Projeto Pedagógico do Curso

O perfil do egresso do curso de Licenciatura em Artes Visuais EaD/UnB é o de um professor-artista-pesquisador que esteja preparado para suprir as necessidades regionais e locais do ensino de arte. A diversidade, característica de um curso que se oferta em diferentes regiões do país, é um elemento marcante e característico do profissional formado pelo curso. Ao optar por este curso, o discente estará buscando formação para atuar como professor de artes visuais, principalmente no Ensino Fundamental 2 e no Ensino Médio.

 

 

Em âmbito geral, e buscando-se organicidade com as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília (maio de 2003), adotamos, neste projeto pedagógico, o entendimento de que o profissional de educação em artes visuais diferencia-se por:

(i) ter uma sólida fundamentação dos conhecimentos da área pedagógica, integrada de maneira orgânica com os da sua área específica;

(ii) entender o processo de aprendizagem como um todo;

(iii) partir das relações pedagógicas que o estruturam, a fim de atuar como um profissional consciente e responsável.


Ademais, esse profissional prepara-se para: 


• desempenhar o papel de “catalisador” do processo educativo em todas as suas dimensões, não se restringindo a ser um mero transmissor de conteúdos, mas um profissional atento às relações éticas e epistemológicas que compõem o processo educacional;

• ser agente de transformações na realidade educativa, por meio da abordagem pedagógica do contexto social em que atua, dos recursos tecnológicos disponíveis e da busca constante de seu próprio aprimoramento;

• ser capaz de estabelecer um diálogo entre a sua área e as demais áreas do conhecimento que compõem a formação de seus alunos, proporcionando-lhes condições para estabelecer relações entre os saberes e a realidade, de forma a estimular-lhes a perceber as diversas dimensões dessas relações;

• refletir sistematicamente sobre seu cotidiano na sala de aula, convertendo-o em objeto de estudo e pesquisa para fundamentar seu processo de redirecionamento da prática pedagógica;

• interagir com outros profissionais da educação, estendendo sua prática na sala de aula ao conjunto de atividades que formam o contexto escolar no qual está inserido;

• compreender sua prática pedagógica como um desenvolvimento contínuo, composto tanto por descobertas profissionais quanto pessoais, e buscar constante aprimoramento.


Por fim, no âmbito das competências e habilidades específicas da área de Artes Visuais, espera-se formar profissionais para produzir, pesquisar e criticar as práticas e os fundamentos da Licenciatura em Artes Visuais e cuja formação contemple o desenvolvimento da percepção, da reflexão, do senso estético e do potencial crítico e criativo, dentro das especificidades do fenômeno da visualidade, que destacam a peculiaridade da amplitude do campo de formação do egresso diante de outras linguagens artísticas. O educador em artes visuais trabalhará com formas de saberes e conhecimentos específicos da visualidade, mas em interação com outras formas de percepção e conhecimentos estéticos. O espaço de atuação de educadores em Artes Visuais tem-se ampliado exponencialmente na última década, gerando fortes perspectivas de sustentação de espaços e alargamento de outras áreas afins. Os egressos do curso estão 12 capacitados para ensinar artes visuais em instituições públicas, privadas e não governamentais, atuar em instituições culturais no bojo de projetos de educação em espaços museais e, ainda, trabalhar em vários níveis de atuação, passando de tutores a supervisores e professores autores na modalidade de educação a distância. Muitos dos nossos egressos, atualmente, já operam como professores, pesquisadores e gestores em centros culturais, em órgãos e entidades governamentais e em ambientes virtuais de aprendizagem.

 

O projeto pedagógico do curso aqui apresentado é uma reformulação do projeto atualmente em vigor, do qual mantém os princípios gerais e o compromisso com a excelência na formação de professores de Artes Visuais. O que se altera em relação ao projeto anterior é essencialmente a metodologia de ensino aprendizagem, que passa a ser baseada em projetos, e o sistema informático comunicacional que viabiliza e sustenta essa metodologia. Esta reformulação foi cuidadosamente elaborada, ao longo de 2012, pelo Núcleo Docente Estruturante – NDE do referido curso, e foi atualizado em 2019 para acompanhar as mudanças efetuadas no PPC do curso de Licenciatura em Artes Visuais (modalidade presencial, turno diurno) do VIS/IdA.


Sob um enfoque mais operacional, a formação por meio de projetos assume as seguintes características:


- articula ensino/pesquisa/extensão;

- é desenvolvida no âmbito das diferentes áreas temáticas, cada qual envolvendo uma equipe de professores;

- é vivenciada ao longo do curso;

- culmina em um trabalho de conclusão de curso (TCC), que pode assumir diferentes linguagens, modalidades e formatos.

Nesse processo, os estudantes não estão sozinhos nem desamparados. Muito pelo contrário, contam com o apoio direto do corpo docente, formado por professores tutores e professores. Além desse apoio, o modo como os materiais didáticos e de consulta são concebidos e dispostos no ambiente virtual de aprendizagem corroboram para um aprendizado autônomo, interativo e, ao mesmo tempo, interdependente das relações construídas com os colegas e com os docentes. A metodologia baseada em projetos demanda envolvimento intelectual e 29 sensível, tanto dos discentes quanto dos professores e professores tutores, e essa demanda mostra-se, com o tempo, elemento fundador de uma dinâmica orgânica, ontológica, onde o conhecimento é construído, experimentado e aplicado na vida real.

A comunicação em rede mostra-se, nessa metodologia, essencial para a dinâmica das trocas, para a tomada de decisões e para a construção colaborativa de soluções que não são dadas a priori, mas inventadas a partir de conversas, de experimentações e da necessidade de concretização de algo de valor compartilhado. Alguma inspiração na rede social Facebook se faz sentir. Isso porque essa rede social ganhou enorme popularidade nos últimos anos e vem se mostrando extremamente eficiente no que tange à criação de laços sociais e de identificação entre pessoas espacialmente distantes entre si. Observamos que o curso requer maior interação desse tipo: interpessoal, imprevisível, aberta a contatos entre pessoas que não compartilham do mesmo pólo ou da mesma disciplina.

O aporte metodológico da Cultura Visual complementa essa proposta. Isso significa que imagens das mais diversas fontes e naturezas - da publicidade, da indústria cultural, da contracultura, da criação individual, da cibercultura etc - são estudadas como chaves de percepção psicológica, sociológica, antropológica, étnica, cultural, enfim. Por meio dessas imagens: mecanismos de funcionamento do imaginário coletivo vêm à tona e são discutidos; aspectos técnicos e tecnológicos da confecção contemporânea da representação visual são desvendados; o método semiótico de leitura (significação e interpretação) é experimentado; os estudantes são convidados a mergulhar em sua realidade imediata e observar seus pontos de encontro e de afastamento com o universo da Arte, sua densidade, seus mistérios. Com a Cultura Visual, o campo da Arteeducação amplia seus horizontes, abrindo-se para aspectos da vida cotidiana normalmente negligenciados pelas metodologias clássicas do estudo das artes.

 

As avaliações no curso de Licenciatura em Artes Visuais consideram prioritariamente as competências profissionais que constituirão as bases da formação dos professores. E, nesse sentido, devem ser:

 

I - periódicas e sistemáticas, com procedimentos e processos diversificados, incluindo conteúdos trabalhados, modelo de organização, desempenho do quadro de formadores e qualidade da vinculação com escolas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, conforme o caso;

II - feitas por procedimentos internos e externos, que permitam a identificação das diferentes dimensões daquilo que for avaliado;

III - incidentes sobre processos e resultados.

 

A avaliação tem como finalidade a orientação do trabalho dos formadores, a autonomia dos futuros professores em relação ao seu processo de aprendizagem 58 e a qualificação dos profissionais com condições de iniciar a carreira. (RESOLUÇÃO CNE/CP nº 2, de 2015).

A implementação deste projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Artes Visuais EaD/UnB estabelece, dessa forma, a necessidade de considerar algumas questões epistemológicas para caracterizar os processos de avaliação no contexto de ensino-aprendizagem. Sustentar essas considerações sobre o processo de avaliação amplia a reflexão acerca de questões de ensino aprendizagem pertinentes ao entendimento de novos parâmetros e demandas do mundo contemporâneo. Assim, é possível repensar as novas configurações sociais e as experiências do cotidiano, que trazem, a partir da contextualização dos saberes e práticas, uma possibilidade de ampliação da relação entre o sujeito e o conhecimento. Com essa perspectiva, a formação de professores em Artes Visuais deve não apenas promover um alargamento do conceito de sujeito e conhecimento, mas também uma reorganização dos métodos e das estratégias de ensino para transpor as distâncias acumuladas entre os saberes escolares e as experiências estéticas destes.

De acordo com as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília (maio de 2003), deve-se incentivar a “modificação profunda das práticas de formação e de ensino no sentido de ir além de reformas de currículos, grades e fluxos, [e] deve-se ter consciência das condições em nível da organização dos mecanismos que permitam a realização de procedimentos sócio-cognitivos adaptados às situações concretas.” (p. 4).

A proposta aqui apresentada tem o intuito de promover novas iniciativas. Considerando-se que os caminhos percorridos até então estavam estruturados em uma via de mão única, os rumos de agora devem ser pensados conjuntamente e em perspectiva, de modo que desvios, preferências, recursos e resultados possam atender a diferentes anseios. Assim, o processo de avaliação deve apresentar um caráter interativo e dialógico, em que a aprendizagem torna-se ativa e culmina em constante renovação, ora das necessidades cognitivas, surgidas a partir dos diferentes ambientes de reflexão e conhecimento, ora das diferentes modalidades associadas com a dinâmica da avaliação, entendida não apenas como forma de obter resultados, mas, sim, como maneira de apontar questões e procurar  respostas. Em outras palavras, a avaliação não deve se eximir de seu papel questionador e investigativo e tampouco existir apenas como um processo isolado do currículo, das ações de planejamento didático e de olhares multidimensionais.

Se, em diferentes instâncias do atual contexto educativo, a avaliação ainda é compreendida como um mecanismo de controle que estipula medidas de êxito ou fracasso, com ênfase classificatória, devemos aqui promover reflexões mais amplas sobre a formação dos sujeitos, a construção do conhecimento, as novas dinâmicas de ensino-aprendizagem em Artes Visuais, entre outras.

Para além de considerar a avaliação como mecanismo de mensuração ou descrição, em que o principal objetivo é classificar e determinar se metas estipuladas estão sendo atingidas em determinado programa de ensino, é possível conceber o processo avaliativo direcionado ao acompanhamento das etapas de desenvolvimento do conjunto sócio cognitivo, individual, que cada discente desempenha em face dos objetivos educacionais propostos. Essa concepção teria como característica principal a negociação que articula diferentes valores de modo a respeitar dissensos em processos interativos, abordagem essa que tem em vista uma dimensão crítica e humanista da avaliação, que considere as experiências e necessidades dos sujeitos envolvidos em contextos políticos, culturais e éticos mais amplos.

Esses aspectos referentes à intersubjetividade e à contextualização das relações delineiam cenários possíveis para o desenvolvimento de duas modalidades de avaliação: a diagnóstica e a formadora. A avaliação diagnóstica é um processo que favorece a investigação e o questionamento das ações realizadas, visando prover diferenciadas possibilidades futuras. Já a avaliação formadora caracterizaria o processo pelo qual educandos analisam de forma autocrítica seu próprio desempenho, pela produção de portfólios, exposições, reflexões teórico-conceituais e diálogos, além do acompanhamento, por etapas, do desenvolvimento sócio cognitivo citado anteriormente.

Essas formas de avaliação geram questões que merecem ser consideradas e demandam contínuos debates epistemológicos relativos à construção do conhecimento e à produção de sentidos em Artes Visuais. Como a avaliação não deve se eximir de seu papel questionador e investigativo, essas dinâmicas podem resvalar em forma de perguntas e julgamentos que considerem o currículo e as ações de planejamento didático, o que pode transparecer no questionamento:

 

• da forma como acontece a seleção de imagens para o contexto da sala de aula;

• do modo como essas imagens interferem na produção dos educandos;

• da qualidade dessa produção poética;

• da relação dessa produção poética com o contexto cultural mais abrangente;

• da relação entre os conteúdos curriculares e o repertório simbólico e a cultura visual do educando;

• dos diálogos visuais entre tradições eruditas e marginais;

• da influência das novas tecnologias na produção poética.

 

Fica aqui explicitada a abrangência do campo de atuação profissional do licenciado, especialmente na perspectiva da educação que contemple outros espaços de experiência e vivência da função formadora e, consequentemente, a possibilidade de avaliação, então entendida de modo ampliado quanto aos aspectos que permitam a observação da aprendizagem durante o processo de ensino que culmine em ações didáticas. Nesse sentido, o profissional da educação deve:

 

• desempenhar um papel singular no processo educativo em todas as suas dimensões;

• ser atuante nas propostas de transformação da realidade educativa por meio da abordagem pedagógica;

• ser capaz de estabelecer diálogos entre sua área e outros campos de conhecimento, que ampliem a formação de seus alunos;

• refletir sobre o seu cotidiano e as diversas formas de integração com o conhecimento e a prática pedagógica;

• compreender sua prática pedagógica em sintonia com outras descobertas, o que permitirá um constante aprimoramento profissional.

 

Pautada nessa perspectiva de formação do educador em Artes Visuais, a  avaliação é um meio de analisar e superar lacunas nas dinâmicas ensinoaprendizagem e ganha espaço determinante em relação às tomadas de decisão desse novo currículo. Aqui, coube pensar a avaliação como exercício reflexivo, mediado por questões atuais e determinantes para o bom funcionamento das demandas profissionais e pessoais, promovendo a capacidade de comunicação e perpetuação de saberes, do mesmo modo que pretende formar e informar sujeitos no longo caminho do ensino-aprendizagem no campo das Artes Visuais.

No processo de autoavaliação, a partir de 2012, os professores da Licenciatura em Artes Visuais do Departamento de Artes Visuais se uniram para a reformulação do novo PPC do curso. Nessa oportunidade, estudaram um currículo centrado em Projetos de Trabalho para integrar as disciplinas em base a Objetos de Aprendizagem que caracterizam este PPC. Para essa estrutura, idearam uma nova plataforma que servisse de forma mais dinâmica a proposta curricular. O projeto foi desenhado pelo professor Christus Nóbrega, do Departamento de Artes Visuais, e a professora Daniela Garrosini, do Departamento de Design. O projeto aguarda financiamento para sua implementação.

 

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