"O papel da melanina e da Lacase 1 de Cryptococcus neoformans na inflamação e morte de macrófagos humanos".
Criptococose, Cryptococcus neoformans, melanina, lacase 1, macrófagos, infecção, imunidade, inflamação, morte celular
A criptococose é uma doença infecciosa causada por fungos do gênero Cryptococcus, sendo C. neoformans a infecção mais comum e disseminada em todo o mundo. Estima-se que 152.000 novos casos de criptococose surjam anualmente, dos quais 73% desses casos levam ao óbito do indivíduo. C. neoformans é capaz de produzir melanina para se proteger de estresses ambientais, mas também se tornou um dos fatores de virulência do agente etiológico mais relevantes, facilitando a infecção. A produção de melanina é possível devido à presença da enzima lacase 1 (LAC1) nesses fungos. No entanto, o papel da melanina e da lacase 1 na inflamação e morte da célula hospedeira permanece incerto. Portanto, neste trabalho investigamos se a presença de melanina e lacase 1 poderia interferir em mediadores inflamatórios produzidos por macrófagos humanos e, consequentemente, em sua morte. Pudemos notar que tanto a presença de melanina quanto a ausência de LAC1 causaram menor fagocitose por macrófagos de C. neoformans, porém, não alterou o número de leveduras por célula. Além disso, a infecção por C. neoformans causou mais morte celular, e a ausência de melanina e LAC1 induziu ainda mais morte após 24 horas. Investigando qual tipo de morte é desencadeada pelo agente etiológico, descobrimos que na infecção precoce (5 h.p.i) mais apoptose é induzida com a interação, enquanto na infecção tardia a apoptose é bastante reduzida e a morte lítica é o tipo de morte predominante. A presença de melanina e de LAC1 causaram mais morte lítica. Como a infecção por C. neoformans, assim como a presença de melanina e LAC1 causaram mais morte celular, avaliamos se essa morte poderia ser desencadeada pela ativação de inflamassomas. É possível visulizar que na infecção inicial (5 h.p.i) havia clivagem e ativação da caspase 1 (CASP1) e gasdermina D (GSDMD), que foi mais pronunciada na infecção tardia (24 h.p.i). No entanto, uma maior ativação da caspase 8 (CASP8) é observada na infecção precoce quando, principalmente quando LAC1 está ausente, em comparação com CASP1, enquanto na infecção tardia houve ativação massiva de CASP1 e não é possível mais ver CASP8 sendo ativada. Isso poderia explicar o aumento da apoptose no início da infecção a prevalência de morte lítica em macrófagos humanos em momentos mais tardios. Portanto, concluímos que C. neoformans é capaz de induzir a morte celular em macrófagos humanos durante a infecção, desencadeada pela ativação do inflamassoma, e seus fatores de virulência podem alterar esse processo.