadas apontam benefícios da assistência mediada por tecnologia também para o cuidado de pacientes com câncer, embora essas tecnologias não sejam capazes de substituir o profissional radiologista na análise de imagens médicas ou odontológicas. De maneira que, ainda que as evidências apontem que a assistência mediada por tecnologia foi uma abordagem possível em tempos de pandemia, mais estudos longitudinais multicêntricos são necessários para uma melhor possibilidade de aplicação clínica."

"O traumatismo dentário é um problema comum de saúde pública e afeta 20% a 30% da dentição permanente no mundo. As fraturas coronárias e luxações são as mais comuns de todas as lesões dentárias. A colagem de fragmento dentário é uma alternativa viável para restaurar um dente fraturado. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a experiência prévia de cirurgiões-dentistas do Distrito Federal em relação aos procedimentos de colagem de fragmento dentário. Trata-se de um estudo transversal observacional, aprovado pelo CEP/FS da Universidade de Brasília (CAAE 51465721.8.0000.0030) no qual foi disponibilizado um formulário eletrônico (plataforma Google Forms), com questões objetivas e autorreferidas, para os profissionais com CRO ativo, independente do grau de formação e/ou especialidade. Participaram do estudo 416 cirurgiões-dentistas, dos quais 58,9% eram do gênero feminino e 41,1% do masculino. Do total de participantes, 22,4% não possuem especialidade, por outro lado as especialidades mais prevalentes foram Ortodontia (16,1%) e Prótese Dentária (13,9%). 70% declararam possuir conhecimento sobre colagem de fragmento, porém apenas 42,3% relataram que já tiveram experiência prévia com este procedimento. O leite foi o meio de armazenamento mais citado (78,1%) para transportar o fragmento coronário e a associação adesivo + resina composta, o material intermediário para a colagem (86,3%). A maioria dos participantes relatou que diante de um caso clínico de fratura coronária não complicada, na presença de fragmento coronário em boas condições, optaria por fazer a colagem (66,3%), entretanto, houve uma grande divergência entre a escolha do tempo de reidratação do fragmento. Conclui-se que a maioria dos participantes conhece a técnica e demonstra saber conduzir adequadamente os casos de colagem de fragmento, entretanto alguns pontos precisam ser reforçados quanto a este procedimento."

"Diabetes mellitus e periodontite são duas doenças imunoinflamatórias que mantém uma relação bidirecional em que o estado crônico de uma pode ativar e manter a progressão da outra. A Periodontite é caracterizada por uma disbiose da microbiota oral e mediada por eventos do sistema imune, enquanto o diabetes mellitus é um grupo de desordens sistêmicas caracterizadas pela hiperglicemia resultante de defeito na secreção e/ou ação da insulina. A abordagem não-cirúrgica de raspagem e alisamento radicular é o tratamento “padrão ouro” da periodontite, mas muitas vezes essa terapia não produz os resultados clínicos desejados, sobretudo em indivíduos com alterações imunoinflamatórias e que apresentam risco de recorrência da doença bucal, como o diabetes. A ozonioterapia aliada ao tratamento periodontal tem sido estudada principalmente por seu efeito antimicrobiano; mas o ozônio também apresenta capacidade de biomodulação, como efeito antioxidante, anti-inflamatório e antihipóxia, o que representa benefício adicional aos indivíduos com diabetes. Apesar disso, apenas dois estudos avaliaram o efeito da ozonioterapia adjuvante a terapia periodontal nesse grupo de pacientes. Foi realizado uma revisão da literatura e, diante de poucas evidências diretas, foram também revisados os efeitos do ozônio sobre mecanismos moleculares e vias de sinalização relatados em outras situações ou doenças, mas que também estão presentes na periodontite e no diabetes. Baseado nessa revisão de literatura, foi proposto um protocolo nunca antes testado unindo as 3 formas de aplicação do ozônio (água, gás e óleo) adjuvante à terapia periodontal e que foi utilizado em sete pacientes com diabetes tipo 2. Foram avaliados dados clínicos periodontais (índice de sangramento a sondagem, profundidade de sondagem e nível de inserção clínica), bioquímicos (hemoglobina glicada e proteína C-reativa), além de análise microbiológica de algumas amostras (PCR em tempo real). Após 30 dias do tratamento, os pacientes apresentaram resultados periodontais satisfatórios e também melhora no controle glicêmico, sugerindo que a ozonioterapia pode ser uma poderosa ferramenta na terapia periodontal de pacientes com diabetes tipo 2 e merece ser melhor investigada e comparada com a terapia periodontal não cirúrgica unicamente."

“O interesse por materiais dentários que apresentem propriedades biológicas satisfatórias está diretamente ligado às necessidades terapêuticas de estruturas dentárias, como as das interfaces teciduais dentino-pulpar e perirradiculares, acometidas por defeitos de origem congênita ou por traumatismos e doenças, como a cárie. A busca pela biocompatibilidade dos materiais dentários foi despertada na Odontologia por meio de respostas biológicas favoráveis, observadas por B. W. Hermann, em 1920, quando este sugeriu o uso do hidróxido de cálcio (HC) para o tratamento conservador da polpa dentária. A partir dessas evidências, diversos outros materiais dentários têm sido sugeridos, como cimentos à base de silicato de cálcio, também denominados por "cimentos biocerâmicos", aos quais têm sido atribuídas propriedades biológicas superiores. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo verificar o desempenho de cimentos biocerâmicos no processo de reparo perirradicular. Para isso, inicialmente, celebrando o centenário do HC na Odontologia, uma revisão bibliométrica foi desenvolvida com o objetivo de analisar os 100 artigos mais citados sobre esse biomaterial dentário (manuscrito 1). A análise bibliométrica foi realizada na base de dados "Web of Science Core Collection" (WoS-CC). Título, informações sobre autoria, desenho do estudo, ano, periódico, número de citações, uso do HC e áreas da Odontologia foram extraídos. O número de citações nas bases de dados WoS-CC, Scopus e Google Scholar foi cruzado com a correlação de Spearman. Dos 1.596 artigos identificados, foi compilada uma lista com os 100 artigos mais citados.
O número de citações no WoS-CC variou de 78 a 384 (média: 131,4). Os principais usos do HC foram: medicação intracanal (61%) e proteção pulpar (29%). As áreas da Odontologia com mais estudos sobre HC foram Endodontia (62%) e Dentística (30%). O desenho de estudo mais frequente foi laboratorial (44%). Trezentos e trinta e cinco autores de 29 países foram identificados. Os Estados Unidos da América (EUA) foram o país líder com 23 artigos. Dag Ørstavik foi o autor com mais artigos e citações (9 artigos; 1.118 citações). A maioria dos artigos foi publicada entre 1991 e 2015 e no "Journal of Endodontics" (38%). Foi observada uma correlação positiva muito forte entre o número de citações nas bases de dados. Os 100 artigos mais citados foram publicados principalmente por periódicos europeus ou dos EUA, com desenhos laboratoriais e de intervenções multifacetadas. O presente estudo comemorou o centenário do HC, destacando o papel e a importância deste biomaterial odontológico. Por fim, como forma de análise da existência de evidências que indicam um melhor desempenho de cimentos biocerâmicos no processo de reparo perirradicular, no manuscrito 2 foi apresentado uma revisão narrativa com busca sistematizada. Após uma busca manual de 134 publicações nas bases de dados “PubMed” e “Web of Science”, um total de 72 publicações de 2005 a agosto de 2022 foram revisadas (Anexo 1). Os termos de busca foram “cimentos de silicato de cálcio” e “reparo”. Foram incluídas publicações em inglês que abordaram as propriedades biológicas de cimentos à base de silicato de cálcio e forneceram informações detalhadas suficientes da metodologia para serem resumidas nesta revisão narrativa. Os dados descritivos da presente revisão são apresentados principalmente quanto à capacidade de indução de uma resposta celular ou tecidual positiva para o processo de reparo tecidual perirradicular. Os dados coletados pretendem representar o “status quo” da literatura sobre respostas biológicas favoráveis de cimentos à base de silicato de cálcio no processo de reparo perirradicular. Dentro das limitações dos dados disponíveis na literatura
sobre as propriedades biológicas e desempenho no processo de reparo perirradicular promovido por cimentos à base de silicato de cálcio, estes biomateriais apresentam-se como alternativas promissoras; no entanto, mais pesquisas são necessárias para apoiar esse entendimento.”

"Admite-se que as atitudes e comportamentos da família e da mãe afetam a saúde geral e bucal da criança, havendo relatos de associação entre o desenvolvimento de cárie dentária da mesma e o estado civil dos pais. No entanto, não há consenso na literatura sobre esse tema, sendo necessárias mais pesquisas para estabelecer evidências confiáveis sobre o assunto. Da mesma forma, o defeito de desenvolvimento do esmalte denominado Hipomineralização Molar incisivo (HMI) aumenta as chances do indivíduo desenvolver lesões de cárie e quando não são bem treinados, dentistas tendem a diagnosticá-los erroneamente como cárie, podendo aumentar a prevalência da doença na população sob investigação. No entanto, até que ponto isso pode acontecer, ainda não foi investigado. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da estrutura familiar no estado de saúde bucal da criança em uma população considerada de alta vulnerabilidade social, bem como determinar o incremento na prevalência de cárie dentária, quando não se estabelece diferenciação entre lesões de cárie e HMI. Um total de 471 crianças foram examinadas por um único dentista calibrado para cárie dentária e HMI, utilizando o Caries Assessment Spectrum and Treatment (CAST) e o MIH Severity Scoring System (MIH-SSS), e os respectivos pais e/ou responsáveis submetidos a uma entrevista para coleta de dados socioeconômicos e hábitos de higiene. A prevalência de cárie na amostra, tendo como ponto de corte lesões em dentina, foi de 43,74% e, incluindo-se lesões em esmalte, de 52,87%. A estrutura familiar (estado civil da mãe e o chefe da família) não se mostrou um preditor para a prevalência de cárie; entretanto, houve associação significativa entre a baixa escolaridade da mãe e casos mais avançados da doença (RP = 1,41; p = 0,0077), baixa escolaridade da mãe e episódios de dor na boca (RP = 1,47; p = 0,0335), bem como residência não própria e presença substancial de placa nos dentes (RP = 1,13; p = 0,0493). A prevalência de HMI foi de 13,59%. A porcentagem de pacientes com cárie na dentição permanente foi significativamente maior entre crianças portadora de HMI (p < 0,0001), sendo que a chance desta criança apresentar a doença foi de 4,43 vezes maior em comparações às crianças sem HMI. Conclui-se que, embora a estrutura familiar não tenha tido uma influência na ocorrência de cárie na população investigada, aspectos sócio-econômicos da família, mostraram-se preditores da doença, bem como a presença de HMI."