OS INCONSCIENTES NO ENSINO E NA FILOSOFIA DE BERGSON (1885-1896)
Bergson, H.; Filosofia francesa contemporânea; Inconsciente.
Psiquiatria dinâmica; História do ensino de filosofia.
Esta tese busca compreender o movimento do pensamento do filósofo francês Henri
Bergson em torno da noção de inconsciente por meio de uma leitura de suas primeiras
obras filosóficas e dos registros de seu ensino entre os anos de 1885 a 1896. Procuramos
contextualizar tal leitura interna ao corpus bergsoniano ao remetê-la ao quadro mais
amplo das diferentes tradições discursivas sobre o inconsciente estabelecidas no século
XIX e ao contexto particular do espiritualismo francês. Tomamos como ponto de partida
os primeiros registros do ensino de filosofia ministrado por Bergson nos quais manifesta-
se uma recusa à aceitação da própria noção de fatos psicológicos inconscientes.
Procuramos então mostrar que tal posição coadunava-se com a expressa nos principais
manuais escolares da época. Buscamos destacar também o interesse de Bergson pelo
hipnotismo e a influência que a psiquiatria dinâmica exerceu sobre seu ensino e sua
filosofia. Em nossa leitura do Ensaio sobre os dados imediatos da consciência,
defendemos que a obra propõe uma espécie de solução de compromisso sobre a questão
da unidade do Eu, tema diretamente relacionado aos debates sobre o inconsciente da
época: ao mesmo tempo em que preserva de direito essa unidade, reconhece-se de fato a
sua pluralidade. Também procuramos mostrar que as teses defendidas nessa obra
possibilitaram a Bergson reformular o problema do inconsciente no âmbito do seu ensino.
Já em nossa leitura de Matéria e Memória, destacamos a defesa que Bergson faz da
ocorrência de percepções inconscientes, comparando suas formulações com a teoria das
petites perceptions de Leibniz, bem como da existência de fatos psicológicos
inconscientes. Por fim, nos dedicamos a mapear os diferentes inconscientes delineados
nessa obra e a indicar suas respectivas naturezas, procurando mostrar como as
teses desenvolvidas por Bergson restauram a unidade do Eu.