Discriminação homofóbica nos ambientes militares: dimensões foucaultianas de análise
Homofobia militar. Dispositivo de sexualidade. Poder disciplinar
Sob o pretexto de coesão e ênfase na disciplina, a homofobia perpetrada nas instituições militares legitima e acentua a exclusão da homossexualidade, segundo um reiterado processo no qual proibições veladas dão lugar a séries de punições e perseguições dirigidas a militares homossexuais. Frente a este problema, o objetivo da pesquisa consiste em analisar práticas, discursos e saberes que perpassam a homofobia militar. Para tal, além da perspectiva histórico-crítica sobre a expressão da homofobia, são revisitadas as contribuições de Michel Foucault sobre o controle social e discursivo para produção da homossexualidade bem como sobre o exercício do poder disciplinar no microcosmo militar para produção de subjetividade. Mobiliza-se, ainda, conceitos afins aos estudos queer, os quais sublinham a primazia de dispositivos que continuamente inscrevem a masculinidade e a sexualidade em uma dinâmica heteronormativa. Argumenta-se que, embora a homofobia militar opere a partir de mecanismos repressivos, sua efetividade está em uma condição produtiva sobre a figura do homossexual, o qual é, paradoxalmente, conservado no interior destas instituições como ameaça ao laço homossocial masculino. Em âmbito metodológico, o estudo opera a partir da análise do discurso oriunda das ponderações ofertadas por Foucault e Fairclough. A contribuição da pesquisa está em visibilizar (e reduzir a lacuna sobre) uma temática ainda carente de reflexões no campo dos estudos organizacionais críticos nacionais.