PRÁTICAS DO ESPAÇO NAS NOITES DE BRASÍLIA: uma homotranscartografia do centro do Distrito Federal (1970-2000)
Travestis, Gays, Espaço, Territorialidades, Brasília.
A presente tese de doutorado em História Social buscou construir uma homotranscartografia, visando refletir e explicar como as práticas cotidianas de travestis e gays ressignificaram e incorporaram novos sentidos ao centro do Plano Piloto de Brasília, Distrito Federal, durante as décadas de 1970, 1980 e 1990. Para sua construção, realizou-se a análise de textos legais, de publicações do Correio Braziliense e a condução de entrevistas com duas travestis, Danny Wonderful e Bethynha Surfistinha, e um homem gay conhecido por M@na Vida, que desempenharam papéis importantes nessa região da cidade. As reflexões presentes neste estudo buscaram questionar os sentidos e significados negativos que frequentemente afetavam essas pessoas, suas reivindicações territoriais, experiências e histórias, submetendo-as à violência simbólica e à violação de seus direitos fundamentais. As experiências compartilhadas pelas pessoas entrevistadas possibilitaram a compreensão da dinâmica construtiva do novo desenho e processo de ocupação e ressignificação do espaço em Brasília. O diálogo estabelecido com essas fontes foi enriquecido por meio da interlocução com diversos aportes teóricos, com destaque para as “práticas do espaço ou espaços praticados”, de Michel de Certeau; as “territorialidades itinerantes”, conforme definidas por Néstor Perlongher; além dos conceitos de “estigma e comportamento desviante”, formulados por Gilberto Velho, bem como diversos trabalhos publicados por membros das duas comunidades. Desta forma, a presente tese busca ser uma contribuição à consolidação e afirmação da História da População LGBTQIA+ no Brasil, bem como uma história do DF para além das baixas expectativas muitas vezes impostas à chamada história regional.