MASCULINIDADES NEGRAS: UM CAMPO EM CONSTRUÇÃO
masculinidades negras; interseccionalidade; violência; genocídio;
bibliometria
Diante da dificuldade da sociologia da violência em proporcionar explicações
que considerem apropriadamente a influência do racismo na realidade violenta urbana brasileira, este
trabalho tem como horizonte oferecer os estudos sobre masculinidades negras como um caminho
alternativo, sustentado sobre base epistemológica do encontro colonial e da interseccionalidade,
podendo proporcionar argumentações que supram as lacunas que hipoteticamente impedem os estudos
sobre violência e segurança de ultrapassar as constatações sobre a histórica vulnerabilidade da
população negra à violência, alcançando chaves explicativas sobre como o racismo fundamenta esta
vulnerabilidades. Antes, contudo, é preciso organizar um estado da arte sobre o tema das
masculinidades negras no Brasil, pois sob a hipótese de que o tema aqui estudado ainda não constitui
um campo de pesquisa estruturado, sem coesão teórica ou metodológica expressivas, realizo um estudo
bibliométrico sobre o tema “masculinidades negras” nas revistas científicas brasileiras ranqueadas
como CAPES Qualis A. A bibliometria compreendeu 685 textos, publicados entre 2013 a 2023,
submetidos a uma série de filtros, resultando numa seleção 56 artigos científicos de maior relevância
e performance acadêmica, dos quais foram extraídos metadados bibliográficos e textuais. Os resultados
apontam para um crescimento do tema nas revistas de maior ranque nos sistema Qualis CAPES, mas
que ainda apresenta expressiva coesão teórica, apesar de ser possível notar certa prevalência de
arcabouço teórico dos estudos feministas, e de práticas metodológicas dos campos de pesquisa social
sobre educação. Existe um grupo pequeno de homens pesquisadores responsável por impulsionar
dossiês, pesquisas em coautoria e outras formas de promover o tema nos espaços acadêmicos, e em geral, há um aumento no número de homens pesquisadores sobre o tema, ultrapassando o número de mulheres pesquisadoras do tema, principalmente após 2019.