Objetivou-se avaliar a associação entre parâmetros oftálmicos selecionados e parâmetros cranianos, bem como índices craniométricos, e sua associação entre os índices morfométricos. Trinta e seis cães Shih Tzu, totalizando 72 olhos. Uma série de testes oftálmicos e craniométricos foi realizada para cada cão: fissura palpebral (FP); fissura palpebral relativa (FPR); sensação tátil da córnea (STC); altura do menisco lacrimal (AML); comprimento do focinho (A-B); comprimento do crânio (B-C); largura do crânio (L); índice cefálico (IC); índice craniano (ICr); razão craniofacial (RCF). Um total de 72 olhos foram avaliados, com uma mediana de 30 milímetros (mm) (IC 95% 28,00:31) para largura palpebral; 26,63 (IC 95% 24,16:29,55) para largura palpebral relativa (LPR); 3,00 (IC 95% 1,50:4,50) para sensação tátil da córnea; e 0,67 (IC 95% 0,50:1,08) para altura do menisco lacrimal. Para os parâmetros craniométricos, o comprimento do focinho apresentou uma média de 26,09 ± 7,38 mm; 112,2 ± 15,89 mm para o comprimento do crânio; 156,3 ± 14,28 mm para a largura do crânio; 1,41 ± para o índice cefálico; 1,13 ± 0,14 para o índice craniano, e 0,23 ± 0,07 para a razão craniofacial. As correlações entre parâmetros craniométricos e oftálmicos variaram de fracas a moderadas. Uma associação positiva e significativa foi encontrada entre STC e comprimento do focinho (r = 0,41, P = 0,01), FP e FPR (r = 0,37, P = 0,002), FP e AML (r = 0,23, P = 0,04), e também FP e RCF (r = -0,39, P = 0,02). As associações entre índices e parâmetros morfométricos foram moderadas a fortes, com uma associação significativa entre LPR e comprimento do crânio (r = -0,86, P < 0,001), FPR e largura do crânio (r = -0,37, P = 0,02), índice cefálico (r = 0,71, P < 0,001), e índice craniano (r = 0,73, P < 0,001). A largura do crânio e o comprimento do crânio estavam associados (r = 0,45, P = 0,005), assim como o índice cefálico e o índice craniano (r = 0,86, P < 0,001) e a razão craniofacial e o índice cefálico (r = 0,36, P < 0,001). A idade estava associada com STC (r = -0,44, P = 0,007) e FPR (r = 0,42, P = 0,01). Observou-se que, nos cães Shih Tzu, a sensibilidade corneana está associada com o comprimento do focinho e a idade, o grau de braquicefalia está associado com a largura palpebral e também à AML. Os índices craniométricos mostram associações entre si, bem como entre características craniométricas, fornecendo alternativas viáveis e distintas para a classificação menos subjetiva dos cães Shih Tzu como braquicefálicos.

Introdução: O leite possui em sua composição nutrientes essenciais para a saúde humana. Dentre eles estão lipídios, carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais. As bactérias lácticas são responsáveis por realizar o processo de fermentação, esse processo também é de grande interesse para as indústrias alimentícias, pois, por meio dele é possível aumentar o tempo de prateleira dos produtos e protegê-los contra patógenos. Os probióticos são benéficos á saúde humana, pois realizam manutenção na flora intestinal, fortalecem o sistema imunológico, realizam proteção contra patógenos e ainda agregam valor nutricional aos produtos que foram inseridos. Para que uma bacteria láctica seja considerada probiótica é necessário que ela seja segura, apresente resistência a passagem pelo trato gastrointestinal (TGI), apresente atividade antimicrobiana e capacidade de ser aderir ao epitélio intestinal. O L. Plantarum apresenta uma excelente resistência as condições enfrentadas durante a passagem pelo TGI. As matrizes lácteas também são excelentes matrizes, pois aumentam a resistência e protegem os probióticos durante a passagem pelo TGI. Apesar de apresentar alta tolerância ao TGI, o L. Plantarum não consegue se desenvolver adequadamente no leite, pois não consegue utilizar de forma eficiente os substratos presentes no leite. Uma forma de aumentar a viabilidade do L. Plantarum no leite é fornecer substratos necessários por meio de suplementações com fontes de aminoácidos e açúcares. A farinha de grão-de-bico é fonte de proteína, aminoácidos essências, minerais, fibras e carboidratos. Objetivo: Avaliar as características físico-químicas e microbiológicas do leite fermentado com os potenciais probióticos Lactobacillus plantarum S180.7 e Lactobacillus plantarum SBR64.7, enriquecido ou não, com 4,5 % de farinha de grão-de-bico. Metodologia: Para elaboração das formulações foi utilizado leite desnatado reconstituído (LDR) a 10%, sacarose e farinha de grão-de-bico. As seguintes formulações foram obtidas: (i) (FC1) LDR a 10% (100%) + 10% de sacarose + L. plantarum S180.7 log UFC/mL; (ii) (FT1) LDR 10% (95,5%) + 10% de sacarose + L. plantarum S180.7 log UFC /mL + farinha de grão-de-bico (4,5%); (iii) (FC2) LDR a 10% (100%) + 10% de sacarose + L. plantarum SBR64.7 log UFC /mL; (iv) (FT2) LDR 10% (95,5%) + 10% de sacarose + L. plantarum SBR64.7 log UFC /mL + farinha de grão-de-bico (4,5%). As características físico-químicas e microbiológicas foram avaliadas em todas as formulações. Resultados: A adição de 4,5 % de farinha de grão-de-bico ocasionou valores significativamente menores (P<0.05) de pH e valores significativamente maiores (P<0.05) de acidez titulável e SST durante a fermentação de 24 horas, em relação as formações controle. Não houve diferença significa (P<0.05) entre as formulações em relação ao teor de proteína, já em relação aos teores de carboidratos e cinzas, a adição de 4,5 % de farinha de grão-de-bico ocasionou valores significativamente maiores (P<0.05). Durante o armazenamento refrigerado, a adição de 4,5 % de farinha de grão-de-bico ocasionou valores significativamente menores (P<0.05) de pH e SST e valores significativamente maiores de (P<0.05) de acidez titulável e viabilidade em relação as formações controle. Além disso, as formulações com a adição de 4,5 % de farinha de grão-de-bico apresentaram uma melhor estabilidade no 28º dia de armazenamento. Não houve diferença significativa (P<0.05) em relação a sobrevivência dos potenciais probióticos L. plantarum S180.7 e SBR64.7 sob condições simuladas in vitro do TGI. A adição de 4,5 % de farinha de grão-de-bico ocasionou valores significativamente maiores (P<0.05) de fenólicos totais, durante a fermentação (24 horas) e armazenamento (0 e 28 dias). Conclusão: A adição de 4,5 % de farinha de grão-de-bico aumentou e manteve a viabilidade dos potenciais probióticos L. plantarum S180.7 e SBR64.7 durante o armazenamento de 28 dias, reduziu a sinérese durante armazenamento e aumentou o teor de fenólicos totais durante a fermentação (24 horas) e armazenamento (0 e 28 dias).

A córnea, avascular e translúcida, exerce fundamentalmente os papéis de proteção e refração ocular, devido a sua ultraestrutura altamente especializada. É composta histologicamente pelo epitélio, estroma, membrana de Descemet e endotélio. A manutenção estrutural e funcional da córnea está diretamente ligada à função refrativa, sendo a córnea responsável por cerca de 80% do poder refrativo dos olhos. Disfunções e opacidades em qualquer meio de refração - córnea, humor aquoso, lente e o humor vítreo - interferem na formação das imagens.

                 Afecções corneanas são frequentemente diagnosticadas em cães e gatos. Dentre tais afecções estão as ceratites ulcerativas profundas e as perfurações corneanas, são frequentemente diagnosticados como causas mais comuns de tais lesões em cães, as anormalidades palpebrais e de cilíos como, entrópio, triquíases, distiquiases, cílios ectópicos, bem como, os traumas por arranhaduras, abrasões, queimaduras químicas e corpos estranhos. Em gatos, o sequestro corneano é elencado como uma das principais afecções que potencialmente podem levar a déficit visual.

                 Na busca por uma alternativa eficaz para preservação da acuidade visual de cães, os transplantes de córnea têm sido estudados na oftalmologia veterinária, pois geralmente favorecem uma melhor cicatrização e, consequentemente, redução de opacidades pós-operatórias e defeitos na curvatura da córnea.

                  No entanto, embora a córnea seja considerada um dos melhores tecidos para ceratoplastias penetrantes, discos corneanos frescos nem sempre estão disponíveis na rotina clínica. Além disto, verifica-se uma escassez de estudos na Medicina Veterinária quanto à preservação deste tecido e aos métodos de conservação que permitam seu armazenamento. Este estudo visa analisar por técnicas de microscopia de luz, microscopia eletrônica de transmissão e varredura, córneas caninas sadias preservadas a frio em meio Eusol-C^® a 4ºC e, amostras criopreservadas. Bem como, avaliar o impacto do sequestro corneano na estrutura e função da córnea felina.

A ressincronização de estro em ovinos é uma biotécnica reprodutiva recente que se mostrou eficiente para melhorar as taxas de concepção na estação reprodutiva, diminuindo o intervalo entre inseminações. Os estudos vêm utilizando a técnica com a inseminação artificial (IA) pelo método cervical superficial com sêmen fresco, entretanto, a inseminação artificial por laparoscopia com sêmen congelado amplifica o emprego do melhoramento genético. Neste estudo objetivou-se aumentar a taxa de concepção de ovinos ao final da estação de monta utilizando protocolos de ressincronização de estro com auxílio do ultrassom (US) color Doppler. Ovelhas Santa Inês (n=183) foram distribuídas aleatoriamente em 3 grupos: Controle (n=36) foram colocadas para monta natural com dois carneiros durante 60 dias, 30 dias após a retirada dos carneiros foi realizado o diagnóstico de gestação. O grupo Re-sync (n=72) e Doppler (n=75) foram sincronizadas para inseminação artificial por laparoscopia com sêmen congelado 50 horas após a retirada do implante caracterizando o D0. No grupo Re-sync foram realizadas duas inseminações com ressincronização após 23 dias da primeira IA e com diagnóstico gestacional (DG) aos 30 dias após a inseminação, onde as fêmeas vazias eram inseminadas novamente. No grupo Doppler as ovelhas foram ressincronizadas dez dias após a primeira inseminação, e o diagnóstico de gestação precoce realizado aos 17 dias com auxílio da ultrassonografia Doppler, totalizando três inseminações em 42 dias, com confirmação do DG 30 dias após a IA. Nas taxas de concepção finais, o grupo Controle (83,33%) foi superior (P<0,05) aos grupos Re-sync (29,16%) e Doppler (21,33%), semelhantes entre si (P>0,05). No houve diferença entre o diagnóstico precoce de gestação e o confirmatório realizado em D30, confirmando os diagnósticos realizados precocemente. Quanto a frequência dos graus de irrigações do corpo lúteo (CL) os graus 1 e 4 foram os que tiveram maior ocorrência. Os diagnósticos precoces, que não foram confirmados com 30 dias, podem estar associados a falha da sincronização no protocolo utilizado, já que ambos os grupos de inseminação foram semelhantes na taxa final de concepção. São necessárias melhorias nos protocolos para melhorar as taxas finais de concepção dentro de uma estação reprodutiva, tornado a ressincronização de estro associada com a inseminação artificial em ovinos viável. 

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível e cujo principal reservatório sentinela é o primata não humano (PNH). Este estudo buscou descrever e analisar a vigilância de primatas não humanos (PNHs) no Distrito Federal (DF) no período de 2008 a 2022, no contexto do Programa Nacional de Vigilância da Febre Amarela. No Brasil, a vigilância de epizootias em PNHs iniciou seus registros em 1999 e a partir de 2006 a morte ou adoecimentos de PNHs passou a ser de notificação compulsória em todo território nacional. No DF, a vigilância de epizootias em PNHs iniciou seus registros em 2008 a partir de casos humanos confirmados e o aumento de notificações de PNH mortos. Foram registradas 1.175 epizootias de PNHs no DF, envolvendo 1.353 animais, e a confirmação para a febre amarela ocorreu em 1,7% das notificações. Foi característica da febre amarela no período do estudo, três períodos epizoóticos: 2008, com casos humanos, PNHs e vetores confirmados; 2015 e 2020, somente PNHs confirmados. A vigilância de primatas não humanos revelou a participação de outros agentes etiológicos possivelmente envolvidos nas epizootias notificadas e destaca o potencial de contribuição dessa ferramenta de vigilância para outras causas infecciosas de importância em saúde pública. A estratégia de vigilância animal permitiu detectar áreas de circulação do vírus da FA e orientar as campanhas de vacinação, principalmente, em situações de surto, prevenindo casos humanos da doença e demonstrando sua utilidade e contribuição para a vigilância da FA. Essa estratégia de vigilância deve ser fortalecida e aprimorada considerando a posição estratégica do DF, em relação aos corredores de dispersão do vírus da FA, e suas outras finalidades como contribuir para a vigilância de outras doenças com importante interface da saúde humana e saúde animal. 

Assim como a maioria dos psitaciformes, a espécie Amazona aestiva não possui dimorfismo sexual. Dessa forma, métodos de sexagem vêm sendo investigados para auxiliar no manejo reprodutivo e medicina dessas aves. O objetivo desta pesquisa foi avaliar dados biométricos de cabeça e a biometria radiográfica na determinação do sexo de A. aestiva. Foram utilizadas 52 carcaças, sendo 24 machos e 28 fêmeas, das quais foram obtidas seis medidas de cabeça com o auxílio de um paquímetro e 23 medidas radiográficas. Os dados foram tabulados e as estatísticas foram realizadas via programas Microsoft Excel, Bioestat 5.3 e IBM SPSS Statistics. Os machos apresentaram médias maiores do que as fêmeas em todas as medidas, exceto para o comprimento de pelve. A maior correlação de medidas na biometria de cabeça foi entre comprimento de rinoteca e largura de cabeça, enquanto na biometria radiográfica de cabeça foi comprimento de rinoteca e comprimento de cabeça com rinoteca. Para biometria de cabeça, a função discriminante criada pela correlação biométrica determinou valores positivos para machos e negativos para fêmeas, com nível de precisão de 71,7%, enquanto para a biometria radiográfica, a função também apresentou valores positivos para machos e negativos para fêmeas, mas com nível de acertos superior, de 87,5%. Esse estudo demonstrou que há diferenças biométricas entre machos e fêmeas de A. aestiva, com maior confiabilidade de resultados com medidas radiográficas, que podem ser utilizadas na rotina como método de sexagem de baixo custo e de resultado imediato.

Cada estrutura ocular sofre variações não só entre as classes de vertebrados, mas também entre as ordens aviárias, correlacionadas com seus diferentes hábitos e habitat, a exemplo da córnea. Este trabalho descreveu as estruturas histomorfométricas da córnea das seguintes aves: Asio stygius, Crotophaga ani, Pitangus sulphuratus, Turdus rufiventris, Ramphastos toco, Rhea americana, Ara macao, Nyctidromus albicollis e Nyctibius griseus; todas habitantes da região Centro-Oeste brasileiro. Adicionalmente, avaliaram-se as características do endotélio corneano do Nyctidromus albicollis, por meio da microscopia eletrônica de varredura. Os resultados nos permitiram observar que a composição da córnea é a mesma em todas as aves, mas diferem entre si na espessura das camadas corneanas, na espessura entre as regiões centrais e periféricas, e no número de camadas epiteliais. Estes resultados auxiliam na compreensão da fisiologia da visão e das exigências visuais destas espécies, favorecendo esforços em prol da sua conservação, bem como na interpretação de alterações patológicas da córnea das aves.

Tripanossomatídeos são protozoários flagelados, unicelulares, apresentam distribuição mundial e são capazes de parasitar várias espécies de animais, inclusive o homem. Os gêneros Leishmania e Trypanosoma vem sendo descritos em répteis, incluindo lagartos. No Cerrado, estima-se que 241 espécies de lagartos participem da herpertofauna, ocupando a segunda posição do bioma mais rico em lagartos no Brasil. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a presença de agentes da família Trypanosomatidae em amostras de sangue de lagartos do gênero Tropidurus por meio da Nested PCR e pesquisa direta em esfregaço sanguíneo. Foram testadas 81 amostras de sangue de lagartos do gênero Tropidurus, distribuídos em 3 espécies: T. oreadicus, T. semitaeniatus e T. itambere, do banco de amostras de DNA e de esfregaços sanguíneos do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Brasília. As amostras eram provenientes de duas regiões do Cerrado Brasileiro, na região da Serra das Confusões, localizada próximo ao município de Redenção do Gurgueia no estado do Piauí e na Reserva Ecológica do IBGE localizado em Brasília, Distrito Federal. Das 81 amostras testadas, 33 (40,7%) foram positivas na PCR para o gene 18S rRNA, destas, 7 amostras eram da espécie T. itambere, e 26 amostras da espécie T. oreadicus. As 33 amostras foram negativas para Leishmania sp. na PCR. Nenhum destes agentes foi visualizado nos esfregaços sanguíneos. Este é o primeiro estudo a identificar Trypanosoma sp. em lagartos da espécie T. oreadicus e T. itambere no Cerrado.

A truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) é nativa da costa do Oceano Pacífico naa América do Norte e da Península Kamchatka da Rússia. As populações brasileiras de trutas arco-íris derivam de várias importações de países europeus e dos Estados Unidos, a partir dos anos 50. Um total de 377 amostras de reprodutores de nove diferentes cepas amostradas em cinco fazendas diferentes no Brasil foram genotipadas com um painel de 96 SNPs. A média das heterozigossidades observadas e esperadas foram de 0,406 e 0,398, respectivamente. Os níveis acumulados de consanguinidade variaram de Fis=-0,192 a 0,125. O Fst total foi de 0,172 e os valores Fst pareados considerando todas as linhagens variaram de 0,019 a 0,338. A árvore filogenética UPGMA gerada com as nove populações estudadas mostra dois grupos contendo Pops 1, 2, 3 e 7, e 5, 8 e 9, respectivamente, enquanto as cepas do Canadá (Pop6) e do norte da Califórnia (Pop4) formam grupos mais distantes geneticamente. As análises da estrutura genética resultante sugerem um melhor valor de K=2, embora o resultado para K=4 suporte melhor o padrão de estrutura genética observado na árvore filogenética. As análises de Estrutura e PCA indicam que as práticas de manejo em uma das fazendas foram eficientes na manutenção de cepas de reprodutores devidamente classificadas. A reclassificação dos animais analisados usando os resultados da Estrutura foi corroborada com as análises PCA e GeneClass2, fornecendo evidências de que análises avançadas com dados SNP de baixa densidade podem ser usadas para melhorar as práticas de manejo da fazenda e até mesmo corrigir erros anteriores. O presente estudo representa a primeira análise da diversidade e da estrutura genética das populações de trutas arco-íris cultivadas no Brasil utilizando marcadores SNP. Os resultados obtidos mostram que um painel de SNP previamente desenvolvido e validado com amostras dos EUA pode ser usado como uma ferramenta eficiente no estudo e gerenciamento da truta arco-íris produzida no Brasil.

O Cerrado apresenta-se como a maior savana do mundo em biodiversidade, com uma herpetofauna abundante e rica em endemismo, porém carente de informações sobre microorganismos que parasitam sua fauna. O filo Apicomplexa, alberga as principais famílias de hemoparasitos que realizam infecção em répteis, dentre elas destacam-se os grupos das hemogregarinas e dos hemosporídeos. Com o objetivo de determinar a ocorrência de hemoprotozoários em lagartos de vida livre do Cerrado brasileiro, por meio da abordagem taxonômica integrativa, o presente estudo analisou por meio microscópico e molecular amostras de sangue de 302 lagartos oriundos do Distrito Federal, Piauí e Mato Grosso. As amostras foram submetidas à Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) direcionada aos genes 18S rRNA e cyt b para detecção de parasitos pertencentes às hemogregarinas e hemosporídeos, respectivamente. Foram identificadas 27 amostras positivas na PCR com 8 lâminas positivas na microscopia óptica para hemogregarinas e 61 amostras foram positivas na PCR, incluindo 18 com resultado concordante  na microscopia para o grupo dos hemosporídeos. No total, 22 amostras foram sequenciadas, incluindo 6 amostras de hemogregarinas e 16 de hemosporídeos. As análises moleculares e filogenéticas demonstraram a detecção de pelo menos uma nova espécie de Hepatozoon sp. infectando T. semitaeniatus, com o primeiro relato nessa espécie. Novos isolados de H. ameivae em  Ameiva ameiva e a obtenção da primeira rede de haplótipos entre sequências de Hepatozoon spp. de roedores e répteis, que apontam a possibilidade de fluxo gênico entre populações de diferentes unidades federativas e validam a existência de diferenciação genética entre essas ordens. Para o gênero Plasmodium foi observada uma notável diversidade de espécies infectando lagartos do Cerrado, com a identificação de novos isolados de P. ouropretensis, P. t. tropiduri, P. Kentropyxi, P. carmelinoi e P. azurophilum com presença de marcada diversidade interespecífica também observada para algumas espécies. Inclui-se neste estudo  a descrição de uma nova espécie de Plasmodium sp. a partir de uma análise robusta abrangendo seis isolados e duas espécies hospedeiras.  Este estudo é o primeiro e o mais extenso levantamento de hemoprotozoários em lagartos realizado no bioma Cerrado. O trabalho documenta parte da diversidade de parasitos da região, novos dados sobre espécies, distribuição geográfica, fluxo gênico e hospedeiros, trazendo importantes contribuições para a sociedade científica e fomento para estudos futuros, no  intuito de elucidar lacunas existentes e melhor entendimento deste bioma.