"O pastoreio do gado deveria ser liberado em Cerrado nativo? Resultados ecológicos em uma savana no Brasil Central".
Cerrado brasileiro, Integridade ecológica, Manejo do fogo, Reserva legal, Pastagens nativas, Manejo sustentável.
Há um debate com suporte científico limitado sobre a viabilidade de permitir o pastoreio de gado em savanas em terras privadas do Brasil como uma ferramenta para adicionar valor à conservação e prevenir incêndios intensos, reduzindo a carga de combustível. Avaliamos os impactos do gado na estrutura da vegetação, riqueza e composição de espécies, e carga de combustível nas savanas de Cerrado. Amostramos três savanas em pares no Brasil Central: (G) pastagem a cada três meses, (U2.5) pastagem excluída por 2,5 anos, e (U) não pastada por pelo menos 30 anos. Amostramos a cobertura de espécies por meio de amostragem de interceptação linha-ponto e carga de combustível por meio de colheita, secagem e pesagem de resíduos e vegetação até 6mm de diâmetro do caule. Não houve diferenças entre os locais na cobertura de vegetação acima de 2m de altura. Abaixo de 2m, a cobertura vegetal era três vezes mais densa em U do que em G e intermediária em U2.5. Os gramíneos tiveram a maior cobertura absoluta e foram mais altos em U2.5 (97%), seguidos por U (86%) e G (60%). A riqueza de espécies diminuiu de 133 spp em U para 100 spp em U2.5 e 96 spp em G. A carga de combustível foi 61% menor em G em relação a U. O impacto do gado foi relativamente baixo, mas para a riqueza de espécies, a vegetação se recuperou pela metade dentro de 2,5 anos. Dada a necessidade de promover atividades econômicas em Reservas Legais no Brasil e reduzir incêndios intensos em savanas excluídas do fogo, como fazendas privadas, as savanas de Cerrado têm o potencial de serem usadas como pastagens intermitentes. Regimes de pastagem variados e regiões devem ser estudados para confirmar a viabilidade de usar o gado como aliado na conservação.