A institucionalização da Economia Circular do desperdício de alimentos: Uma comparação entre Brasil (América do Sul) e Togo (África Subsaariana)
Economia Circular; Desperdício alimentar; Sustentabilidade; Teoria Institucional; Organizações Não Governamentais; Restaurantes.
A Economia Linear (EL), herdada da Revolução Industrial do século XIX, chegou ao seu limite devido ao esgotamento dos recursos naturais. Nesse contexto, ainda é preocupante que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos sejam desperdiçados em todo o mundo a cada ano. Globalmente, o desperdício de alimentos representa desafios para governos, organizações internacionais e cientistas, com impactos negativos no meio ambiente e na segurança alimentar. Devido ao aumento das taxas de desperdício e à complexidade do abastecimento de alimentos em todo o mundo, a transição da cadeia de suprimentos alimentar rumo à Economia Circular (EC) é essencial para um sistema alimentar sustentável. A EC trata da revalorização de resíduos para serem utilizados como matérias com valor agregado. É uma economia sustentável recomendada por países desenvolvidos e atualmente está sendo expandida em países em desenvolvimento. Este estudo visa analisar a mitigação do desperdício alimentar em restaurantes e sua valorização por ONGs em Brasília (Brasil/América do Sul) e Lomé (Togo/África Subsaariana) sob a ótica da Economia Circular e da Teoria Institucional. Neste contexto, foi realizado um estudo quanti-qualitativo, por meio da percepção dos atores de restaurantes e ONGs em ambos os países. Os questionários foram encaminhados via redes sociais e em formato impresso, aos participantes da pesquisa. A comparação dos dados ocorreu por meio da análise de conteúdo e da triangulação. Ressalta-se que a Teoria Institucional foi proposta como lente teórica para a convergência isomórfica de práticas circulares e fornece uma análise aprofundada das pressões institucionais que podem facilitar sua implementação. Os resultados apontam para a necessidade de uma abordagem holística e sistêmica para sistemas eficazes de gerenciamento de desperdício de alimentos, com base em uma teoria consolidada, incluindo o desenvolvimento de definições uniformes de perda e desperdício de alimentos, além de dados acessíveis e comparáveis de desperdícios alimentares. No entanto, mais pesquisas consistentes no campo de EC dos desperdícios alimentares nos países em desenvolvimento ainda são necessárias. Além disso, a conscientização dos atores; a colaboração entre os atores; o apoio financeiro; e a presença de instituições fortes e apropriadas em todos os níveis são essenciais. Adicionalmente, foi observada pouca adoção de estratégias de EC nos restaurantes e áticas de gerenciamento de resíduos semelhantes à EC nas ONGs. Este estudo contribui para o avanço científico, visto que foram identificadas lacunas de pesquisa que podem direcionar estudos futuros e políticas públicas nesse âmbito. Por fim, ressalta-se que esta pesquisa ainda pode trazer ganhos econômicos, sociais e ambientais principalmente no contexto de países em desenvolvimento, tendo em vista a revalorização dos resíduos. Ademais, esses ganhos podem servir como pontos de discussão na implementação de medidas que mitiguem o desperdício alimentar